sábado, 18 de maio de 2013

Zero no Tsukaima - V.01 / Cap.08


Capítulo 08 – O Báculo da Destruição [Download]
A manhã seguinte...
Na Academia de Magia de Tristain, havia muita comoção causada pelos eventos da noite passada, como se um ninho de vespas tivesse sido agitado.
Por quê? Porque o Báculo da destruição havia sido roubado.
E havia sido roubado se usando um golem de terra para quebrar a parede da sala de tesouros.
Os professores da Academia que entraram na sala estavam sem palavras diante do enorme buraco aberto na parede.
A inscrição na parede feita por Fouquet dizia tudo:
“Tenho seu Báculo da Destruição. Fouquet o Desmoronamento.”
Com a situação nesse ponto, os professores só podiam murmurar e sussurra:
–Esse ladrão que rouba nobre, Fouquet, o Desmoronamento! Que atrevimento roubar a Academia!
–O que os guardas faziam?
–Mesmo se os guardas estivessem por perto, seria inútil... O que eles poderiam fazer? Eles são apenas plebeus! E falando nisso, que nobre deveria estava supostamente fazendo a ronda na noite de ontem?
A Senhorita Chevreuse estava ansiosa. Parece que ela era a nobre de guarda na noite passada.
–Mas quem poderia roubar a Academia? – pensou enquanto dormia tranquilamente em sua habitação em vez de estar junto aos portões da sala como todos os nobres deveriam fazer nas noites que ficavam de guarda.
Um dos professores apontou para ela e imediatamente disse:
–Senhorita Chevreuse! Suponho que era você que deveria estar de guarda essa noite, não é mesmo?
Chevreuse começou a chorar.
–Eu sinto muito... Sinto muitíssimo...
–Mesmo se inundasse a Academia em lágrimas, isso não traria o Báculo da Destruição de volta? Ou vai pagar por ele?
–Mas... mas acabei de pagar minha casa...– Chevreuse se ajoelhou e soluçou.
Justo nesse momento o Velho Osmond chegou.
–Oh... Esse não é o melhor momento para ser rude com as damas, não é mesmo?
O professor que havia repreendido Chevreuse contestou:
–Mas, Osman, a Senhorita Chevreuse falhou em suas obrigações! Estava dormindo tranquilamente em sua cama, quando deveria estar de guarda!
O Velho Osmond acariciava a longa barba enquanto olhava o irritado e tenebroso professor.
–Hmm... Qual é mesmo seu nome?
–É Gimli! Já se esqueceu?
–Oh, certo! Gimli! Bom, Senhor Gimli, não fique irritado. Sendo sincero, quantos de nós podemos dizer que sempre estamos em nossos postos quando tem alguma missão ou obrigação?
Os professores olharam uns aos outros e abaixaram suas cabeças, envergonhados. O silencio reinou.
–Bom, essa é a situação em que nos encontramos. Falando de responsabilidade, acho que todos os presentes, incluindo a mim, têm uma parcela de culpa nesse acontecimento. Por que nunca pensamos que um ladrão pudesse atacar a Academia? Por acaso é porque pensamos que o numero de magos aqui nos deixaria seguros? Esse pensamento é totalmente equivocado. – O velho Osmond olhou o buraco na parede e continuou. – Foi por culpa de nossa falsa segurança que deu a Fouquet coragem de atacar, e roubar o Báculo da Destruição. Todos nós somos responsáveis.
A Senhorita Chevreuse olhou para o Velho Osmond com gratidão e disse:
–Oh! Osman, Senhor Osman! Obrigado por sua benevolência. De agora em diante te tratarei como se fosse um padre.
–Bom, isso... Hmmm... Senhorita... – Osmond começou a passar a mão em Chevreuse.
–Se isso está bom para você...
O Velho Osmond, não querendo que a culpa caísse em cima de ninguém, achou que aquele seria o melhor jeito para relaxar o ambiente tenso. Depois de limpar a garganta, com todos esperando solenemente que ele falasse, perguntou:
–Bom, quem foram as testemunhas do roubo?
–Foram esses três – disse Colbert apontando para as pessoas atrás dele.
Eram Louise, Kirche e Tabitha.
Saito também estava presente, mas visto que era apenas um familiar, nem ao menos era considerado como pessoa.
–Ah, são vocês, garotos... – Osmond disse, enquanto olhava para Saito com grande interesse.
Saito não sabia o porquê de estar sendo examinado, mas manteve-se cortês.
–Por favor – pediu Osmond, – contem os detalhes do ocorrido.
Louise deu um passo à frente e descreveu o que viu:
–Bom, um grande golem de terra apareceu e quebrou a parede. O mago encapuzado que estava sobre seu ombro entrou e pegou algo... creio que provavelmente era o Báculo da Destruição... Depois disso o mago encapuzado voltou a subir no golem e fugiu para além dos portões da Academia. Depois, o golem se converteu em um monte de terra.
–Depois disso o que aconteceu?
–Depois tudo o que vimos foi um montão de terra, não havia sinais do mago.
–Então... foi assim que aconteceu... – disse Osmond enquanto brincava com sua barba.
–Mesmo se quiséssemos pegá-lo, não poderíamos ter ido sem pistas. Então...
Nesse momento, o Velho Osmond de repente lembrou-se de perguntar ao Senhor Colbert:
–Eh, onde está a Senhorita Longueville?
–Não estou certo, mas acho que não a vi hoje.
–Onde ela poderia estar nesse momento crítico?
–É... Onde ela poderia estar?
Em meio aos murmúrios, Miss Longueville finalmente apareceu.
–Miss Longueville! Onde estava? Algo terrível aconteceu! – Disse Colbert ansioso.
A Senhorita Longueville falou com Osmond com a maior tranqüilidade do mundo:
–Lamento muito ter chego tarde, estava investigando algo. Então...
–investigando?
–Sim. Quando acordei essa manhã havia muita comoção, então, assim que fui até a sala dos tesouros, eu vi as inscrições de Fouquet na parede. Pensei que o conhecido ladrão havia dado um novo golpe. Assim, rapidamente comecei as investigações.
–Você é realmente eficiente, Miss Longueville. – Colbert disse e depois voltou a um tom alarmante, - Mas, no fim, você descobriu algo?
–Sim... acho que descobri o esconderijo de Fouquet.
–O quê? – disse Colbert surpreso. – Onde conseguiu essa informação, Miss Longueville?
–De acordo com os plebeus da região, vários viram o que parecia uma pessoa vestindo uma capa negra entrando em uma casa abandonada no bosque perto daqui. Creio que essa pessoa seja Fouquet, e que a cabana seja seu esconderijo.
Louise, ao ouvir isso, exclamou:
–Uma capa com capuz preta? Não há erro. Têm de ser Fouquet.
O Velho Osmond se empolgou e perguntou para Longueville:
–Fica longe daqui?
–De pé fica há um dia, mas de cavalo fica há mais ou menos quatro horas.
–Nós temos que reportar isso para a Corte Imperial imediatamente! Temos que conseguir os reforços do exército imperial! – Colbert voltou a levantar a voz.
O Velho Osmond sacudiu a cabeça e olhou para Colbert com um vigor que não era de se esperar de um ancião, e gritou:
–Seu estúpido! Assim que levarmos a mensagem para a Corte imperial, Fouquet estará do outro lado do mundo! Ademais, podemos resolver esse pequeno problema por nós mesmos, senão não merecemos o título de nobres! Já que o Báculo foi roubado da academia, cabe a nós a responsabilidade de pegar nossas coisas de volta!
Longueville sorriu, como se esperasse por essa resposta. Osmond tossiu, e começou a recrutar voluntários.
–Bom, vamos organizar uma equipe para encontrar Fouquet. Aquele que queira ir, levante sua varinha.
–Ninguém? Que estranho. Ninguém quer ser conhecido como o herói que capturou
Fouquet?
Louise estava entre os que abaixaram a cabeça, mas decidiu levantar a varinha.
–Senhorita Vallière! – exclamou Chevreuse surpreendida. –Não deve fazer isso! Você ainda é apenas uma estudante! Por Favor, deixe esse assunto com os professores.
–Mas nenhum de vocês quer ajudar... – murmurou Louise.
Saito olhou para Louise com a boca entreaberta. O rosto sério de Louise, somado a como ela mordia ternamente seus lábios, golpeou a Saito de forma que ele ficou cativado.
Vendo que Louise havia erguido sua varinha, Kirche ergueu a sua também, com um pouco de relutância.
Colbert, ainda mais surpreendido, exclamou:
–Miss Zerbst! Você não é uma estudante também?
–Bom... – disse Kirche com franqueza, – eu só não posso perder para a família Vallière.
Vendo que Kirche levantou sua varinha, Tabitha fez o mesmo.
–Tabitha! Não precisa fazer isso! Não é um assunto que te envolva! – Kirche disse.
Tabitha se limitou a contestar:
–Estou preocupada...
Sentindo-se comovida, Kirche olhou para Tabitha com gratidão. Ao mesmo tempo, Louise também murmurou:
–Obrigado... Tabitha.
Olhando para os três, Osmond riu e disse:
–Bom... então tudo depende de vocês agora.
–Senhor! Diretor Osmond! Oponho-me fortemente! Não podemos por em perigo a vida de nenhum estudante!
–Então quer ir no lugar deles Miss Chevreuse?
–Ah... eh... bem... não me sinto muito bem ultimamente, então...
–Elas já viram Fouquet antes e, ademais, embora a Senhorita Tabitha seja muito jovem, ouvi que foi outorgado a ela o título de Chevalier, não é verdade?
Tabitha não respondeu e se manteve calada.
Todos os professores olharam para Tabitha com assombro.
–Isso é verdade Tabitha? – perguntou Kirche com um assombro similar.
Mesmo que o título de Chevalier era o título mais baixo que a família imperial podia dar a alguma pessoa, Kirche estava impressionada em como Tabitha poderia ter ganhado mesmo sendo tão jovem. Se fosse um título de Baronesa ou Marquesa, podia-se obter facilmente comprando diversas áreas de terra. Mas, para obter o título de Chevalier tinha que render um grande serviço ao país. Era um título dado baseandose unicamente em mérito.
De novo, Havia muita comoção no interior da Câmara.
–A senhorita Zerbst de Germânia, – continuou o Velho Osmond. – vem de uma família que se diferencia pelos seus heróis de guerra, e ela mesma possui um domínio muito grande sobre a magia de fogo.
Kirche balançou o cabelo com confiança.
Louise, pensando que era a vez dela ser louvada também, prestava atenção. Osmond estava em um aperto. Não havia nada a ser destacado em Louise...
–Aham! – limpando sua garganta, Osmond fixou os olhos em Louise, e disse:
–Eh... A Senhorita Vallière procede da famosa família Vallière, prestigiada pelos seus magos. E... será uma maga promissora... no futuro. E referente ao seu familiar... – ele pousou a vista em Saito e continuou dizendo: – Mesmo sendo um plebeu, venceu o filho do general Gramont, Guiche de Gramont, em uma luta.
O Velho Osmond pensou para si mesmo. E se ele for mesmo o familiar lendário, Gandalfr... Fouquet não será um adversário digno para ele.
O Senhor Colbert concordou entusiasmado:
–Sim! Sim! Porque ele é o lendário familiar Gan...
O Velho Osmond fechou com rapidez a boca de Colbert antes que ele pudesse terminar de falar.
–Ah... haha... está falando besteiras...
O silencio reinou novamente.
–Se alguém acha que é mais capaz – disse o diretor solenemente. –do que as pessoas aqui mencionadas, dê um passo a frente.
Ninguém se manifestou.
Assim, Osmond se virou para o grupo e disse:
–A Academia espera a captura de Fouquet.
Louise, Kirche e Tabitha se puseram firmes e disseram:
–Juramos por nossas varinhas que capturaremos Fouquet!
Depois disso, elas seguraram as bordas de suas saias e fizeram reverencia. Saito fez o mesmo com rapidez. Como não usava saia, segurou a parte inferior de sua jaqueta.
–Então, preparem a carruagem e partam imediatamente, vocês tem de conservar suas energias até chegarem ao local.
–Miss Longueville, poderia ir com eles também?
–Sim, Senhor diretor, eu já tinha intenção de acompanhá-los. – disse Longueville.
Assim, sob a liderança de Longueville, os quatro partiram.
Mesmo sendo considerada uma carruagem, não era mais que um carro feito com pranchas de madeira usadas como assento. A parte boa era que se houvesse alguma luta, poderíamos saltar da carruagem sem problemas.
A Senhorita Longueville se encarregava de conduzir.
–Senhorita Longueville – perguntou Kirche à silenciosa Longueville, que se concentrava na condução. –Esse trabalho poderia ser feito por um plebeu, então, por que o faz você mesma?
Miss Longueville sorriu e disse:
–Não faz mal... não sou uma nobre mesmo...
Kirche se calou por um momento, e perguntou de novo:
–Por acaso você não é a secretária do Diretor Osmond?
–Sim, eu sou. Mas o Velho Osmond não é uma pessoa que se importa com o status das pessoas que o ajudam, seja nobre ou plebeu.
–Se possível, conte-me como você perdeu sua posição, por favor.
Mas a Senhorita Longueville se limitou a sorrir para Kirche. Parecia que a conversa havia terminado.
–Por favor, me diga, mesmo que seja só um pouquinho... – insistia Kirche enquanto se inclinava cada vez mais até Longueville. Então alguém a segurou pelos ombros. Era Louise.
–O que você quer, Vallière? – perguntou Kirche, se virando.
–Pare agora. Deixe de se intrometer no passado das outras pessoas.
–Hmph, estou entediada. Por isso preciso de alguém para conversar. – contestou Kirche enquanto punha suas mãos detrás de sua cabeça e se recostava na carruagem.
–Não sei se isso se aplica ao seu país, mas em Tristain é algo vergonhoso forçar alguém a falar algo que não queira dizer.
Kirche não a respondeu. Levantou-se, se sentou com as pernas cruzadas, e começou a falar:
–Tudo isso é culpa de sua impetuosidade, que me mete nessa confusão. Capturar Fouquet...
–O que quer dizer com isso? Por acaso você não foi voluntária? –perguntou Louise irritada.
–Se por acaso você viesse sozinha, Saito não estaria em perigo também? Tenho razão, Louise o Zero?
–Por que diz isso?
–De qualquer maneira, se um grande golem aparecesse de novo, aposto que fugiria para a retaguarda e deixaria Saito fazer todo o trabalho, não é mesmo?
–Por que fugiria? Eu usaria minha magia, entendeu?
–Você usando magia? Que piada!
As duas começaram a se encarar de novo. Tabitha continuava lendo seu livro.
–Já chega! Por que vocês duas não param com isso? – Saito interrompeu.
Kirche fez um gesto e disse:
–Está bem, pararei. Não sou eu a defeituosa mesmo...
Louise mordeu os lábios.
–Bom, então, querido, isso é para você.
Kirche olhou para Saito de forma sedutora e entregou em suas mãos a espada que tinha comprado.
–Uau! Obrigado! – disse Saito enquanto pegava a espada.
–Ganhei o duelo, não tem nenhuma objeção, não é? Louise o Zero?
Louise olhou para ambos, mas se manteve em silencio.
De repente tudo se escureceu. A carruagem havia entrado no bosque. A escuridão, e um odor estranho que invadiam o bosque, os fez estremecer.
–Teremos que caminhar a partir daqui. – disse Longueville.
O grupo desceu da carruagem e começou a andar por uma trilha estreita dentro da floresta.
–Tenho medo do escuro e não gosto de lugares como esse... – disse Kirche enquanto passava seu braço ao redor do braço de Saito.
–Poderia se afastar um pouquinho de mim?
–Mas eu tenho medo! – disse Kirche com uma reação exagerada. Dava pra perceber que era mentira a quilômetros...
Saito, preocupado com Louise, a olhou. Louise virou o rosto.
–Hmph!
O grupo chegou a um lugar claro do bosque. O tamanho era parecido com o do Jardim Vestri e no meio havia uma casa abandonada. A casa era construída com madeira. Junto a ela havia um pequeno armazém.
O grupo se escondeu por trás de um arbusto e observava a casa. A Senhorita Longueville apontou para a cabana e disse:
Pela informação que obtive, esse deve ser o lugar.
–Parece que não há nada dentro. Tem certeza que Fouquet se esconde aí?
O grupo começou a discutir, usando gravetos para desenhar seu plano de batalha no solo. Todos estavam de acordo que o melhor seria uma emboscada. Ainda melhor se ele estivesse dormindo.
Primeiro, precisavam que alguém observasse ao redor da casa para saber o que estava acontecendo dentro dela. Depois, se Fouquet estivesse dentro dela, o explorador vai fazer com que ele saia, pois não haverá terra o suficiente dentro da casa para que ele possa criar um golem de terra. Uma vez que ele esteja do lado de fora, o resto do elenco usaria suas magias contra ele, não o deixando ter chance de invocar se golem.
–Então, quem o atrairá para fora? – perguntou Saito.
–Aquele que tenha melhores reflexos. – respondeu Tabitha.
Todas olharam para Saito.
–Eu? – suspirou Saito. Desembainhou a espada que Kirche havia o dado.
As runas em sua mão esquerda começaram a brilhar. Ao mesmo tempo, Saito sentiu seu corpo leve como uma pena.
Saito se moveu ao redor da casa e olhou para dentro através de uma janela. Somente havia um único cômodo na casa, com uma mesa e uma cadeira reclinável que estavam cobertas de pó. Também havia uma garrafa de vinho em cima da mesa, e em uma quina do cômodo, uma pequena lareira acesa.
Não havia ninguém dentro da casa, e não havia lugar para se esconder dentro dela.
Saito usou sua mão para fazer um “X” em cima de sua cabeça, que era o sinal para dizer que a casa estava vazia.
O resto do grupo, que estava escondido, se aproximou da casa com cuidado.
–Não há ninguém na casa. – disse Saito enquanto apontava para a janela.
–Não há armadilhas. – murmurou Tabitha, movendo seu bastão ao redor da porta.
Logo a porta se abriu e eles entraram na casa.
Kirche e Saito a seguiram e entraram. Louise disse que ela ficaria de guarda do lado de fora. Miss Longueville disse que ia investigar ao redor da casa e desapareceu.
O grupo de Saito começou a buscar pistas que indicassem onde Fouquet tinha ido. Então Tabitha encontrou uma caixa... era o Báculo da Destruição.
–O Báculo da Destruição. – disse Tabitha enquanto o pegava.
–Não foi fácil demais? – disse Kirche
Saito olhou atônito para o Báculo da Destruição e disse:
–Kirche, isso é realmente o Báculo da Destruição?
–Sem dúvida, eu o vi uma vez quando dava uma volta na sala de tesouros.
Saito pegou o Báculo e examinou cuidadosamente.
–Se eu não me engano isso é um...
Justo nesse momento, Louise que estava fazendo guarda do lado de fora deu um grito aterrador.
–Ahh!!!
–O que aconteceu, Louise?
Quando todos olharam para fora, ouviu-se um ruído estrondoso.
Crack!
A casa ficou inesperadamente sem telhado, eles olharam para cima e no lugar do telhado havia um golem gigante.
–É um golem de terra! – gritou Kirche.
Tabitha foi a primeira a ter reação. Movendo seu bastão ela começou a entoar seu encantamento.
Um redemoinho apareceu de seu bastão e golpeou o golem. Depois que o redemoinho desapareceu, o golem não tinha sofrido nenhum dano.
Seguindo Tabitha, Kirche pegou sua varinha oculta em sua capa e começou a recitar. Uma bola de fogo saiu de sua varinha e envolveu o golem. Mesmo a criatura estando em chamas, não parecia que sofreria danos pelo fogo.
–Isso é demais para nós! – gritou Kirche.
–Retirada. – disse Tabitha com uma voz suave.
Kirche e Tabitha saíram correndo por lados diferentes da casa. Enquanto isso, Saito procurava por Louise.
–Ali!
Louise parou atrás do golem, recitou algo e apontou sua varinha ao golem. Algo explodiu em sua superfície. Era a magia de Louise! O golem se deu conta, virou para trás e encarou Louise.
Saito, de pé perto da porta, a uns vinte metros de onde Louise estava, gritou:
–Fuja Louise!
Louise se negou.
–Não! Se eu conseguir fazer isso ninguém mais me chamará de Louise o Zero. Nunca mais!
Louise parecia muito séria. O golem sacudiu sua cabeça, decidindo se ia enfrentar Louise ou ir atrás de Kirche e Tabitha que estavam fugindo.
–Veja a diferença de tamanho entre você e esse golem! É impossível que ganhe!
–Nunca saberei se não tentar.
–É difícil demais! É impossível!
Louise olhou para Saito.
–Isso não foi o que você mesmo disse antes?
–O quê?
–Quando as Valkirias de Guiche estavam te dando uma surra, você voltava a levantar e dizia que não iria abaixar a cabeça, ou senão, nunca ganharia.
–Sim... eu disse... mas...
–Eu sinto o mesmo. Mesmo que eu não me saia bem, é uma questão de orgulho. Se eu sair correndo agora, as pessoas dirão: “é porque ela é Louise o Zero. Por isso Fugiu.”
–Acaso isso importa? Deixe as pessoas dizerem o que querem!
–Mas eu sou uma nobre, e os nobres podem usar magia. – Louise apertou sua varinha com força. –E os nobres nunca viram as costas para o inimigo.
O golem decidiu que se encarregaria de Louise primeiro, e levantou a perna, pronto para pisoteá-la.
Louise levantou sua varinha apontando ao golem e voltou a recitar.
Mas falhou, apesar de ter tentado usar “Bola de Fogo”
Então uma pequena explosão apareceu no peito do golem e alguns fragmentos de terra saltaram de seu peito. O golem não estava afetado em nada pelo ataque.
Saito pegou sua espada e correu até Louise.
Louise viu o pé do golem se aproximando cada vez mais. Fechou os olhos e se preparou para o pior. Nesse instante, Saito chegou com a velocidade do vento, pegou ela e rolou para longe do pé do golem.
Saito deu um tapa no rosto de Louise.
–Está querendo morrer?– disse Louise, atordoada.
–Pro inferno com esse seu orgulho de nobre! – gritou Saito. –Se você morrer, nada disse importaria mais, idiota!
As lagrimas começaram a aflorar do rosto de Louise como uma catarata.
–Por favor, não chore! – Saito tentou acalmá-la.
–Mas... mas eu não posso mais falhar... sempre sou tratada como uma inútil pelos demais...
Olhando para o rosto coberto de lágrimas de Louise, Saito sentiu pena. Chamada constantemente de “o Zero”, sendo tratada como uma idiota, ninguém iria querer falhar de novo. Lembrou de sua batalha com Guiche. Louise chorou daquela vez também. Mesmo que Louise fosse teimosa e mandona, na verdade ela detestava brigas, e tampouco era boa nelas.
Ela é apenas uma garota.
O rosto lindo de Louise estava agora coberto de lágrimas, como uma garotinha. Mas esse não era o momento de consolos.
Saito virou para o golem e viu que ele estava levantando o punho, pronto para esmagá-los.
–Não pode sequer me consolar um pouco? – protestou Louise enquanto Saito a carregava e escapavam.
O golem os perseguiu, e mesmo que ele não fosse nada ágil, sua velocidade se igualava com a de Saito.
O dragão de vento de Tabitha aterrissou diante de Saito para ajudá-los a escapar.
–Subam! – disse Tabitha
Saito pôs Louise nas costas do dragão.
–Você também, venha! – lhe disse Tabitha com urgência, algo raro nela. Mas Saito não subiu. Em vez disso ele correu até o golem.
Bang!
O punho do golem esmagou o lugar onde Saito estava. Bem em tempo, Saito saltou e se esquivou do golpe. O golem tirou o punho do solo e uma cratera de um metro apareceu.
–Não chore se não pode agüentar a derrota. – murmurou Saito para si mesmo. – Estúpida! Isso me faz sentir como se estivesse fazendo mesmo algo por você!
Saito encarou o golem e disse:
–Não me olhe por cima dos ombros! Você é apenas um montão de terra!
Ele pegou sua espada e gritou?
–Eu sou o familiar de Louise!
–Saito!
Louise tentou saltar desde Sylphid, que continuava voando, mas Tabitha a deteve.
–Saito, por favor! – suplicou Louise.
Tabitha sacudiu a cabeça.
–Impossível aproximar-se.
Se Sylphid tentasse aproximar-se, o golem o atacaria. Assim Tabitha não pode se aproximar nenhum um pouco de Saito.
–Saito! – gritou Louise novamente.
Louise viu Saito segurando sua espada para enfrentar o golem. O golem se moveu e deu um soco. No processo, o punho dele se converteu em um punho de metal. Saito esquivou do ataque com ajuda de sua espada.
Pang!
A espada se quebrou desde o punho com o impacto.
Saito estava surpreso. Essa é realmente uma espada feita pelo famoso alquimista Germaniano Lord Shupei? É completamente inútil!
Sem uma arma, tudo o que Saito podia fazer era desviar dos ataques do golem. Vendo que Saito estava com problemas, Louise se desesperou.
–Não há formas de ajudá-lo?
Nesse momento, Louise se deu conta que Tabitha segurava o Báculo da Destruição.
–Tabitha! Entregue para mim!
Tabitha assentiu e lhe passou o Báculo da Destruição. Tinha uma forma estranha que Louise nunca tinha visto antes.
Mas como a magia de Louise não funcionava, agora só dependia do Báculo. Louise fechou os olhos e respirou profundamente. Abrindo seus olhos de novo disse:
–Tabitha, use um feitiço de levitação em mim! – e saltou do dragão. Tabitha usou
“levitação” em Louise.
Como efeito do feitiço, Louise desceu lentamente e, olhando para Saito e o golem, agitou o Báculo da Destruição.
Não aconteceu nada. O Báculo não respondeu.
–Isso é realmente um Báculo Mágico? – gritou Louise desesperada. – Tenho que fazer algo para ativá-lo?
Saito olhou para Louise enquanto descia e ficou surpreendido.
Por que voltou? Seria mais seguro ter ficado no dragão!
Ao mesmo tempo ele viu que Louise carregava em suas mãos o Báculo da Destruição. Parece que Louise não sabe como usá-lo e está apenas balançando ele de um lado para o outro...
Saito correu até onde Louise estava.
Se nós usarmos isso poderemos derrotar o golem!
–Saito! – gritou Louise a Saito, que estava correndo até ela.
Saito pegou o Báculo da mão de Louise.
–Não sei como usar isso! – gritou Louise.
–Isso é para ser usado assim!
Saito pegou o Báculo, pegou o punho da arma, abriu a tampa traseira, pegou e estendeu o tubo interno.
Como sei fazer isso? Mas agora não é hora de pensar.
Ele puxou a mira telescópica do tubo e Saito apontou.
Vendo sua habilidade de manejar o Báculo da Destruição, Louise estava muito impressionada para falar qualquer coisa.
Saito colocou o Báculo da Destruição sobre seu ombro e apontou para o golem. Devido a pequena distância entre ele e o golem, Saito decidiu apontar diretamente.
Por estar tão perto o intervalo da arma pode não ser alcançado, e, portanto, pode ser que não exploda. Esqueça isso. Apenas tente!
–Não fique atrás do Báculo! Haverá uma explosão! – gritou Saito.
Louise saiu imediatamente se moveu para mais longe.
O golem se aproximava cada vez mais de Saito. Saito tirou a trava e disparou a arma. Imediatamente, um forte estrondo veio do Báculo, e um projétil alado voou até o golem.
O projétil se chocou com o golem em uma incrível explosão. Saito fechou seus olhos instintivamente.
Escutou-se um ruído ensurdecedor e a parte superior do golem se pulverizou e saiu voando por todas as direções, provocando uma chuva de terra.
Saito abriu os olhos lentamente.
Enquanto a fumaça da explosão se dispersava, só restava de pé a parte inferior do golem. Ele deu mais um passo antes de finalmente parar de se mover e caiu de joelhos.
Então começou a se desmoronar lentamente a partir da cintura... e voltou ao seu estado original: terra. Assim como da última vez, o golem se reduziu a apenas um montão de terra.
Louise, que presenciou tudo aquilo, sentiu que suas pernas ficavam fracas e se sentou no chão.
Kirche que se escondia atrás dos arbustos, saiu correndo.
Saito finalmente deixou sair um suspiro de alívio.
Kirche abraçou Saito e disse:
–Saito! Meu amor! Você conseguiu!
Sylphid, que carregava Tabitha, desceu. Tabitha observava a montanha de Terra quando perguntou:
–Onde está Miss Longueville?
Nesse momento todos se deram conta que Miss Longueville ainda não tinha voltado. E nesse instante ela apareceu vinda do bosque.
–Miss Longueville! Descobriu de onde Fouquet controlava o golem? – perguntou Kirche.
Longueville balançou a cabeça.
Os quatro começaram a investigar a montanha de terra atrás de pistas. Saito olhou para elas, e depois olhou para o Báculo da Destruição.
Por que essa coisa está nesse mundo?
Quando estava pensando, a Senhorita Longueville tomou o Báculo das mãos de Saito.
–Miss Longueville? – perguntou Saito confuso.
Longueville se afastou, tomando distância do resto do grupo.
–Bom trabalho, garotos! – disse.
–Miss Longueville! O que está fazendo? – gritou Kirche.
Louise olhou fixamente pra Longueville, surpresa demais para dizer algo.
–Todo esse tempo era eu que controlava o golem. – Confessou.
–O que? Isso quer dizer que você é...
Longueville tirou seus óculos, e a expressão que antigamente era de ternura agora tinha sede de sangue.
–Sim, eu sou Fouquet o Desmoronamento! O Báculo da Destruição é mesmo poderoso! Conseguiu derrotar meu golem em um só golpe!
Fouquet colocou o Báculo sobre seu ombro como Saito havia feito. Tabitha moveu seu bastão e começou a recitar.
–Não se movam! Estou apontando para vocês o Báculo da Destruição. Abaixem suas varinhas agora.
Não tiveram opção a não ser obedecer. Sem suas varinhas, não podiam usar magia.
–Senhor Familiar Ágil, por favor, abaixe sua espada quebrada também. Você é uma ameaça para mim apenas segurando uma espada.
Saito obedeceu a ordem e baixou sua espada.
–Por quê? – perguntou Louise enojada.
–Hmm... é melhor eu explicar a vocês assim poderão descansar em paz. – disse Fouquet com um sorriso no rosto. –Eu tinha me apoderado do Báculo da Destruição, mas não tinha idéia de como usá-lo.
–Como usá-lo?
–Sim. Não importa quanto eu o agitava ou aplicava magia, não tinha nenhuma resposta. Me frustrei. Depois de tudo, seria tão útil quanto um adorno.
Louise queria correr até Fouquet, mas Saito a deteve.
–Saito!
–Deixe-a terminar.
–Quanta consideração Senhor Familiar. Então continuarei. Já que eu não sabia como usá-lo, a única opção era deixa alguém me ensinar.
–E por isso nos trouxe aqui?
–Sim, como estudantes da academia, poderia haver uma possibilidade de que algum de vocês soubesse utilizá-lo.
–Se nenhum de nós soubesse como usá-lo, o que você teria feito?
–Se esse fosse o caso, todos estariam agora esmagados pelo meu golem. Depois traria outro grupo de estudantes. Mas graças a vocês, finalmente sei como utilizar o Báculo da Destruição. – Fouquet sorriu e continuou, – Mesmo que o tempo que passamos juntos foi pouco, fiquei contente de ter conhecido vocês. Adeus.
Kirche, sentindo estar condenada, fechou os olhos. Tabitha e Louise fecharam os olhos também.
Mas Saito não o fez.
–Você é muito valente, Senhor Familiar.
–Mas isso não é valentia. – contestou Saito.
Fouquet pressionou o gatilho, assim como Saito havia feito. Mas a magia que tinha ocorrido antes não aconteceu de novo.
–Eh? Por quê? – Fouquet pressionou o botão mais uma vez.
–Só tinha um disparo. Não funcionará mais. – disse Saito.
–O que quer dizer com apenas “um disparo”? – disse Fouquet enojada.
–Mesmo que eu explicasse você não entenderia. Isso não é um Báculo mágico de seu mundo.
–O que disse? – Fouquet deixou cair o Báculo da Destruição e pegou sua varinha.
Saito se moveu tão rápido como um raio e golpeou o estomago de Fouquet com o punho da espada.
–Essa é uma arma do meu mundo. Hmm... pra ser mais preciso é um lança míssil M72. Fouquet caiu no chão. E Saito pegou o Báculo da Destruição.
–Saito? – Louise e as outras olharam para ele.
–Capturamos Fouquet e recuperamos o Báculo da Destruição.
Louise, Kirche e Tabitha olharam umas as outras, e então, correram até Saito.
Saito, um pouco confuso, abraçou as três juntas.
Dentro da sala do diretor, o Velho Osmond escutou o grupo contar o que havia acontecido.
–Hmm... então Miss Longueville era Fouquet... Como ela era tão bonita eu não pensei duas vezes antes de contratá-la como minha secretária.
Como foi que você a contratou? – perguntou Colbert, que também estava presente.
–Em uma taberna. Eu era o cliente e ela uma garçonete. Eu acariciei lentamente desde suas mãos até suas nádegas...
–Então, o que aconteceu: – Colbert perguntou de novo.
–Com ela não se irritou comigo depois do que eu tinha feito, eu perguntei se ela queria ser minha secretária.
–Por quê? – perguntou Colbert desconcertado.
–Deixa pra lá! – gritou o Velho Osmond, com um vigor inapropriado para um ancião.
Começou a tossir. E depois disse, – E ela também podia usar magia...
–Sim, magia que mata. – murmurou Colbert para si mesmo.
O Velho Osmond Tossiu novamente e disse de forma educada para Colbert:
–Agora que eu penso, a razão que Fouquet permitiu-me tocá-la por todas as partes, que me servia vinho alegremente e quando me dizia que eu era um homem interessante enquanto estava na taberna; foi somente para poder infiltrar-se na academia. Todos os elogios foram provavelmente mentiras.
Depois de escutar isso, Colbert lembrou que Fouquet também havia o convencido uma vez, e ele havia revelado a debilidade das paredes da câmara. Colbert decidiu que levaria esse segredo com ele até a cova.
–As mulheres bonitas são magos letais.
–Concordo plenamente com você Colbert.
Saito, Louise, Kirche e Tabitha olhavam para os dois indiferentes.
Percebendo como os seus estudantes o olhavam, Osmond limpou sua garganta e recobrou sua atitude solene.
–Bom trabalho. Vocês recuperaram o Báculo da Destruição e capturaram Fouquet.
As três, exceto Saito, agradeceram orgulhosamente.
–Fouquet será entregue aos guardas da cidade, e o Báculo da Destruição voltará para a sala do tesouro. Finalmente o caso foi encerado. – acariciando amavelmente a cabeça das três Osmond continuou, – Pedi para a Corte Imperial que outorgasse a voces o título de Chevalier. Logo teremos a resposta. E já que Tabitha já é uma Chevalier, pedi que lhe dessem o Medalhão do Elfo.
Os rostos das três se iluminaram ao escutar essas notícias.
–Verdade? Disse Kirche surpreendida.
–Sim. Vocês fizeram mais que o suficiente para merecer o título, não foi?
Louise olhou para Saito que estava indiferente desde que tinha entrado na sala.
–Senhor Osmond, Saito... não ganhará nada?
–Creio que não... afinal ele não é um nobre...
–Não preciso de nada. – contestou Saito.
O Velho Osmond bateu palmas. –Quase me esqueci! Hoje haverá o Baile de Frigg, como estava planejado, já que recuperamos o Báculo da Destruição.
O rosto de Kirche se iluminou.
–Está certo! Vamos esquecer Fouquet e dançar a noite inteira!
As três fizeram reverencia e saíram da sala. Louise parou e olhou para Saito.
–Você vai primeiro. – Saito disse para Louise.
Mesmo que Louise estivesse um pouco preocupada, ela assentiu e saiu da sala. Osmond olhou para Saito.
–Tem algo para me perguntar?
Saito assentiu.
–Por favor, pergunte. Responderei a pergunta usando todos os meus conhecimentos. Já que não pude outorgar-te o título é o mínimo que posso fazer.
Imediatamente, ele pediu para que Colbert saísse. Colbert, que estava esperando ver o que Saito tinha para falar, não se mostrou feliz ao sair da sala.
Depois que Colbert saiu, Saito disse:
–O Báculo da Destruição era originalmente do meu mundo.
–Originalmente de seu mundo? – os olhos de Osmond brilharam
–Não sou desse mundo.
–Isso é verdade?
–Sim. Fui transportado para cá graças à invocação de Louise.
–Entendo. Se esse é o caso... –Osmond entrecerrou os olhos.
–O Báculo da Destruição é uma arma de meu mundo. Quem foi que o trouxe para esse?
–Quem me deu o Báculo da Destruição, foi meu salvador... – suspirou Osmond.
–Onde essa pessoa está agora? Com certeza ela é de meu mundo.
–Morreu... e isso foi há mais de trinta anos...
–O quê?
–Há trinta anos, enquanto caminhava em um bosque, fui atacado por um dragão de duas cabeças. Quem me salvou foi o dono do Báculo da Destruição. Ele usou outro Báculo da Destruição para matar o dragão e logo desmaiou. O trouxe para a academia e tratei de suas feridas. Mas não adiantou nada.
–E então ele morreu?
O Velho Osmond assentiu.
–Enterrei o Báculo que ele havia usado junto com ele, nomeei o outro de Báculo da Destruição e o guardei na sala dos tesouros como lembrança daquele que me salvou. – Osmond olhou para longe e disse, – Todo o tempo que estava na cama, até o dia que morreu, ele continuava repetindo: “Onde estou? Quero voltar ao meu mundo”. Suponho que ele era mesmo do mesmo mundo que você.
–Então quem o trouxe para esse mundo?
–Não sei. Até o fim nunca soube como ele havia chegado aqui.
–Maldição! Justo quando pensava que tinha uma pista. – lamentou-se Saito.
A pista havia o levado até um beco sem saída. O salvador de Osmond era provavelmente um soldado de seu mundo. Mas como ele parou aqui? Mesmo que Saito queria saber, não havia maneiras de descobrir mais alguma coisa.
Osmond segurou a mão esquerda de Saito.
–As runas em sua mão...
–Oh, sim. Eu também queria perguntar-lhe sobre isso. Quando as runas se iluminam, posso usar perfeitamente qualquer arma. Não só espadas, mas até armas de meu mundo...
Osmond pensou por um momento e disse, –Isso é o que sei. Essas são as runas de Gandálfr, o familiar lendário.
–Runas de um familiar lendário?
–Sim. Gandálfr era um familiar lendário que tinha o poder de usar qualquer arma. Provavelmente essa é a razão de você ter conseguido usar o Báculo da Destruição.
Saito ficou confuso.
–Então... eu sou um familiar lendário?
–Eu não sei. – Osmond respondeu rapidamente. – Me desculpe, mas há possibilidade que essas runas estejam relacionadas a você ser transportado de outro mundo.
–Oh... – suspirou Saito. Pensava que podia obter respostas do diretor, mas ele aparentemente também não sabia.
–Sinto por não poder ser de mais ajuda. Mas, eu sempre estarei ao seu lado, Gandálfr!
– Osmond abraçou Saito. –Quero lhe agradecer mais uma vez por ter recuperado o objeto de meu salvador.
–Não tem problema... – disse Saito cansado.
–Eu tentei averiguar como você chegou a este mundo, mas...
–Mas, o quê?
–Mas não consegui achar nada. Por favor, não se preocupe. Você se acostumará a este mundo à medida que o tempo passar. Talvez até consiga achar uma esposa aqui...
Saito suspirou novamente. A pista de como voltar ao seu mundo escapou de suas mãos facilmente.
No topo do Refeitório de Alviss, há um grande salão. Ali era onde o Baile acontecia. Saito se apoiou na sacada da varanda e olhava a grande recepção.
Os estudantes e professores, que estavam vestidos elegantemente, se reuniam em volta da mesa cheia de comida requintada e conversavam entre si. Saito chegou até lá por um lance de escadas que conduziam à varanda. Ao vê-los, Saito sentiu que não se encaixava em tudo aquilo e decidiu não entrar.
Junto a ele havia um pouco de comida e uma garrafa de vinho que Siesta havia lhe trazido mais cedo. Saito serviu um pouco de vinho no copo e bebeu.
–Eh? Não acha que está tomando muito? – disse Derflinger, que estava apoiado na sacada. Como a espada que Kirche havia lhe dado tinha quebrado durante a luta, Saito trouxe Derflinger como proteção. Como sempre ele tinha uma língua podre, mas tinha uma personalidade despreocupada, então, tê-lo como companhia tinha seus méritos.
–Você é irritante. E pensar que eu tinha achado que havia encontrado uma maneira de voltar para casa... no final é apenas um sonho... não posso beber para esquecer minha tristeza?
Antes do baile começar, Kirche que usava um lindo vestido, acompanhava Saito. Mas quando o baile começou, desapareceu. Saito não teve opção a não ser usar Derflinger como sua companhia para não ficar entediado.
No meio da pista do baile, Kirche estava rodeada por um grupo de jovens, falando e rindo. Mesmo que ela tivesse prometido conversar com ele, demoraria um pouco até que ela viesse.
Tabitha, que estava com um vestido preto, comia longe a suntuosa comida da mesa.
Parece que todos estão desfrutando o baile...
As portas do grande salão se abriram e Louise apareceu. Os guardas da porta informaram a todos a chegada de Louise:
–A filha do Duque Vallière, Louise Françoise Le Blanc de La Vallière chegou.
Saito conteve a respiração.
Louise estava com um vestido de noite branco, com seu longo cabelo cor de morango preso em um rabo-de-cavalo. Suas mãos estavam cobertas com grandes luvas de um branco puro que enfatizavam seu esplendor. Seu pequeno rosto, com seu vestido de corte baixo, a fazia brilhar como uma jóia.
Depois de confirmar que a convidada havia chegado, os músicos começaram a tocar a musica que era incrivelmente tranqüilizadora.
Ao redor de Louise só havia homens cativados por sua beleza, pedindo para dançar com eles. Antes disso, ninguém havia notado a beleza de Louise e só pensavam nela como “Louise o Zero”. Agora, um grande número de homens tentava ganhar seu coração.
Os nobres começaram a dançar elegantemente na pista do baile. Louise recusava o pedido deles para dançar. Viu Saito na varanda e se dirigiu até ele. Louise ficou de pé em frente ao Saito ligeiramente bêbado e pôs o braço em sua cintura.
–Parece que você está se divertindo sozinho. – ela disse.
–Não realmente... – Saito apartou seu olhar da deslumbrante Louise, pensando que teve sorte de tomar um pouco de vinho, senão Louise notaria que ele estava corando.
Derflinger olhou para Louise e disse:
–Haha! A roupa realmente faz mudar uma pessoa!
–Não é da sua conta. – Louise encarou a espada e cruzou os braços.
–Não vai dançar? – perguntou Saito, evitando olhar para Louise.
–Não tenho companhia... – contestou Louise.
–Não tinha um monte de gente te convidando para dançar agorinha mesmo? – perguntou Saito.
Louise não respondeu e estendeu a mão.
–Eh? – disse Saito confundido.
–Mesmo que você seja só um familiar, farei uma exceção. – disse Louise, envergonhada, evitando olhar para Saito.
–Você não quer dizer: “Me concede essa dança”? – disse Saito, também evitando olhar para Louise.
Depois de um momento de silencio Louise suspirou.
–Só por hoje! – disse.
Louise segurou a borda de seu vestido e fez uma reverencia.
–Me concede essa dança, Senhor?
Isso fez a tímida Louise parecer ainda mais linda e cativante que antes. Saito segurou a mão de Louise tremendo, e juntos foram até a pista de dança.
–Nunca participei de um baile antes... – disse Saito.
Somente siga o ritmo. – disse Louise e tomou a mão de Saito amavelmente.
Saito imitou Louise e seguiu seu ritmo. Louise, que não parecia importar-se com os movimentos rígidos de Saito, e se se concentrou na dança.
–Saito... eu acredito em você... – ela disse.
–O quê?
–Você disse que era de outro mundo. – respondeu Louise enquanto dançava elegantemente.
–Eh? Antes não acreditava em mim?
–Antes eu tinha minhas dúvidas do que dizia. Mas, o Báculo da Destruição é uma arma de seu mundo, não é? Quando eu vi o que você fez, só me restava acreditar em você.
Louise abaixou a cabeça e perguntou:
–Você quer voltar?
–Sim. Eu quero voltar. Mas como não há formas de fazê-lo terei de me acostumar com a vida aqui.
–Tem razão... – murmurou Louise e continuou dançando. Depois disso, Louise continuava corada e não se atrevia a olhar para Saito.
–Obrigada. – ela disse abruptamente.
Ao escutar isso, Saito ficou confuso.
–Por que está agindo tão estranho agora?
–Bem... não me salvou quando o golem quase me esmagou? – contestou Louise.
Os músicos tocaram uma melodia mais alegre. Pouco a pouco, Saito estava se animando.
Algum dia... poderei voltar para casa... mas ficar aqui também não é tão ruim. Louise está amável hoje, deveria estar satisfeito.
–De nada. Eu só fiz o que eu devia ter feito.
–Por quê?
–Porque sou seu familiar.
Louise sorriu.
Derflinger, que continuava na varanda, olhou os dois.
–Incrível! – disse a si mesmo.
As luas gêmeas iluminavam a pista de dança do baile, e junto com a luz das velas, criavam uma atmosfera muito romântica na pista de dança.
–Companheiro! Você me impressiona! – exclamou a espada vendo seu companheiro dançar com sua ama. – Um familiar dançando com seu amo? Essa é a primeira vez que vejo algo assim!

Nenhum comentário:

Postar um comentário