sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Ano hi mita hana no namae o bokutachi wa mada shiranai - Vol.1 - Cap.05

Capítulo 5 – O Desejo de Menma 

Eu voltei pra casa e chequei: Menma não estava lá.

  Será  que  ela  simplesmente  desapareceu?  Se  ela  realmente  desapareceu,  isso significa que ele, o eu do passado, perdoou o eu do presente?

  Não. Deve ser o completo oposto: ele queria me fazer sentir muito mais dor.

       Porque eu sempre quis dizer “Minha querida Menma ”, e por isso comecei ver um alucinação com a forma dela.

O eu do presente era covarde e medroso.

 —           Jinta, qual sal de banho você quer? Kusatsu ou Abashiri?

  A  voz  alegre  do  meu  pai  veio  do  banheiro.  Como  sempre,  eu  disse  que  podia  ser qualquer um.

  Meu  pai  não  tinha  nenhuma  intenção  de  me  repreender  por  não  ir  à  escola.  Ele apenas  agia  como  sempre  e  vivia  uma  vida  sem  preocupações.  Contudo,  certamente  é anormal  o fato de  que para ele era normal permitir que o filho  se  escondesse em  casa  e não saísse.

  Depois de se banhar, ele até mesmo me ajudou a colocar os sais no meu banho. Esse tipo de cuidado, ou esse tipo de simpatia, era demais para mim.

  Tendo saído do banheiro, a primeira coisa que meu pai fez não foi beber sua cerveja, mas sim preparar o café.

  Então, ele colocou um copo no santuário da mamãe. Cruzando as pernas, ele sentou na frente e bebeu devagar com ela.

       —   Touko, hoje eu também fiz o meu melhor em ser o meu melhor.

  Era uma frase que mamãe sempre dizia.        

  As condições do corpo da minha mãe não eram boas desde o começo. Desde que eu começara  nas  últimas  séries  da  escola  primária,  ela  vivia  no  hospital.  Eu  odiava  a  vista  da janela da enfermaria, uma vez que era uma cena que apenas trocava de cores de acordo com as estações. Eu sempre tentava arranjar desculpas pra não ir vê-la.

  Eu  não  queria  olhar  o  rosto  da  minha  mãe  mudando  mais  rápido  que aquela  vista quase imutável... A única coisa ser que...
  Eu nunca esperaria que Menma fosse morrer ainda mais cedo que minha mãe.

  Naquele dia, papai me pedira pra não falar com a mamãe sobre isso.  Eu já planejava não contar a ela.

  Mas  os  rumores  corriam  rápido  na  cidade,  e  logo  chegaram  ao  hospital.  Quando minha mãe soube, el

 —           Jinta, você tem que dar seu melhor em ser o seu melhor.

  Ela não me perguntou  nada,  e apenas  disse  isso,  levemente me segurando  em seus braços.

  O  peito  quente  dela  e  as  batidas  rítmicas  do  seu  coração  sempre  me  traziam segurança.  Quando  eu  ainda  era  um  bebê,  mamãe  fazia  isso  toda  vez  que  eu  chorava.  Mas
naquela hora, seu  peito estava magro e  fino, sua clavícula exposta,  o  cheiro forte de remédio correndo em meu nariz. Meus olhos começaram a marejar, e a barragem entrou em colapso. As lágrimas transbordaram muito além de meu controle.

  Eu queria ver Menma. Realmente queria. Eu queria chorar naquele peito magro.

  O que estou fazendo…?        Não pude deixar de murmurar. Uma chance veio a mim, uma chance rara de eu me desculpar. Mesmo que fosse uma alucinação,  algo  que  eu criara,  ainda
não era uma rara oportunidade de me desculpar?

  Eu estava  perdido  em  pensamentos  e  não  entrei no banheiro  até  meu pai  subir  as escadas.

 Quando  voltei a mim,  a TV  já  estava fora do ar.  Eu não  a  desliguei, mas olhava pra tela hipnotizado.
 

       —   Jin-ta-kun! Venha-pra-fora-brincar!

   Fui acordado por essa voz direta, cheia de uma entonação impressionante.

  Quando  levantei minha  cabeça, um  sentimento vago me disse que  já era de  manhã.
Meu  pai,  aparentemente,  já  havia  saído  pra  trabalhar.  Eu  me  levantei  tremendo,  minha escápula fazendo barulhos estranhos.

 —   Jin-ta-kun! Venha-pra-fora-brincar!

  Apesar  de  eu  querer  ignorá-la,  não  poderia.  Aquela  voz  irritante  repetia incessantemente essa saudação. Era Hisakawa.

  Relutantemente,  eu  abri  a  porta.  Hisakawa  acelerava bastante sua scooter  naquela manhã brilhante.

 —           Eu vim te buscar, Jintan!

 —           Hã? Me buscar

 —   Ontem à noite, eu ouvi a transmissão “Ore como as estrelas” no meu trabalho. E senti que desejos são coisas a serem realizadas! Então eu pensei sobre isso!

       —   Eu já te disse Não tem como

       —   Ah, tudo bem! Eu já chamei todo mundo!

 —           Hã!?

   De tão surpreso que eu estava, minha voz estremeceu. De acordo com Hisakawa, ele tinha contado aos membros dos Super Protetores da Paz sobre  a aparição de Menma e todos
concordaram em se encontrar.

       —   Todos ficam tão sérios quando pensam na Menma. Isso é amor!

  Isso era suspeito.

       Eu não vou me juntar a vocês , pensei em dizer Mas  ...
 

       —   Eu entendo Deixar eu trocar de roupa Espere um pouco

       —   Oh! Vou esperar por você não importa quanto tempo leve, meu parceiro!

Pensei enquanto trocava minha camisa. Hisakawa deve ter filtrado meu trauma, minhas alucinações, com a “Máquina de filtração Poppo” e exagerado. Originalmente, eu tinha sido acusado de estar doente. Agora, eu estava fadado a ser considerado louco.

  Lembrei  dos  olhos  do  Yukiatsu  me  encarando  de  cima.  Mesmo  que  eu  não  os estivesse vendo agora, provavelmente iria incessantemente lembrar daqueles olhos.

  Vesti  as  roupas  mais  arrumadas  e  limpas  que  eu  tinha  e  estendi  a  mão  para  meu chapéu de nylon, logo abaixo do meu campo de visão.

       Esquece.

  Eu  não  queria  que  Yukiatsu  zombasse  de  mim  de  novo.  Não,  eu  não  queria  que ninguém zombasse de mim. Mesmo que eu fosse uma pessoa completamente diferente, ainda
tinha um pouco de autoestima.

  Embora eu soubesse que a autoestima só pioraria a situação.

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