segunda-feira, 13 de maio de 2013

Boku wa Tomodachi ga Sukunai - V.01 / Cap.02


Capítulo 2 - Yozora [Download]
 Depois de sairmos da sala, segui Mikadzuki até a capela dentro da escola. É uma grande construção, com uma cruz decorada no teto. Dentro do prédio há salas para cerimônias como missas e casamentos. Há também as instalações básicas de uma igreja, como um confessionário. Finalmente, há locais para seminário e meditação. Uma delas, a “sala de encontros #4”, se tornou a sala de atividades do Clube dos Vizinhos. Era uma bela sala decorada no estilo ocidental, de tamanho de cerca de oito tatames. Havia uma pequena mesa redonda, sofás e uma pequena prateleira de metal nela. Esse lugar parecia mais com um bar do que com uma sala de encontros de uma igreja. Ao contrário de mim, depois de Mikadzuki entrar no quarto, ela imediatamente sentou relaxada no sofá. — …Nós realmente podemos usar essa sala? — O supervisor disse que está tudo bem, então é claro que sim. Mikadzuki respondeu como se fosse uma resposta óbvia. — Supervisor? Sim, esse era um clube reconhecido afinal; fazia sentido que um clube tivesse um professor consultor responsável por ele. Enquanto lentamente me sentei no sofá em frente a Mikadzuki, eu lentamente disse, — …Alguém está de fato disposto a ser um consultor para esse clube duvidoso... — Esse clube não é duvidoso. “De acordo com os ensinamentos do cristianismo, os membros do nosso clube almejam se tornar bons vizinhos com nossos colegas estudantes, aumentando os laços de amizade com eles e verdadeiramente se esforçando para serem pessoas melhores, adaptando-se às mais diversas situações”. Todas as atividades são feitas com a finalidade de buscar esse objetivo claro e notável. — Hmm, continua parecendo suspeito não importa quantas vezes eu ouça... Então, que tipo de pessoa veio para nos iluminar em como fazer amigos? — Irmã Maria-sensei. — O quê… Eu nunca tinha ouvido aquele nome. Como uma escola cristã, havia alguns membros do clero enviados pela igreja aqui. Eles eram em sua maioria professores para as aulas de Teologia e Ética. Como eu não era muito interessado no que a cristandade tinha a dizer, não peguei nenhuma dessas matérias. De início, achei que conseguiria ter uma vida escolar livre de freiras. Fiquei surpreso ao descobrir que me relacionaria com elas no lugar menos esperado. — Uma freira chamada Maria, hein… Sinto que tem alguma coisa nisso. Não tenho certeza, mas acho que serei capaz de aprender muitas coisas com ela. — Aah, isso é só na sua imaginação. Mikadzuki afirmou. — …Minha imaginação? — …Maria-sensei também não tem amigos. Eu achei que ela tinha acabado de apontar uma falha crítica em seu plano. — P-por que você escolheria alguém assim para ser a consultora? — Sou terrível em falar com pessoas que têm muitos amigos… Mas eu posso falar normalmente com pessoas que não têm amigos, como você, Kodaka. Yozora Mikadzuki. Ela era uma personagem mais lamentável do que eu jamais pensei que fosse possível.
— …Em outras palavras, você não teve escolha fora buscar ajuda de um professor que está na mesma situação que você? — Isso mesmo. Ela orgulhosamente e imperiosamente se relaxou no sofá. — Ah, bem, seria um saco passar o tempo com um professor chato nos dando sermão. Acho que esse é o preço a se pagar por conseguir que ela concordasse em nos deixar usar essa sala de encontros. — …Essa é uma maneira de interpretar o que ela disse. Ela aceitou por hora. — Então, que tipo de preparações concretas para o clube você tem em mente? — Antes disso precisamos arranjar mais membros — Mikadzuki respondeu. — Aah, entendo… Como o motivo para ela tentar fazer amigos com esse clube é para não ter pessoas achando que ela é solitária, conseguir mais membros é naturalmente sua prioridade máxima. Eu, no entanto, achava que o critério para se fazer amigos deveria ser “qualidade acima de quantidade”. Mikadzuki tirou um rolo de papéis de sua bolsa. — Primeiro vamos fazer um pôster de recrutamento. — Ok. Ela terminou até que rápido. Mikadzuki me entregou um deles. — Eu acho que fiz bem. — Hmm. Dei uma olhada.
— … E fiquei pasmo. Como eu deveria descrever... É aquela coisa; sim deve ser aquela coisa. Para resumir isso, o pôster é de fato “algo”. — …O que é isso? — É um anúncio, dã. Eu vou colocar isso no quadro de avisos da escola agora. — Eh… Quando ela viu minha cara de incredulidade, ficou triste e perguntou: — …O quê, você acha que há algum problema? — Eu não consigo entender como você não vê o que há de errado com isso. O pôster nem diz para que serve o clube. Você não vai conseguir recrutar ninguém com esse pôster. — Fufu, você é muito ingênuo, Kodaka. Por algum motivo, Mikadzuki me olhou como se eu fosse um idiota. — Tente ler esse parágrafo na diagonal. — Na diagonal…? Eu olhei incrédulo o anúncio. — Ah! — Entendeu? Mikadzuki sorriu levemente. — …Bem, acho que pode se dizer que eu entendi... Se você ler o parágrafo começando pelo canto superior esquerdo e continuar na diagonal...
Nós Estamos Procurando Por Novos Amigos 【と】にかく臨機応変にろ隣人 と【も】善き関系を築くべく から【だ】と心を健全に鍛え たびだ【ち】のその日まで 共に想い【募】らせ勵まし合い 皆の信望を【集】める
人間になろう ともだち募集 = “Procuram-se Amigos” [Nós todos somos vizinhos amigáveis e compreensíveis, então vamos começar uma relação amigável com os outros! Para responder ao chamado e melhorar sua saúde mental, Trabalhe conosco para começar essa jornada, Enquanto motivamos um ao outro com nosso ideal em comum, Nós nos tornaremos as pessoas mais confiáveis no mundo!] — … Que dica sutil… — Não é uma dica. Mikadzuki parecia surpresa. — Uma pessoa que procura formas de fazer amigos vai perceber a informação escondida nesse anúncio. Por outro lado, pessoas que não tem nenhum problema social vão simplesmente ler o parágrafo e pronto. Em outras palavras, não precisamos escrever
explicitamente a embaraçosa intenção de “procuram-se amigos”, mas ainda assim podemos conseguir que pessoas com o mesmo objetivo entrem. — Hmm… Mikadzuki parecia tão confiante; eu fiquei sem ter o que dizer. A propósito, você percebeu que isso era embaraçoso… — Ok, vamos voltar cem passos atrás e assumir que sua hipótese está correta... — Por que precisamos voltar cem passos? Eu ignorei a confusa Mikadzuki e continuei: — Vamos ignorar o texto por enquanto. O que é esse desenho? — Não é óbvio? — Estou perguntando porque não é nada óbvio para mim! — Fufu. Mikadzuki começou a sorrir para mim como se eu fosse o idiota aqui. Como se ela estivesse paciente e gentilmente ensinando coisas simples a um tolo, ela gentilmente explicou: — Não havia uma música sobre fazer cem amigos e comer bolas de arroz no topo do Monte Fuji? Foi nisso que pensei. Eu não estava de palhaçada quando desenhei isso. — Entendo… — A imagem é para pessoas que não viram a frase na diagonal. Mesmo sem ler, essas pessoas ainda podem perceber a intenção do clube a partir desse desenho. — …Ok, vamos voltar cem passos atrás e assumir que sua hipótese está correta. — Então por que temos que voltar cem passos atrás? Eu novamente ignorei a pergunta de Mikadzuki. — Então as pessoas no desenho estão comendo… Bolas de arroz? Tipo comida? Por que eles têm pernas e olhos?
— Eles são mais bonitos assim. — …Eu realmente odeio a sensação de que minha comida pode ficar louca quando eu tentar mordê-la. Não antropomorfize a comida… — Você está negando a esses heróis nacionais a honra que eles têm por direito? — Heróis nacionais? — Eles são boas pessoas que deixam crianças arrancarem suas cabeças com a boca. — Anpanman1?! — O sacrifício máximo em que eles acreditaram para se tornar o ácido do seu estomago. Posso entrar em ressonância com o amor e coragem que eles tinham por seus amigos. — Anpanman vai ficar apenas com problemas por sua maneira de entender! Repentinamente, Mikadzuki me encarou, desconfiada. — Sabe, Kodaka, você parece que não entendeu o significado escondido no texto, nem entendeu a intenção verdadeira por trás do desenho. Você realmente está aqui para fazer novos amigos? — Não quero fazer amizade com pessoas que tragicamente são talentosas o suficiente para entender esse tipo de pôster... — Hmm, você ainda acha que é o único sensato aqui. Kodaka, você é muito alienado. — Você é a última pessoa da qual eu quero ouvir isso. Conforme Mikadzuki percebia o quão cansado eu estava, ela começou a ficar incomodada. — …Eu acabei de perceber, mas pare de me chamar de “você” o tempo todo. Não dá uma boa sensação. — Eh? Aah… Ok.
1 Uma série infantil, bastante popular no Japão, cujo protagonista é um pão de anko antropomórfico.
— Então, que tal… Sempre estive na dúvida sobre como eu deveria me referir aos outros. Eu deveria chamá-la pelo último nome, pelo nome completo ou apelido? Deveria colocar “san” ou “kun” ou “chan”? Ou eu deveria simplesmente chamar pelo primeiro nome como se fôssemos próximos? É por isso que eu sempre tento me referir aos outros pelo nome completo. — …Então que tal… Mikadzuki…-san? — Yozora. Mikadzuki respondeu com firmeza. — Chame-me pelo meu primeiro nome, “Yozora”. — O-ok… Então, Yozora. — Por que você está corando? Tão nojento. Ainda parecendo incomodada, Mikadzuki disse, irritada. …Eu sou a única pessoa que fica com vergonha quando alguém tenta intimamente chamar uma garota pelo primeiro nome? — …Ei, você tem algum apelido? Eu fico mais à vontade com eles… — …É… Era… Mikadzuki pareceu ainda mais chateada do que o normal. Ela disse: — …Eu tinha um, mas não posso te contar, Kodaka. — Por quê? Eu perguntei, e como se estivesse prestes a chorar, Mikadzuki me olhou com um sorriso solitário. — Porque apelidos são só para amigos.
Eu ainda não entendia o que Mikadzuki — não, quero dizer, Yozora estava pensando. — …Não tem jeito então… Ei, vamos botar o anúncio primeiro... Yozora. Sentindo um pouco de vergonha, me levantei do sofá. A primeira atividade do Clube dos Vizinhos. Nós finalmente tínhamos colegas de classe no nível de se chamar pelo primeiro nome. …Se ignorarmos os eventos que aconteceram entre o inicio e o final e só olharmos o resultado final, é difícil dizer que fomos bem.

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