sexta-feira, 17 de maio de 2013

Zero no Tsukaima - V.01 / Cap.01


Capítulo 01 – Eu sou um familiar [Download]
–Quem é você?– perguntou a garota enquanto olhava detalhadamente Saito, com o céu azul por detrás dela.
Parecia ter a mesma idade que ele.
Debaixo de uma capa preta vestia uma blusa branca e uma saia cinza. A garota se ajoelhou e olhou surpreendida o rosto de Saito.
Seu rosto... É lindo
Seus olhos avermelhados dançavam docemente em sua pele branca e lisa, seu cabelo era de cor de morangos.
Tem traços de estrangeira. Não, ela “deve” ser uma estrangeira. Uma estrangeira linda com cara de boneca. Será metade japonesa?
Hmmm... Mas isso que ela veste deve ser o uniforme de alguma escola, certo? Mesmo que eu não saiba de qual.
Durante todo esse tempo, Saito estava deitado na grama, olhando em direção do céu. Ainda não tinha certeza de como tinha chego ali. Levantou a cabeça e olhou ao seu redor. Percebeu que muita gente olhava-o com curiosidade. Todos eles usavam capas pretas. Mais atrás do infinito campo verde onde estava, conseguiu avistar um castelo enorme, feito de pedras, muito parecido com fotografias que saem em reportagens de viagens na Europa.
Isto é como se fosse fantasia. Minha cabeça... Está me matando.
Saito sacudiu a sua cabeça e a respondeu:
–Quem eu sou...? Sou Hiraga Saito
–De onde vem plebeu?
Plebeu?A quem ela se refere assim?
Todas as pessoas ao seu redor tinham uma espécie de vara em suas mãos e vestiam o mesmo uniforme dessa garota.
Será uma escola americana ou algo assim?
–Louise, o que estava pensando? Invocando um plebeu na “Invocação de Familiar”?– perguntou alguém, e todos, exceto a garota, começaram a rir.
–Eu... Eu só cometi um pequeno erro!– ela disse com uma voz suave e refinada, que cruzou o ar como se fosse um sino.
–A que erro se refere? Nada fora do comum aconteceu.
–Claro! Não é por nada que é Louise o Zero!– gritou alguém, e todos voltaram a rir em gargalhadas.
Parece que se referem à garota de antes, se chamava... Louise. De qualquer forma, essa não é nenhuma escola americana. Eu não poderia ver esse tipo de edifício em nenhum lugar. Será algum tipo de filmagem? Estão filmando?
Todas essas perguntas vieram de repente à mente de Saito.
Não, é muito grande para ser uma filmagem. Desde quando há este tipo de paisagem no Japão?Pode ser um parque novo. Mas então o que eu fazia dormindo nesse lugar?
–Senhor Colbert!– gritou a garota chamada Louise.
Ele gentilmente se separou da multidão, revelando um homem de meia idade. Saito achou engraçado, pois o homem que via era ridículo. Carregava uma vara enorme e estava coberto com um traje preto.
O que ele está fazendo? Se vestindo como um mago. Estaria ele louco? Aí está. Eu entendi. Isto tem que ser uma festa à fantasia! Mesmo que não pareça ser este tipo de lugar.
De repente, se passou pela cabeça de Saito uma idéia arrepiante. O que eu faço se isto for uma seita religiosa? É possível. Talvez eles me fizeram dormir de alguma maneira e me trouxeram aqui enquanto dava um passeio pela cidade! Isso só pode ser uma armadilha. Não tenho outra explicação.
Saito decidiu que era melhor ficar calado até entender o que estava se passando. A garota, que chamaram de Louise, estava em pânico, pedindo para refazer algo, enquanto agitava os braços freneticamente.
Sinto pena dessa coitada, estando em uma estranha seita religiosa mesmo sendo tão bonita.
–O que é quer Senhorita Vallière?
–Por favor! Deixe-me tentar a invocação mais uma vez!
Invocação? O que é isso?Se me lembro bem estavam falando sobre isso antes também!
O Senhor Colbert, que usava um traje preto, balançou a cabeça de um lado para o outro. –Não posso permitir isso, Senhorita Vallière
–Mas, porque não?
–Isto é estritamente proibido. Quando se vira um estudante de segundo ano tem de invocar o seu familiar, e é isso que acabou de fazer.
Um familiar? O que é isso?
Sua especialidade elemental é decidida pelo familiar que você invoca. Isso te permite avançar nos cursos especializados do seu elemento. Não se pode trocar o familiar que foi invocado, já que convocar um familiar na “Invocação de Familiares de Primavera” é um ritual sagrado. Não importa se gostou ou não, não tem outra opção a não ser aceita-lo.
–Mas... Nunca ouvi falar de alguém que teve um plebeu como familiar!– Quando Louise disse isso, todo mundo começou a rir. Louise os olhou com cara feia, mas as risadas não pararam.
“Invocação de Familiares de Primavera”? O que é isso? Não entendo nada. De que estão falando? Como cheguei até aqui?Tem de ser uma dessas novas religiões.
O mais seguro para mim é, quando surgir oportunidade, sair deste lugar. Mas... Onde eu estou? Levaram-me a um país estrangeiro?
Um sequestro! Eles me sequestraram! Estou em um grande apuro, pensou Saito.
–Isto é uma tradição, Senhorita Vallière. E não posso permitir exceções; ele– o mago de meia idade apontou para Saito, –pode ser um plebeu, mas como ele foi convocado por você, terá que ser seu familiar. Nunca antes na história foi convocado um humano como familiar, mas a regra da “Invocação de Familiares da Primavera” tem preferência sobre todas as outras regras. Em outras palavras, não tem mais volta agora: ele tem de ser o seu novo familiar.
–Isto só pode ser uma brincadeira... –Louise disse com os ombros caídos de decepção.
–Bom, então, continue cerimônia.
–Com ELE?
–Sim, com ele. Apresse-se. A próxima classe está a ponto de começar. Por quanto tempo você pensa que essa invocação pode continuar? Depois de erro atrás de erro finalmente conseguiu invocá-lo. Apresse-se e faça o contrato.
Todos fizeram sinal de aprovação e começaram a zombá-la. Louise olhou fixamente para Saito, como se estivesse preocupada.
O que está acontecendo? O que ela vai fazer?
–Ouça!– Ela disse a Saito
–Sim?
–Deveria estar agradecido. Normalmente viveria toda vida sem que um nobre lhe fizesse isso
Nobre? Que nobre? Quanta estupidez. De que nobres está falando?Vocês não são mais do que um punhado de pessoas estranhas disfarçadas dentro de uma nova religião.
Louise cerrou os olhos com cara de resignação. Ela agitou a varinha de madeira que tinha em sua mão.
–Meu nome é Louise Françoise Le Blanc de La Vallière! Que o pentágono dos cinco poderes elementares bendiga este ser humilde e o faça meu familiar!
Ela começou a repetir as mesmas palavras, como se fosse um feitiço. Tocou o rosto de Saito com a varinha. Seus lábios se aproximaram pouco a pouco.
Mas... Mas o que está fazendo?
–Apenas fique quieto– lhe disse Louise com um pouco de irritação em sua voz. Seu rosto ia chegando mais e mais.
–Ei, espere... Eu... Bem, eu não estou pronto para isto...
Saito se assustou, e virou sua cabeça.
–Ah, te falei para ficar quieto!
Louise agarrou asperamente a cabeça de Saito com sua mão esquerda.
IMG
Ehhh?
Mmm...
Os lábios de Louise tocaram os de Saito.
O que está acontecendo? Que tipo de contrato é esse?
O toque dos suaves lábios da garota confundia ainda mais Saito.
Meu primeiro beijo! Meu primeiro beijo roubado em um lugar estranho, por uma garota estranha, com um propósito que eu não entendo!
Saito ficou congelado, paralisado naquele lugar. Louise retirou seus lábios.
–Já está feito.
Seu rosto está vermelho. Agora se envergonha do que fez? Pensou Saito.
Sou eu que deveria estar envergonhado não você! Foi você que me beijou de repente!
Porém Louise o ignorou por completo.
Além disso, me beija e não me faz caso? Se isso não é grosseria então eu não sei o que é. Mas quem eles são? Eu estou com medo. Quero ir logo para casa e entrar na internet. Consegui há pouco tempo uma conta em um site de busca de namoradas, então queria ver se tenho algum e-mail.
–Louise, você tentou a invocação várias vezes, mas conseguiu fazer o “Contrato com o Familiar” na primeira tentativa– disse Colbert, cheio de alegria.
–Ela fez só por que seu familiar é apenas um plebeu.
–Se tivesse sido uma poderosa besta mágica, não teria conseguido fazer o contrato.
Vários Estudantes começaram a rir.
Louise os olhou com cara feia. –Não zombem de mim– lhes disse –Até eu faço as coisas bem de vez em quando!
–É verdade “de vez em quando” Louise o Zero!– zombou uma menina que tinha o cabelo cacheado e sardas no rosto.
–Senhor Colbert! Montmorency a Inundação acaba de insultar-me!– protestou Louise.
–A quem está chamando de “Inundação”? Eu sou Montmorency a Fragrância!
–Ouvi que você molhava a cama como uma inundação, não é verdade? A “Inundação” lhe cai melhor então!
–Não esperava melhores modos de Louise o Zero.
–Cuidado! Os nobres têm de demonstrar um respeito apropriado. – Interrompeu o homem de meia idade, e se interpôs entre elas para detê-las.
De que estão falando? Que contrato? A quem estão chamando de plebeu? Perguntava-se Saito.
De repente o corpo de Saito começou a esquentar-se.
–Ahhh!– gritou Saito - Eu estou queimando!
–Se acalme, está quase terminando, estão sendo gravadas as runas de familiar– lhe disse Louise incomodada.
–Pare com isso! O que está me fazendo?
Não há nada que possa fazer, mas não posso ficar simplesmente parado tranquilamente sem fazer nada. Está muito quente!
–A propósito...
–O que?
–Por que você, um plebeu, se permite usar esse tipo de palavreado na frente de nobres?
A sensação de calor durou só alguns instantes. Seu corpo voltou-se a esfriar rapidamente
Isso foi rápido... Aquele que estava disfarçado de mago, de meia idade, chamado Colbert, chegou mais perto de Saito que estava ajoelhado, e olhou as costas de sua mão esquerda. Ali acabara de aparecer umas letras muito estranhas.
São essas as runas? Se parecem com um tipo de serpente que se movem em um padrão estranho. Saito olhou as runas fixamente e pensou, se isso não é um truque, então o que é?
–Hmmm...
– Essas runas não são nada usuais... – exclamou o Colbert
Neste ponto, Saito não sabia mais o que pensar.
–Quem são vocês? – gritou Saito, porém sem nenhuma resposta.
–Bom, voltemos às classes.
Dito isso, o mago se virou, e depois levantou levemente no ar. Saito parou admirado, olhando de boca aberta.
Está voando? Flutuando no ar? Não pode ser!
E os demais, que pareciam estudantes, também começaram a flutuar.
Não pode ser! Os demais também? Uma pessoa pode voar devido a algum truque, mas todas? Saito começou a procurar algum cabo que levasse até um guindaste, mas o lugar onde estava não era nada mais que uma grande planície repleta de grama. Não havia nada que sugerisse algum tipo de truque.
Todos estavam flutuando silenciosamente até as paredes daquele castelo de pedras, que se via a distância.
–Louise, é melhor que você caminhe de volta!
–Ela não deveria tentar voar, não pode sequer usar a levitação!
–Um plebeu é o familiar perfeito para você!– zombaram alguns estudantes enquanto iam voando. Os únicos que continuaram ali eram Saito e a garota chamada Louise.
–Assim que ficaram somente os dois, Louise tomou ar profundamente, deu a volta até Saito e gritou:
–Quem é você?
Isto fez com que Saito ficasse zangado.
Isso eu é que devia te perguntar! Não acha? Pensou.
–Quem é “VOCÊ”?! Onde é este lugar? Quem são essas pessoas? Por que podiam voar? E o que você fez com meu corpo?
–Não sei de campo você veio, mas está bem, vou te explicar.
–Campo? Este é o campo! Tókio não se parece nada com isso!
–Tókio? O que é isso? Em que país está?
–No Japão
–Nunca ouvi falar desse lugar antes.
–Oh, por favor! Mas por que estavam voando? Você também viu! Voaram! Todos eles o fizeram!
Porém Louise não lhe fez caso, como se dissesse O que tem e tão estranho nisso?
É claro que voaram. O que faríamos se os magos não pudessem voar?
Saito agarrou os ombros de Louise e gritou:
–Magos? Em que raios de lugar eu estou?
–Aqui é Tristain! E esta é a prestigiada Academia Mágica de Tristain.
–Academia mágica?
–Eu sou uma estudante do segundo ano, Louise de La Vallière. E sou sua ama de agora em diante. Lembre-se disso!
De repente todas as dúvidas de Saito desapareceram. Tinha um mau pressentimento de tudo isso.
–Eh... Senhorita Louise
–Diga.
–É serio que me invocou?
–É isso que eu estou tentando lhe dizer todo este tempo, não posso acreditar que seja tão cabeça-dura. Por que meu familiar é tão burro?... Eu queria algo impressionante como um dragão, um grifo, uma salamandra. Pelo menos uma águia ou uma coruja.
–Um dragão? Um grifo? De verdade?
–Sim! Eles seriam realmente bons como familiares.
–Existem de verdade?
–É claro! Por quê?
–Deve estar pegando no meu pé– disse Saito, rindo. Mas Louise não parecia estar brincando.
–Bom, provavelmente nunca os viu antes. – disse Louise com seriedade, e com um pouco de pena em sua voz.
A imagem dos magos que haviam saído voando, e as palavras de fantasia de repente o acertaram. Saito sentiu uma sensação fria que corria em sua coluna e começou a suar frio.
–Tal...vez essas pessoas voaram de verdade, não? E vocês são realmente magos e magas?
–Claro que somos! Agora solte meu ombro! Você não deveria sequer estar falando!
Um sonho... Isso tem que ser um sonho!
Lentamente a força o abandonou, e Saito caiu de joelhos.
–Louise – lhe disse com uma voz fraca.
–Não me chame diretamente por meu nome.
–Me bata
–O que disse?
–Por favor, me bata o mais forte que puder na cabeça.
–Por quê?
–Quero despertar desse sono. Quero acordar e me conectar a internet. O jantar dessa noite é um delicioso filé de hambúrguer, minha mãe me disse esta manhã.
–Conectar-se à internet?
–Não é nada. Afinal, você é apenas parte do meu sonho, assim não tenho que me preocupar. Agora a única coisa que quero é acordar deste sonho.
–Não entendo o que está dizendo, mas quer que eu te bata, não é?– Louise fechou os punhos.
–Sim, por favor.
Seus punhos começaram a tremer. A expressão de Louise era indescritível, mas parecia que se passavam muitos pensamentos em sua cabeça.
–Não está nenhum pouco preocupado em ser invocado?
–Como eu deveria saber?
–Como pode eu, a terceira filha da família Vallière... Uma nobre orgulhosa de sua antiga linhagem, terminar tendo alguém como você como meu familiar?
–Como eu deveria saber?
–... E quem exatamente decidiu que se haveria de fechar o contrato com um beijo?
–Como eu deveria saber? Veja, poderia fazer-lo agora pra eu sair desse sonho? Eu odeio pesadelos.
–Pesadelo? Essa é minha fala!
Então Louise lhe deu um soco na cabeça com todas as suas forças.
–Esse foi o meu primeiro beijo!
Talvez ela tenha posto força demais... E o meu também, pensou Saito enquanto perdia a consciência.
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Hiraga Saito. Dezessete anos de idade e no segundo ano do segundo grau. Capacidade atlética: normal. Notas: normais. Tempo sem namorada: Dezessete anos. Na média: sem nenhum ponto positivo ou negativo.
Opinião se um professor: “Ah, Hiraga-kun. Ele nunca desiste, tem uma grande curiosidade, mas é um pouco lerdo.”
Opinião dos pais: “Deve estudar mais; está um pouco lerdo.”
Mesmo sendo lerdo, raramente as coisas o incomodava, e aceitava quase tudo, ao menos mais que as outras pessoas. Há algum tempo, quando viu aquelas pessoas voarem, ele fez algum alvoroço, mas levando em conta que qualquer outra pessoa teria ficado tão em choque que entraria em colapso ele devia muito ao seu jeito de ser.
Pondo de modo simples, ele não pensa muito sobre as coisas antes de agir. Também tem um espírito muito competitivo, neste sentido, pode ser que ele seja muito parecido com Louise.
De qualquer forma, há apenas trinta minutos Saito estava em Tókio, Japão; no planeta Terra. Ele estava em seu caminho de volta para casa depois de pegar o seu notebook no conserto. Ele estava bem feliz na verdade, podia se conectar a internet novamente, Recentemente ele havia se registrado em um site de busca de namoradas e finalmente teria a chance de encontrar uma garota.
Mas o que ele realmente queria era dar um pouco de animo na vida monótona que levava. Mas em vez de conseguir isso pela internet, ele o fez no meio da rua. Ele estava apenas passando na estação de trem em seu caminho para casa quando de repente viu um objeto similar a um espelho na sua frente.
Saito parou, e passou um bom tempo observando aquilo (lembrem-se que sua curiosidade era mais ou menos o dobro de a de uma pessoa normal).
Era uma grande elipse, devia ter dois metros de altura e um metro de largura, mas não era muito grossa. Nesse instante, Saito percebeu que o espelho estava flutuando um pouquinho por cima da terra. Isso aumentou ainda mais sua curiosidade.
Que tipo de fenômeno natural é esse?
Perguntava-se enquanto inspecionava o espelho brilhante. Isso é muito estranho. Nunca ouvi falar de um fenômeno como este.
Pensou em deixar aquilo de lado e seguir seu caminho, mas a curiosidade se apoderou dele. Ele queria ver se poderia caminhar através do espelho.
Talvez não deva, disse a si mesmo.
Mas são só alguns passos... Ele se convenceu. Sim ele tinha uma personalidade irreparável.
Primeiro, fez um experimento. Lançou uma pedra contra o espelho, e esta se perdeu em seu interior.
Ohh! Pensou.
Quando olhou do outro lado, a pedra não estava em nenhum lugar. Depois pegou as chaves de sua casa em seu bolso e tocou o espelho com a ponta das chaves.
Não aconteceu nada.
Retirou a chave e a examinou, mas não havia nada de diferente nela. Assim Saito imaginou que não estava em nenhum perigo imediato, e mais uma vez pensou em entrar. Mesmo sabendo que não deveria fazê-lo ele começou a caminhar. Era como abrir um mangá quando tinha acabado de decidir apenas estudar.
Imediatamente se arrependeu, pois um intenso choque tirou seus sentidos. De repente se lembrou de sua infância, de quando sua mãe lhe havia comprado uma estranha maquina que, supostamente, fazia a pessoa mais inteligente ao correr uma corrente elétrica por seu corpo. A sensação era muito parecida. Saito desmaiou.
Quando abriu os olhos...
Encontrava-se em um mundo estranho que parecia como se tivesse entrado direto em um livro de fantasia.
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–Isso é verdade?– Perguntou Louise, olhando para Saito com uma expressão de incredibilidade. Em sua mão tinha um pão para a janta dessa noite.
Estavam na casa de Louise, que devia ter uns doze tatames (1). Se considerasse a janela como se fosse sul, a cama estava no oeste, a porta no norte e um grande armário no leste. Todos os móveis pareciam antiguidades valiosas.
(1) Os tatames é o piso tradicional japonês. Eles têm tamanho padronizado. Seu tamanho de 90 cm por 180 cm. 12 tatames são aproximadamente 19,50 m.
Louise havia trazido Saito aqui depois que ele recobrou a consciência.
Saito, tentando ignorar a dor na sua cabeça depois do golpe anterior, lhe respondeu: – Se não é o que seria?
Saito nunca havia se sentido arrependido por sua curiosidade, até hoje.
Nunca deveria ter me metido nessa coisa... Não estou no Japão. Nem sequer estou na terra.
Se existisse uma nação em que havia magos que pudessem voar pelos céus, mesmo que só uns poucos, ele definitivamente não havia aprendido isto em suas aulas de geografia do primário. E mesmo que existisse, e essas duas luas gigantescas flutuando no céu? Essas luas são no mínimo o dobro de tamanho do planeta Terra. O tamanho não era o problema maior; é possível que em alguns países possa haver noites como essa. Mas o que era realmente estranho é que havia duas delas. A lua poderia ter se multiplicado em duas sem que Saito se dessa conta?
Não. Não podem. Em outras palavras, aqui definitivamente não é a Terra.
Tudo estava escuro. A noite tinha caído.
Com certeza minha família está muito preocupada comigo, concluiu com tristeza.
Da janela ele podia ver o extenso gramado verde onde estava deitado. Depois de todo aquele gramado, iluminado pela luz das luas, podia-se ver uma grande montanha, e a sua direita podia ver uma grande área de bosque denso. Saito suspirou.
Um bosque como esse não deveria existir. É totalmente diferente do que eu via no Japão.
O castelo e seus arredores, que havia visto passando a caminho da casa de Louise, parecia como algo tirado da idade média. Era um lugar que lhe tiraria o fôlego de surpresa se estivesse ido lá para passar as férias.
Havia um arco na entrada, e uma grande escadaria, ambas feitas de pedra. Esta era a Academia de Magia de Tristain, pelo que Louise lhe explicou. Todos os estudantes viviam em habitações situadas nos jardins da academia.
Academia Mágica? Dormitórios incríveis? Genial! É como se fosse um filme! Mas não é a Terra...
–Não posso acreditar
–Eu tão pouco.
–Falando do outro mundo... O que quer dizer?
–Lá não há magos, e só há uma lua.
–Existe um mundo assim?
–É o que estou dizendo, é de lá que eu venho!– Gritou Saito
–Não grite comigo, plebeu!
–A quem está chamando de plebeu?
–Você não é mago, não é verdade? Então é um plebeu.
–E importa se sou mago ou não?
–Olha! Não sabe realmente nada sobre este mundo?
–isto é impossível.
–Mas, por quê?
–Porque você está preso a um contrato como meu familiar. Não importa de onde você é se é de um campo ou de mundo completamente diferente, como você disse. Uma vez que se estabelece um contrato, não há como voltar atrás.
–Você só pode estar brincando.
–Veja, eu também não gosto! Por que tenho um familiar como você?
–Então me mande de volta.
–É mesmo verdade que veio de outro mundo?– perguntou Louise, aparentemente ainda estava perplexa.
–Sim– Disse Saito balançando a cabeça.
–Prove-me
Fazendo caretas de dor, Saito se levantou e abriu sua pasta.
–O que é isso?
–Um notebook– respondeu Saito
A superfície do computador que tinha acabado de ser arrumado brilhava frente à luz da lamparina.
–Sinceramente nunca havia visto nada igual. Que tipo de artigo mágico é este?
–Não é magia. É ciência
Saito apertou o botão de ligar, e o notebook começou a funcionar.
–Ehhh! O que é isso?!– gritou surpreendida Louise ao acender a tela do notebook.
–É a tela do notebook.
–Que bonito! E que elemento mágico ele utiliza? Vento? Água?
–Ciência
Louise olhou Saito com uma expressão em branco. Podia ver claramente que ela não entendia.
–Que tipo de elemento é essa tal “ciência” É muito diferente dos outros quatro poderes elementares?
–Ai! Já chega! Já disse que não é magia!– disse Saito balançando as mãos violentamente.
Louise sentou-se na beirada de sua cama e deixou seus pés balançarem. Então, encolhendo os ombros, disse com uma voz sem sentimento:
–Hmm... Na verdade eu ainda não entendo.
–Por quê? Não há algo parecido neste mundo?
Louise fez cara feia.
–Não, mas...
–Então acredite em mim!
–Balançando seu longo cabelo, Louise assentiu com a cabeça.
–Está bem. Eu acredito.
–Verdade?
Cruzando os braços e movendo a cabeça para o lado, Louise gritou aborrecida:
–Só por que você continuaria com isso se eu dissesse que não.
–Bom isso não importa contanto que você me entenda. Agora, leve-me para casa.
–Já disse que isso é impossível.
–Por quê?
O rosto de Louise estava dando sinais de irritação enquanto contestava Saito.
–É porque não existe nenhum feitiço que possa conectar este mundo com o seu.
–Então como fez para me invocar a este mundo?
–Eu queria saber isso também.
–Saito e Louise olharam um para o outro.
–Escute, estou sendo completamente sincera quando digo que não existe nenhum feitiço com este efeito. Nunca sequer tinha escutado sobre outro mundo.
–Mas obviamente há um, se eu estou aqui!
–O feitiço “Invocar Familiar” se utiliza para chamar seres vivos dentro de Halkeginia. Normalmente, só se invocam animais e bestas mágicas. Essa é a primeira vez que vejo que se invoca uma pessoa.
Por que fala como se você não tivesse culpa? Use este feitiço outra vez!
–Por quê?
–É possível que me devolva ao meu mundo.
Louise estava bem perplexa, e inclinou a cabeça.
–Isto não funcionará. A “Invocação de Familiar” é feita estritamente uma vez. Não existe nenhum feitiço para devolver o familiar a seu lugar de origem
–E quem se importa? Apenas tente.
–É Impossível. Nem sequer posso usá-lo agora.
–Que?! Por quê?
–... Usar “Invocar Familiar” é...
–Sim?
–Completamente sem efeito a menos que se familiar esteja morto.
–O que disse?
O corpo de Saito congelou instantaneamente.
–Você quer morrer?
–Err... Acho que vou passar– Saito abaixou a cabeça. Seu olhar se dirigiu as runas que tinha gravada em sua mão esquerda.
–Quer saber o que é isso?
–Sim.
–Essa marca prova que você é meu familiar
Louise se pôs em pé e cruzou seus braços. De perto era ela realmente linda. Pernas magras e bem proporcionais, tornozelos finos. Não era muito alta, tinha em torno de 1,55m. Seus olhos eram similares ao de um gatinho curioso e suas sobrancelhas traçavam uma linha bem sutil sobre eles.
Se Saito a tivesse conhecido pelo site de busca de namorada ele estaria pulando de alegria. Mas esse não era o caso, nem sequer estava na terra. Não importa o quanto queria voltar, não podia. Ao pensar nisso Saito se rendeu, e seus ombros caíram.
–Sim, está bem... Por hora, parece que eu sou realmente o se familiar.
–Falando assim de novo?
–O que? Tem algum problema com isso?
–Eu vejo que não está acostumado a linguagem formal. Deveria dizer: “Há algo que deseje ama?”– Lhe corrigiu Louise levantando um dedo como se estivesse dando uma palestra. Era um gesto adorável, mas o seu tom de voz era bem rigoroso.
–Está bem, Hmm, o que faz um familiar exatamente?– Saito perguntou. Ele já havia visto familiares como corvos e corujas em animes sobre magos. Mas eles apenas sentavam no ombro de seu amo e não faziam nada realmente importante.
–Primeiro de tudo, o familiar pode incrementar o nível auditivo e a visão de seu amo.
–Como?
–Quero dizer que o que o familiar vê, o amo também vê.
–Ah
–Mas não parece funcionar contigo... Não posso ver nada.
–Sim, bom, não é como se isso importasse. – Saito lhe disse como se a conversa não lhe dizia respeito.
–E também um familiar tem que conseguir os objetos que seu amo deseja. Como por exemplo, reativos.
–Reativos?
–São catalisadores que se usam quando se usa certos feitiços. Algo como enxofre, ou alguma planta...
–Se...Sei...
–Mas você nunca conseguiria coisas como essas não é mesmo? Considerando que você nem sabia que tipos de reativos existem.
–Não.
Louise franziu as sobrancelhas irritadas, mas continuou falando: - E o mais importante de tudo... Um familiar existe para proteger seu amo! A tarefa de protegê-los contra qualquer inimigo é a mais importante! Mas acredito que isto também será um problema para você...
–Já que sou um humano...
–Uma poderosa besta mágica quase sempre derrota seu inimigo, mas não creio que possa derrotam ao menos um corvo. Por isso, só posso te mandar fazer coisas que conseguirá fazer, como por exemplo, lavar, limpar e outras tarefas diversas.
–Isso é ofensivo! Você vai ver, estou certo que conseguirei achar o caminho de volta para casa.
–Claro, claro, não duvido. E mais: quando o fizer, estarei feliz! Logo que você voltar ao seu mundo, eu poderei invocar outro familiar.
–Olhe! Você...
–Bem, toda essa conversa me deixou com sono– Disse Louise com um grande bocejo.
–Aonde dormirei?
Louise apontou o chão.
–Eu não sou um cachorro ou um gato, sabia?
–Mas não há nenhum outro lugar. E só tem uma cama. – Louise deu-lhe um cobertor.
Então, ela subiu sua mão ao botão superior de sua blusa. Um a um, os botões foram se abrindo. De repente, Louise estava somente de roupas de baixo.
Assim que ela estava somente de roupa de baixo, Saito se enrubesceu. –Ma..Mas o que está fazendo?!
Louise respondeu como se fosse a coisa mais obvia do mundo. –Estou indo dormir, estão estou me trocando. –
–Por que não se troca em algum lugar onde eu não possa ver?
–Por quê?
–Porque sim! É uma situação constrangedora! De verdade!
–Não há constrangimento algum.
–Isso é porque você é uma maga? Não se sente estranha fazendo isso às vistas de um homem?
–Um homem? Quem? Não vejo nada de errado sobre ser vista por meu familiar.
Mas que droga! É exatamente como alguém trata um cachorro ou um gato.
Saito pegou a manta, lançou sobre sua cabeça e se virou para outra direção.
Ele tentou acabar com todos os pensamentos que ele havia tido antes da beleza de Louise. Ela realmente acabava com sua paciência.
Uma garota como ela maga? Sim claro.
–Ah! E isso, eu os quero limpos para amanhã.
Vários objetos vieram voando e aterrissaram suavemente ao lado dele. Ele os pegou com curiosidade sobre o que eram.
Uma camisola com muitos laços e algumas calcinhas. Ambas brancas.
Que peças de roupa mais esquisitas e delicadas; pensou Saito enquanto seu rosto corava.Segurou fortemente as roupas enquanto uma mistura de indignação e felicidade o preenchia.
–Por que tenho que lavar suas... roupas de baixo? Lave você! Francamente, estou comovido e ofendido!
Ele se levantou subitamente, sem sequer dar-se conta de que o havia feito. Louise estava puxando uma grande camisola sobre sua cabeça. Com a luz fraca que estava sendo lançada pela lamparina, ele podia ver os contornos de seu corpo. Mesmo que não podia ver nenhum outro detalhe, parecia que ela não estava nem um pouco envergonhada. Era um pouco decepcionante. Era como se sua masculinidade estivesse sendo negada.
–Quem acha que vai te manter? Quem acha que vai te alimentar? E de quem exatamente é a casa onde vai dormir?
– Ehhh...
–É o meu familiar não é mesmo? Lavar, limpar e qualquer outra tarefa pequena, são obviamente o seu trabalho.
Saito voltou a colocar a coberta sobre sua cabeça outra vez.
Essa garota não tem esperança. Não me vê nem como um homem. Quero ir para casa. Sinto saudades de minha casa. Saudades de minha família.
A sensação de nostalgia o entristecia.
Quando poderei voltar? Será que há ao menos alguma maneira de voltar? Pergunto-me se minha família está preocupada comigo agora mesmo... Preciso encontrar uma maneira de voltar... O que devo fazer? Será que devo fugir daqui? Mas, e depois disso? Talvez devesse
perguntar a alguém. Mas segundo o que Louise me disse antes, ninguém ao menos sabe da existência de outro mundo, assim não há maneira de acreditarem em mim.
Não, preciso pensar racionalmente. De qualquer maneira, se eu me fugir não chegarei a nenhum lugar. Não tenho nenhuma pista, e mesmo que eu escape daqui, nada me garante que acharei alguma maneira de voltar. Nem sequer tenho conhecidos neste mundo. Não há ninguém em que eu possa confiar, a não ser uma garota orgulhosa chamada Louise.
Creio que não tenho opção. Por agora serei seu familiar Pelo menos ela disse que me alimentaria. Vai ser duro, já que não sou nada mai que um familiar para ela. Claro, ela é um pouco arrogante, mas ao menos é muito linda. Suponho que posso imaginar que acabo de conseguir uma namorada. Alguém de conheci no site. Vou imaginar como se tivesse vindo de outro país somente para vê-la. Ou como se eu tivesse vindo como um estudante estrangeiro. É! Assim está melhor! É isso que imaginarei! Ahh! Eu sou tão simples! É genial!
Bem, pensou Saito. Não é como se estivesse abandonado em uma ilha deserta. Se eu me deprimir não conseguirei nada.
Eu viverei como um familiar, e no processo, buscarei uma maneira de voltar pra casa.
Agora que seu plano estava pronto, ele se sentiu com muito sono.
Sem importar a situação, a habilidade de Saito de adaptar-se a tudo sempre o salvava. Onde todos estariam desesperados e desabariam, Saito superava qualquer coisa devido ao seu jeito de ser.
Louise estalou os dedos e a luz da lamparina apagou-se.
A lamparina também é mágica?Acredito que isso significa que não há realmente a necessidade de ter eletricidade, raciocinou Saito.
Um manto de escuridão desceu sobre a casa.
Do outro lado da janela, as luas brilhavam misteriosamente.
Senhora Hiraga, seu filho foi levado a uns mundos onde magos existem. Ele não poderá ir ao colégio por algum tempo, não poderá estudar. Por favor, Perdoe-o.
E assim começou a vida de Saito como familiar.

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