quarta-feira, 15 de maio de 2013

Dantalian no Shoka - V.01 / Especial 02


Capítulo Especial 2 – O Livro da Vida [Download]
Der Gevatter Tod
Havia dois visitantes sentados no balcão do bar.
Um deles era um velho com uma cara ossuda e pele seca. A barba longa e maltratada dele era como as cinzas de uma fornalha.
O outro visitante era um jovem que estava usando um sobretudo de couro.
Apesar de sua expressão sincera implicar uma boa educação, havia uma atmosfera misteriosa ao redor dele que não revelava nenhuma abertura.
Enquanto brincava com seu copo de cerveja morna, o jovem se concentrava na leitura de um livro. Era um romance com uma capa fina.
Quando o jovem tinha lido metade do livro e pedido seu segundo copo de cerveja, o velho de cabelo branco, subitamente, falou com ele numa voz áspera.
“Rapaz... parece que você gosta de livros?”
O jovem sorriu e assentiu.
“Sim. Eu gosto deles. E você?”
“... Eu odeio eles. Eles são chatos.
O velho disse isso e bebeu seu copo de licor destilado forte. Então, ele riu levemente em autodesprezo.
“As coisas estão sempre se repetindo nesse mundo. Não existe nada de novo. Mesmo o livro que você está lendo, se você analisá-lo precisamente, é só uma trama clichê que consiste de contos e mitos reescritos. Os padrões de história em que as pessoas conseguem pensar acabaram eras atrás.”
O jovem observou o velho silenciosamente e eventualmente sorriu de forma divertida.
“Você pode estar certo sobre isso.”
O velho assentiu com um rosto sério.
“Mas escute, existe um único livro nesse mundo que não fica chato.”
“Qual é o nome desse livro?”
O jovem perguntou calmamente. O velho pareceu triunfante e respondeu.
“O seu livro, rapaz.”
“Meu livro?”
“Certo! O livro em que toda a sua vida está registrada, do nascimento até a morte.”
O velho levantou os cantos de seus lábios rachados e sorriu. O jovem virou a cabeça levemente.
“Eu não sabia que um livro assim existia.”
“Eu aposto que você não sabia. Eu não acreditava nisso antes, até que eu vi isso com os meus próprios olhos. Mas para cada pessoa, existe um livro que pertence a ela... é claro, isso incluí eu mesmo.”
“Você o leu? O seu próprio livro?!”
O jovem abriu os olhos em surpresa.
“Pode apostar! Oh, eu li ele!”
“Quando e onde você fez isso?”
“Eu já esqueci, eu ainda era uma criança naquela época, sabe... mas eu ainda me lembro da cena claramente. Era uma biblioteca parecida com um labirinto. Prateleiras, repletas de livros, cobriam as paredes completamente sem fim. Era como uma caverna que descia até as profundezas da terra...”
Enquanto dizia isso, o velho fechou os olhos como se estivesse visitante aquele lugar em um sonho.
“E o seu livro estava em uma dessas prateleiras?”
O jovem perguntou de forma séria por alguma razão. O velho respondeu enquanto bebia o resto do licor.
“Sim. Como você disse. Mas não apenas o meu livro. Haviam os livros de todos os cidadãos desse país... não, haviam os livros de toda a população do mundo. Os livros grossos pertenciam as pessoas de vida longa, que tinham feito numerosas experiências. E os finos pertenciam ou as pessoas que morreram jovens, ou as pessoas que tiveram vidas monótonas.”
“Como era o seu livro?”
“O meu...?”
Quando o jovem perguntou isso, o velho se entristeceu.
“Era surpreendentemente fino! Tão fino, que eu quase fiquei desesperado... minha vida foi chata, e além disso, curta.”
“Mas você não é...”
O jovem abriu os olhos em surpresa. Incontáveis rugas estavam no rosto do velho como prova de uma longa vida.
“Oh bem... eu não queria morrer, sabe. Então eu tentei pensar em uma solução.”
O velho riu com a garganta seca.
“Nosso tempo de vida está destinado desde o começo do livro. Se o ceifador realmente existe, então eu tenho certeza que ele vem nos pegar quando termina de ler o livro... Então, eu pensei: Nesse caso, eu só teria que fazer com que ele não acabasse.”
“Isso é possível?”
O jovem perguntou.
“Eu não mencionei? Meu livro era surpreendentemente fino.”
O velho disse isso de forma desleixada.
“Então eu me livrei daquela capa e tentei colar a primeira e a última página juntas com cola. Para que a pessoa que lesse voltasse ao começo sem saber... em outras palavras, pra que não houvesse um começo nem um final para o meu livro. É um ciclo infinito.”
“Entendo. Então foi assim que você...”
O jovem tentou dobrar o livro como o velho tinha explicado. Quando ele juntou as duas capas, o livro fino virou um monte de papel redondo. E realmente, não havia mais um começo ou um fim.
“Mas eu me arrependo disso agora... minha vida foi salva, mas em troca, ela virou uma recorrência dos mesmos eventos repetidamente. Bem, naturalmente, já que é um livro fino.”
O velho disse isso e olhou para o jovem como se estivesse implorando.
“Por favor, rapaz... poderia achar o meu livro e rasgar ele, se algum dia você se perder daquela biblioteca? Se você não fizer isso, eu estarei condenado a reviver a mesma vida chata sem poder morrer, repetidamente...”
“......”
O jovem olhou para o frágil velho por um tempo. Então, ele sorriu gentilmente e assentiu.
“Certo. Eu prometo.”
“Ohh...”
Enquanto agradecia ele repetidamente, o velho se curvou.
Lágrimas saiam de seus olhos. No final o velho caiu no balcão e começou a dormir, cansado de chorar. Parecia que ele estava completamente bêbado.
“Caramba... o velho dormiu?”
O Barman, que estivera limpando copos até então, reconheceu a figura do velho dormindo e suspirou. O jovem continuou em silêncio e deu de ombros. Mencionando que era por conta da casa, o barman colocou mais cerveja para o jovem.
“Minhas simpatias por ouvir a história de horror dele.”
“História de horror?”
O jovem levantou uma sobrancelha e perguntou. O bartender mostrou pra ele um sorriso largo.
“Sim. Quando aquele velho fica bêbado, ele sempre começa a contar aquela história. É sempre a mesma coisa. Eu não sei quantas vezes eu já a ouvi.”
“É mesmo?” disse o jovem. Então ele continuou, mas parecia estar falando sozinho.
“Entendi... uma vida que virou uma recorrência dos mesmos eventos, não é?... Surpreendentemente, isso pode ser verdade.”
“Eh?”
O barman olhou para ele em questionamento, mas o jovem apenas sorriu e aproveitou sua cerveja.

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