segunda-feira, 20 de maio de 2013

Sword Art Online - V.04 / Cap.03

(Capitulo aqui segue a cronologia original da LN) - Capítulo 7 [Downloads]
No jardim lá fora, uma pequena camada de neve ainda cobria o chão, e o ar frio envolvia meu corpo. Mesmo assim, o sono não deixava minha mente. Balancei a cabeça algumas vezes e então fui para o lavatório no canto do jardim. Girei a antiga torneira de prata e coloquei minhas mãos sob a água caindo. Joguei um pouco de água fria em meu rosto, meus nervos faciais estremeceram com uma dor formigante, e fiquei admirado que a água não tivesse congelado. Ignorando a dor, joguei água no rosto duas ou três vezes e então tomei um gole d’água diretamente da torneira. Enquanto secava meu rosto com a toalha pendurada em volta do pescoço, a porta de vidro deslizante que dava para a varanda se abriu e Suguha desceu as escadas usando seu colete. Normalmente, ela é muito animada pela manhã, mas hoje foi um dia diferente, ela estava apenas meio acordada com sua cabeça cambaleante. — Bom dia, Sugu. Escutando o som da minha voz, Suguha caminhou firmemente até minha frente, piscou e disse: — Bom dia, onii-chan. — Você está parecendo morta de sono. Que horas foi dormir ontem? — Hm, por volta das 4 da madrugada. Mais do que um pouco surpreso, chacoalhei minha cabeça. — Isso não é nada bom, uma criança não deveria ficar acordada até tão tarde. Ficou fazendo o quê? — Bem... eu estava na internet…

A resposta me surpreendeu um pouco. Se fosse a velha Suguha, eu não poderia imaginá-la ficando até tão tarde na internet. Essa garota... cresceu bastante nos últimos dois anos em que não estive aqui, pensei com um pontada de dor. — Enquanto for com moderação... Não que eu tenha direito de falar qualquer coisa… Minha voz parecia vaga enquanto eu disse a última parte, e de repente me lembrei de algo que aconteceu ontem de noite e então disse: — Ei, Sugu, vire-se. — …? Ainda meio sonolenta e inclinando a cabeça conforme o meu pedido, Suguha deu meia volta. Coloquei minha mão direita debaixo da torneira e a encharquei completamente, então abaixei a gola do colete dela e deixei ao menos meia dúzia de gotas d’água a uma temperatura criogênica caírem em suas costas. — Piaaaaaa...! Suguha pulou e soltou um grito alto. Suguha continuou de cara feia durante o alongamento e os exercícios, mas quando prometi levá-la ao restaurante familiar próximo para comer um caro parfait de framboesa, ela recuperou o bom humor facilmente. Hoje, como nós dois varamos a noite, quando terminamos de treinar e revezar no banho, já era nove horas. Nossa mãe ainda estava, como sempre, dormindo profundamente no quarto dela, então Suguha e eu fizemos o café da manhã juntos. Enquanto eu lavava alguns tomates e os cortava em seis partes iguais, ela cortava uma alface; Suguha então olhou para mim e perguntou: — Onii-chan, quais são seus planos para hoje? — Bem, tenho uma promessa a manter um pouco depois do meio dia, mas acho que vou visitar o hospital. — Entendo...
Desde que fiquei ciente da situação de Asuna, visitar o hospital de vez em quando se tornou meu hábito mais importante. No mundo real, só tenho 16 anos e havia muito pouco que eu poderia fazer por Asuna. Não, posso se dizer que não havia quase nada... Tudo que eu podia fazer era segurar sua mão e continuar a rezar. As fotos que recebi de Agil vieram à minha mente. Após descobrir uma pista, entrei no mundo imaginário de ALfheim e após dois dias, finalmente cheguei perto da localização da foto, mesmo sem evidência de que fosse Asuna. Eu poderia estar procurando em uma direção totalmente errada. Mas irei encontrar algo naquele mundo — estou certo disso. Sugou desejou que Asuna dormisse para sempre, e ALfheim Online é administrado pela companhia que aquele cara controla. Os dados do avatar «Kirito» existindo naquele mundo e a presença da IA que cuidava da saúde mental dos jogadores em SAO, «Yui»... eu ainda não entendia que tipo de quebra cabeça essas peças construiriam. Eu pretendia completar o desafio final da terra das fadas e escalar a «Árvore do Mundo» hoje, assim que a manutenção do servidor de ALO estivesse concluída. Toda vez que pensava sobre isso, minhas costas tremiam de ansiedade. Parecia que eu não seria capaz de aguentar esperar silenciosamente pela manutenção acabar apenas sentado em meu quarto, me perguntando se estava seguindo o caminho correto ou não. É por isso que, antes disso, eu gostaria de ver a verdadeira Asuna novamente e sentir o calor dela. Sugou pode ter me dito para não voltar lá para vê-la, mas ele, basicamente, não poderia fazer nada sobre minha visita de qualquer forma. Com os tomates cortados, a alface e o agrião misturados na tigela, salpiquei os temperos e misturei. Ao meu lado, Suguha, que estivera quieta por um instante, ergueu o rosto e abriu sua boca para perguntar. — Ei, onii-chan. Posso ir ao hospital com você...? — Hã...?
Fiquei um pouco espantado. Até agora, Suguha nunca se incomodou em saber nada sobre SAO. Eu contei para ela quem era Asuna antes, mas, além disso, não lhe contei sobre o nome do meu avatar nem nada mais. Ontem à noite, arrasado após saber do casamento de Asuna com Sugou, explodi em lágrimas na frente de Suguha. Embora ainda me sinta um pouco desconfortável, assenti com uma expressão calma. — Ah... claro. Asuna ficaria muito feliz sobre isso. Após escutar isso, Suguha sorriu e assentiu. Não sei por que, mas parecia que o rosto sorridente dela continha também um pingo de tristeza quando eu olhei em seus olhos. Mas Suguha se virou, pegou a tigela e caminhou para a mesa da cozinha. Ela não mostrou qualquer expressão estranha após isso, e logo esqueci sobre aquele sorriso desconfortável. — Onii-chan, o que você vai fazer sobre os estudos? Suguha perguntou enquanto sentava à mesa no lado oposto ao meu, fazendo um barulho alto enquanto mastigava os vegetais frescos e crus. Era uma pergunta razoável. Eu tinha catorze anos e no outono de meu oitavo ano do ensino fundamental, fui preso dentro de SAO. Escapando depois de dois anos, agora eu tinha dezesseis. Eu deveria ser um estudante do primeiro ano do colegial em abril deste ano1, mas não fiz os vestibulinhos. Mesmo se eu fizesse as provas agora, a maior parte da minha memória foi dedicada à enorme quantidade de informação relacionada a SAO. Levaria um bom tempo para esquecer os padrões de ataque de monstros e preços de itens e então aprender história e inglês. Neste ponto, um homem de terno e gravata e óculos do Ministério de Assuntos Internos e Comunicações veio e falou comigo. Minha mente andava preocupada com pensamentos sobre Asuna, e não prestei muita atenção, mas apesar disso, consegui me lembrar do que ele disse de alguma forma.
1 Relembrando a todos que o sistema de ensino japonês funciona diferente do brasileiro. Tentamos adaptar para o que parecesse o mais equivalente possível ao sistema brasileiro.
— Parece que há… planos de usar um prédio escolar abandonado por causa da unificação e reorganização e então reformá-lo em uma escola temporária, especializada em ensinar estudantes do fundamental e médio que voltaram de SAO. Todos são aceitos sem um exame de entrada e serão qualificados para fazer vestibulares para universidade quando se graduarem. — Ah, entendo. É bom saber disso… Eu acho… Suguha sorriu, mas então franziu o cenho e disse baixinho: —... Isso parece bom demais pra ser verdade... — Ah, sua intuição é boa. Sorri com as palavras de minha irmãzinha. — Acho que o objetivo do governo é só isso. Afinal, passamos os dois últimos anos em um jogo de morte brutal. Os oficiais do governo estão preocupados em como nossa saúde mental foi afetada. Então estão nos jogando todos juntos, dessa forma, eles podem cuidar de nós em um só lugar, dando-nos alguma tranquilidade. — Como podem… O rosto de Suguha se distorceu irritado, então eu adicionei apressadamente: — No entanto, apesar da forma com que estão lidando com a situação, tenho que agradecê-los pela assistência que estão nos oferecendo. Mesmo se eu quisesse fazer o vestibulinho para um colégio normal, teria que me preparar por um ano. É claro, não é totalmente necessário irmos para essa escola temporária, podemos escolher estudar para as provas sozinhos se quisermos. — Você poderia fazer isso, as notas do onii-chan são boas. —Eram, não estudei por dois anos. — Então eu vou te ensinar! — Ah, então posso pedir ajuda pra você com matemática e raciocínio lógico? — Ugh...
Sorrindo sarcasticamente para Suguha, que parecia estar sem palavras, enfiei um pedaço de torrada com manteiga na boca. Na verdade, eu não estava em condições mentais para pensar sobre a escola no momento. Ainda havia a situação de Asuna a considerar, e, ao mesmo tempo, eu não me sentia realmente um estudante ainda. Nos dois meses desde que voltei para o mundo real, me senti inquieto sem minhas duas amadas espadas em minhas costas. Entendia que esse era o mundo real, não tinha monstros que queriam me atacar e tomar minha vida, mas ainda me sentia inquieto. Minha essência era o «Espadachim Kirito», ir para a escola assistir às aulas como «Kirigaya Kazuto» ainda parecia ser algo como uma existência ilusória. Quero dizer, em meu coração, Sword Art Online ainda não havia realmente acabado. Enquanto Asuna não retornasse a este mundo, eu não podia abaixar minha espada. Após eu trazê-la de volta a este mundo — então tudo poderia começar de verdade. Pagando as passagens usando meu celular, Suguha e eu pegamos o ônibus. Anteriormente, eu sempre tinha ido de bicicleta até o hospital, mas decidi dar uma pausa no meu treinamento de resistência hoje. Olhando para o hospital, Suguha arregalou os olhos e piscou surpresa. — Uwaa, é um hospital bem grande. — O interior é incrível também, é igual a um hotel. Acenando para o guarda, Suguha e eu entramos pelo portão da frente. Após caminhar por poucos minutos por um caminho que era surpreendentemente longo a pé, entramos em um grande prédio marrom escuro. Como Suguha parecia ter uma saúde enviada pelos céus, era raro ela visitar um hospital, então ela ficou olhando tudo à sua volta. Tive que puxá-la pela gola para chegar à mesa de recepção e pedir por alguns passes. Pegando o elevador até o topo, saímos em um corredor com muitos poucos visitantes. — É aqui…? — Sim.
Afirmei com a cabeça, inseri o cartão de passe na ranhura na porta. Olhando para a placa de metal próxima à porta, Suguha murmurou: — Yuuki… Asuna-san… o nome do avatar dela é seu verdadeiro nome. Dificilmente se vê esse tipo de pessoa. — Ah, você sabe bastante. Até onde sei, Asuna é a única pessoa que usava seu nome real... Enquanto falávamos, passei o cartão pelo leitor. A luz laranja do LED ficou azul e, com um som discreto, a porta se abriu. Um forte aroma perfumado, vindo das flores do lado de dentro, saiu. Segurando até o som de minha respiração, entrei no pacífico quarto da princesa adormecida. Suguha ficou grudada em mim enquanto entravamos, e pude sentir sua tensão. Alcançando a cortina branca, eu, como sempre, fiz uma pequena prece. E então a abri gentilmente. * * * Se esquecendo de respirar, Suguha olhou para a garota dormindo na grande cama. Inicialmente, ela pensou que a garota não era humana, mas sim uma fada — A lendária ALF vivendo no topo da Árvore do Mundo. A garota tinha um ar sobrenatural. Kazuto ficou quieto por um tempo e então finalmente soltou um suspiro baixo e disse: — Eu devo te apresentar. Ela é Asuna… vice-líder dos «Knights of Blood», Asuna, a «Flash», cuja velocidade e precisão com a espada era ainda maior que a minha... Após uma pequena pausa, Kazuto abaixou os olhos para a garota e disse: — Asuna, essa é a minha irmã, Suguha.
Suguha caminhou um pouco para frente e então disse nervosa: —... É um prazer conhecê-la, Asuna-san. Claramente, a garota adormecida não respondeu. Suguha moveu seus olhos para o capacete azul escuro sobre a cabeça dela. Após vê-lo quase todo dia, ela passou a odiar o «NERvGEAR». Só as três luzes verdes indicavam a existência contínua da garota, a consciência de Asuna. Enquanto Onii-chan esteve preso no jogo por dois anos, ela havia sentido uma dor imensa, e Kazuto estava sentindo o mesmo agora. O coração de Suguha tremeu como a folha de uma árvore na superfície da água enquanto pensava isso. A alma desta linda garota que se parecia com uma fada estava trancada em um mundo desconhecido em algum lugar. Era cruel demais. Deveríamos trazê-la de volta para o mundo real o mais rápido possível, de volta para o lado de Kazuto, e ele finalmente poderia mostrar novamente seu sorriso sincero, ela pensou. Mas ao mesmo tempo, estando ao lado de Kazuto; seu rosto, olhando silenciosamente para a garota, era algo que ela não queria ver, então ela abaixou o olhar silenciosamente. Só um pouquinho, ela se arrependeu de ter vindo para este lugar. Quando se ofereceu para acompanhar Kazuto, ela pensou que seria capaz de confirmar corretamente seus sentimentos hoje. Desde o momento em que sua mãe, Midori, disse-lhe a verdade, ela quis colocar esses dois anos de pesar e dias cheios de saudade no lugar. A afeição por Kazuto era como por um irmão mais velho ou seria como se apaixonar por um primo? Ela esteve se perguntando o que ela poderia esperar de Kazuto. Querer estar juntos sempre — como o bom relacionamento entre irmãos. Era realmente só isso? Treinar e comer juntos, havia alguma coisa a mais que ela queria além disso? Ou ela deveria dizer que não havia nada em seu coração e parar por ali? Desde que ele voltou há dois meses, ela se perguntava isso de vez em quando. Ela pensou que a resposta apareceria se conhecesse a «namorada» ocupando o coração dele.
Agora, parada em silêncio nesse quarto dourado, ela percebeu que tinha medo em seu coração. Era assustador descobrir a resposta. Sem olhar para o rosto de Kazuto, ela abriu sua boca querendo falar: “Vou para o corredor, daí não atrapalharei você”, mas Kazuto começou a caminhar de repente e sua chance foi perdida. Ele deu a volta na cama e sentou em uma cadeira do outro lado. Naturalmente, ele entrou em seu campo de visão.
Kazuto segurou a pequena mão de Asuna, que estava pra fora dos lençóis brancos, em ambas as mãos, e olhou silenciosamente para o rosto da garota adormecida. E assim que Suguha viu seu rosto—
— Ugh... Uma dor severa perfurou fundo seu peito. Que olhos são esses... ela pensou. Eram os olhos de um viajante que procurava por sua parceira eternamente predestinada... Não importa quanto tempo leve, nessa vida ou na próxima, não importa quantas vezes ele reencarne. Olhos preenchidos por uma luz calma e gentil, contendo dentro de si um amor insano. Até a cor deles parecia diferente do normal. Naquele instante, Suguha sabia o que seu coração realmente queria e, ao mesmo tempo, ela entendeu que nunca seria capaz de alcançar isso. Ela não se lembrou do que falou com Kazuto no caminho de volta para casa. Quando ela voltou a si, estava deitada na própria cama, olhando para o pôster azul-celeste no teto. O celular na cabeceira de sua cama fez um som. Em vez de um toque, era um alarme que ela tinha colocado antes de ir dormir ontem à noite. O tempo da manutenção periódica do servidor havia acabado, 15:00, e o portão para aquele outro mundo se abriu novamente. Ela não queria derramar nenhuma lágrima no mundo real. Se ela chorasse, significaria, reciprocamente, que ela não poderia desistir, ela pensou. Ela se permitiria chorar um pouco na terra das fadas. E então, como a animada Leafa, recuperaria rapidamente seu riso. Suguha desligou seu alarme e pegou o AmuSphere próxima a ele. Ela colocou-o em sua cabeça, deitou na cama, fechou os olhos e deixou sua alma voar. A Sylph acordou em uma pousada na outra margem da capital de Alfheim, «Aarun».
Ontem à noite — ou hoje mais cedo, para ser preciso — Leafa por pouco tinha conseguido escapar do mundo subterrâneo, Jötunheim. Entalhado nas raízes da Árvore do Mundo estava um longo lance de escadas. Subindo essas escadas, eles finalmente alcançaram as tão esperadas ruas de Aarun. Poucos segundos após emergirem dessas escadas, o grande buraco atrás deles se fechou, não se poderia dizer que ele existia mais, e não se abriria novamente daquele lado. Após isso, eles fizeram check-in na primeira pousada que encontraram e, esfregando os olhos, Leafa caiu no sono no instante em que deitou na cama. No entanto eles só puderam pagar por um quarto. Leafa se levantou e sentou na borda da cama. O barulho da cidade, o cheiro do ar e até a cor da pele dela haviam mudado, a única coisa que não mudou foi a dor perfurando seu coração. Como se mudasse de forma, a dor se reuniu nos cantos de seus olhos e caiu como lágrimas. Alguns segundos depois, a sombra de outra pessoa apareceu junto com efeitos sonoros. Leafa levantou a cabeça lentamente. O garoto, vestindo só preto, assistiu a Leafa com olhos arregalados, mas falou imediatamente com uma voz calma. — Leafa... O que aconteceu? Ele se parecia tanto com Kazuto, com um sorriso gentil como a brisa noturna. Vendo seu rosto, um gotejamento de lágrimas caiu pelo rosto de Leafa e se tornaram grãos de luz, dançando pelo ar. Leafa conseguiu soltar um sorriso e disse: — Sabe, Kirito-kun... Eu… Eu tive uma rejeição amorosa. Os olhos negros de Kirito olhavam diretamente para Leafa. Razoavelmente maduro em aparência, por um instante, ela ficou tentada a contar a história toda a esse garoto misterioso, mas rangeu os dentes e mandou o impulso garganta abaixo. — D… desculpe, dizendo coisas estranhas para uma pessoa que acabei de conhecer. É contras as regras né, trazer problemas do mundo real para cá... Leafa disse rapidamente, tentando manter o sorriso. No entanto, as lágrimas que caiam de seu rosto não paravam.
Kirito estendeu seu braço esquerdo gentilmente e colocou sua fina mão coberta por uma luva na cabeça dela. Ele moveu sua mão duas, não, três vezes, acariciando. — No outro lado, ou aqui, nos momentos difíceis. É bom chorar. Só porque isso é um jogo... Não há regra que a proíba de expressar suas emoções. Neste mundo de ilusões, sempre havia alguma falta de jeito em se mover ou falar. No entanto, a voz calma e rítmica de Kirito e o movimento da mão que acaricia sua cabeça eram muito suaves. Essa informação envolveu os nervos sensoriais de Leafa lentamente, sem nada obstruindo o fluxo. — Kirito-kun... Sussurrando isso, Leafa deitou sua cabeça no peito do jovem sentado ao seu lado. Enquanto as lágrimas constantes caiam na roupa de Kirito, elas se dissipavam em um efeito úmido. Eu amo onii-chan. Como se confirmasse isso, do fundo de seu peito saiu um sussurro. No entanto, continuou de uma vez. Esse sentimento nunca deve passar dos meus lábios. Deve ser trancado na profundeza do meu. Para que assim, ele seja esquecido algum dia. Mesmo que fossem primos, Kazuto e Suguha foram criados como irmão e irmã. Se ela mostrasse suas emoções, Kazuto, seu pai e mãe ficariam todos confusos e perplexos. Mais importante, a única no coração de Kazuto é aquela linda pessoa... Devo me esquecer disso tudo. Se transformando em Leafa, deitando sua cabeça no peito daquele misterioso jovem, algum dia ela poderia se capaz de conseguir, ela pensou. Ficando assim por um bom tempo, Kirito continuou a acariciar a cabeça de Leafa sem dizer nada.
Escutando um som de sino vindo de bem longe da janela, Leafa levantou a cabeça e olhou para o rosto de Kirito. Desta vez, ela podia fazer o mesmo sorriso de sempre. Antes que ela notasse, as lágrimas haviam parado. —… Estou bem agora. Obrigada, Kirito-kun, você é muito gentil. Escutando isso, Kirito coçou a cabeça, parecendo realmente envergonhado. — Muitas pessoas dizem o oposto... Quer deslogar por hoje? Eu estava pensando em fazer algo sozinho pra variar. — Não, já vim até aqui, então vou acompanhá-lo até o fim. Leafa pulou da cama e se levantou. Dando meia volta, ela encarou Kirito e estendeu sua mão direita. — Vamos! Com um sorriso começando no canto de sua boca, Kirito assentiu e agarrou a mão de Leafa. Levantando, ele de repente começou a escanear o céu, como se tivesse se esquecido de algo. — Yui, você está ai? Antes que a frase fosse terminada, uma luz começou a convergir, e a familiar figura de uma pequena pixie apareceu no espaço entre eles. Esfregando seus olhos com sua mão direita, ela se alongou com um grande bocejo. — Fuwaa~ Bom dia, Papai, Leafa-san. A pixie aterrissou no ombro de Kirito. Enquanto olhava para o rosto dela, Leafa devolveu o cumprimento e fez uma pergunta. — Bom dia, Yui-chan… Sabe, estive me perguntando desde ontem… navigation pixies precisam realmente dormir de noite também? — Não mesmo, eu não faço isso. Quando papai não está aqui, o sinal de entrada é cortado. Então eu uso a oportunidade para verificar e organizar os dados acumulados. Você pode dizer que é um processo similar ao sono humano.
— Mas agora a pouco, você bocejou… — Não é isso que as pessoas fazem durante sua sequência de inicialização? Para o papai, a média é de cerca de oito segundos... — Você não precisa dizer essas coisas estranhas. Kirito cutucou Yui na testa com seu dedo indicador, então trazendo a janela de navegação, equipou a espada larga em suas costas. — Agora, vamos! — Sim! Leafa assentiu e prendeu sua própria katana à sua cintura. Os dois saíram da pousada com o sol da manhã brilhando no céu. As lojas gerenciadas por NPCs, como as lojas de armaduras e itens, estavam em sua maioria abertas, enquanto os locais noturnos como tavernas e lojas de itens estranhos e outras atividades questionáveis tinham uma placa de “FECHADO” na frente. Na hora do mundo real, era um pouco depois das 15:00 na tarde de um dia de semana. Após a manutenção semanal, os monstros e itens resetaram e renasceram, então tinha bem mais jogadores que o esperado. Embora nesta manhã ela estivesse com tanto sono que nem olhou muito em volta, ver agora o grande número de pessoas na rua era uma agradável surpresa. Tinha um Gnomo agachado, o corpo musculoso envolto em uma armadura de metal, carregando um machado em suas costas. Um Puca com um pequeno corpo, apenas da altura da cintura dela, segurando uma harpa de prata. Um Imp com pele roxa, usando uma armadura de couro, enquanto caminhava e conversava alegremente com os avatares de outras raças. Em um banco de pedra próximo, um jovem de cabelo azul da raça Undine e uma jovem ruiva da raça Salamander estavam olhando um para o outro intimamente, enquanto um Cait Sith passava com um grande lobo ao seu lado. Em vez da paisagem totalmente verde de Sylvain, este era um cenário extremamente claro e colorido, cheio de uma vitalidade que empolgava o coração. Leafa, de alguma forma, conseguira esquecer a dor constante dentro de seu coração e tinha agora um sorriso no rosto.
Até o casal Spriggan-Sylph se encaixaria aqui — pensando nisso, Leafa se apressou em abandonar a ideia. Voltando sua atenção para a rua novamente— — Wow… Mas, inesperadamente, ela teve uma visão incrível. Aarun era a cidade central de ALfheim, e em seu centro se formava uma gigantesca estrutura cônica. Olhando para Aarun como um panorama, tinha a forma de muitos anéis concêntricos, e eles ainda estavam consideravelmente longes do centro. Nas ruas de Aarun havia altas estruturas que não eram feitas da pedra cinza-claro. Em vez disso, muitos cilindros verde-muco retorcidos para cima. O diâmetro de um deles era igual ao de um prédio de dois andares. Os objetos cilíndricos em torno dos quais Aarun fora construído são na verdade raízes de árvore. Desde Jötunheimr bem embaixo, elas atravessam o grosso solo, se enrolando e torcendo, ficando maiores e se reunindo no topo de Aarun. Resumindo, pode se dizer que Aarun era um reflexo da grande estalactite abaixo, em Jötunheimr. Leafa olhou mais para cima. Naquele momento, ela sentiu a excitação correr por seu corpo em um arrepio. Começando das raízes — palavras não poderiam descrever o quão brutal o tronco era — ele se levantava direto para o céu. Coberto por muco e outras plantas, um tronco verde dourado e lustroso que se subia até o céu, desaparecendo no azul celeste. Em volta do tronco ficava uma neblina branca que logo o envolvia. Não era névoa, mas sim nuvens. Elas marcavam o limite de voo, mas o tronco continuava mais e mais alto. Pouco abaixo do ponto onde o tronco desaparecia no céu, você poderia perceber que os galhos se ramificavam. Folhas finas e largas cobriam a camada externa, bloqueando o céu para onde Leafa estava olhando. De seu tamanho excessivo, o topo da Árvore do Mundo pode ter realmente se estendido até após a atmosfera de ALfheim, até o espaço — se isso existia naquele mundo — e além. — Essa é… a Árvore do Mundo… Kirito sussurrou em uma voz abismada.
— Sim… Incrível... — Não tem uma cidade na árvore, tem... — O rei das fadas Oberon e as fadas de luz ALF vivem lá, e a primeira raça de jogadores que tiver uma audiência com o rei se tornará ALF... É o que dizem. — … Kirito olhou para a árvore gigante em silêncio, e então, com uma expressão séria, perguntou: — Essa árvore, é possível escalá-la por fora? — A área em volta do tronco é restrita, então escalar não é possível. Mesmo voar é impossível, você atingiria o limite de voo antes de alcançar o topo. — Soube de pessoas que subiram nos ombros uns dos outros conseguiram exceder esse limite... — Ah, essa história. Leafa riu e continuou: — Eles se aproximaram do galho mais baixo. Os GMs entraram em pânico, e logo isso foi resolvido. Agora tem uma parede um pouco acima daquelas nuvens.” — ... Compreendo… De qualquer forma, vamos para a base da árvore. — Sim. Entendido. Com um leve confirmar com a cabeça, os dois começaram a descer a rua principal. Após poucos minutos de ir para lá e para cá através do grupo misto de jogadores, eles chegaram até a grande escadaria de pedra que levava para um grande portão. Atravessando o portão estava a cidade central de Aarun, que fica no centro do mundo. Subindo ao céu, a Árvore do Mundo só podia ser vista como uma grande parede não importando a direção que se olhava.
Enquanto encaravam essa atmosfera, eles começaram a subir as escadas. Eles iam atravessar o portão, quando — Yui de repente colocou sua cabeça para fora do bolso do peito de Kirito, e com uma rara expressão de seriedade, olhou para o céu. — Ah, ei... o que foi? Kirito sussurrou, para evitar ser notado pelas pessoas em volta deles. Leafa também olhou para o rosto da pixie. No entanto, Yui continuou silenciosa com seus olhos arregalados, olhando para o topo da árvore do mundo. Após poucos segundos, sua voz finalmente escapou por seus lábios. — Mamãe… Mamãe está lá. — Eh… A expressão de Kirito endureceu instantaneamente. — Sério!? — Não há dúvida! Esse ID de jogador é o da mamãe... as coordenadas são diretamente pra cima! Kirito, que escutou essas palavras, olhou para o céu intensamente. Seu rosto ficou pálido e ele rangeu os dentes com tanta força que até poderia se escutar o barulho— De repente, ele expandiu suas assas. Flexionando suas asas cinza escuro, que de repente ganharam um brilho incandescente, Bang!! Com aquele som da onda de ar se explodir, ele desapareceu, subindo. — E... Espera, Kirito-kun!! Leafa gritou rapidamente, mas o garoto de preto continuou a se elevar em uma tremenda velocidade. Incerta do que estava acontecendo, Leafa estendeu suas asas e deu um impulso contra o chão. Subida rápida vertical, assim como mergulho, era uma habilidade em que Leafa era excelente, mas ela não conseguia alcançar Kirito, enquanto ele voava como um foguete, a figura escura se encolhendo até um ponto enquanto ela assistia.
Passando entre as incontáveis torres que se levantavam de Aarun, levou poucos segundos para escapar da cidade. Dos terraços, alguns jogadores olharam para ver o que estava acontecendo, Kirito simplesmente passou por seus narizes e continuou subindo. Os prédios finalmente saíram de vista, substituídos por uma muralha verde-dourada, o tronco da Árvore do Mundo. Voando paralelo ao tronco, Kirito era como uma bala negra atravessando o céu. Enquanto Kirito se aproximava cada vez mais das nuvens, Leafa o seguia e gritou desesperadamente enquanto tentava suportar a pressão do vento. — Cuidado, Kirito-kun!! A barreira está bem a sua frente!! Mas a voz de Leafa não alcançou suas orelhas. Ele era como uma flecha conectando céu e terra, se movendo com velocidade o bastante para abrir um buraco no mundo virtual. O que o fez ir tão longe? Quem é essa pessoa no topo da Árvore do Mundo que é tão importante para ele? Yui chamou essa pessoa de «mamãe». Uma mulher—? Uma pessoa que faz Kirito procurá-la dessa forma—? Enquanto pensava isso, uma pontada familiar começou a doer no coração de Leafa. Era como a dor que Kazuto a causou, mas era uma dor falsa. Com a concentração interrompida pela confusão, sua subida vertical diminuiu. Afastando os pensamentos inúteis, Leafa se focou na concentração em suas asas. Poucos segundos atrás de Kirito, Leafa também entrou no mar de nuvens. Sua visão ficou manchada por um branco intenso. Ela escutou sobre isso antes, bem além das nuvens estava uma área restrita onde a entrada era proibida. Leafa desacelerou um pouco enquanto atravessava as nuvens. Sem qualquer aviso, uma amplidão azul-escuro se espalhou perante ela. Diferente da visão que se tinha do chão, o céu totalmente azul-celeste se espalhava infinitamente em todas as direções. Por cima, a Árvore do Mundo e seus galhos davam a impressão de um pilar suportando os céus. Kirito estava acelerando mais enquanto visava um dos galhos— De repente, uma luz iridescente cercou seu corpo.
Após poucos segundos, o ar tremeu com um impacto parecido com o som de um trovão. Kirito colidiu com a barreira invisível, e, como um cisne negro atingido por um tiro de sniper, quicou de volta e caiu cambaleante pelo ar. — Kirito-kun!! Leafa gritou, se apressando para chegar até ele. Se você caísse dessa altura, seu HP desapareceria, e os efeitos poderiam continuar até o mundo real após o logout. Mas, antes que ela pudesse alcançar Kirito, ele pareceu recobrar a consciência. Ele balançou a cabeça uma ou duas vezes e subiu novamente. Ele foi bloqueado imediatamente pela barreira, soltando faíscas em sua tentativa. — Pare, Kirito-kun!! É impossível ir além disso!! Mas Kirito, com os olhos brilhando com se estivesse sob um feitiço, continuava tentando avançar. — Eu tenho que… Eu tenho que ir não importa como!! Ele se focou só no ponto onde o galho da Árvore do Mundo dividia o céu. Apesar de estar bem mais visível do que quando estava no chão, o galho ainda parecia estar a uma boa distância, julgando pelo pouco detalhamento. Naquela hora, Yui voou para fora de seu bolso. Emitindo partículas brilhantes de luz, ela voou em direção ao galho. Isso mesmo, uma navigation pixie do sistema poderia... Leafa de repente pensou, mas a barreira invisível não permitiu que o pequeno corpo de Yui passasse. Como ondas na superfície da água, luzes de sete cores puxaram Yui de volta. Mas, Yui, não parecendo apenas um programa, enfiou as mãos desesperadamente na barreira e então abriu sua boca. — A voz no modo de aviso pode ser capaz de atravessar...! Mamãe! Sou eu!! Mamãe!!
* * * — …!! De repente, escutando um grito fraco, Asuna levantou o rosto que descansava sobre a mesa. Olhando apressadamente nos arredores, não havia ninguém mais na gaiola de ouro. Nem mesmo o pequeno pássaro azul-celeste que vinha brincar algumas vezes. Só sombras criadas pelo sol nas barras da gaiola. Considerando que foi apenas sua imaginação, ela colocou suas mãos sobre a mesa. — ...Mamãe...!! Desta vez ela definitivamente escutara. Asuna empurrou a cadeira e se levantou. Era a voz de uma garotinha. Aquela fina voz como um sino de prata ressoou forte com uma memória distante. — Yu… Yui-chan, é você…!? Asuna disse em uma voz fraca, correndo para as paredes da gaiola. Segurando as barras de metal com ambas as mãos, ela olhou em volta freneticamente. — Mamãe… Estou aqui…!! A voz parecia soar diretamente na mente de Asuna, não dando indicações de direção. Mas ela ainda sentiu. Bem embaixo, não importa o quanto ela olhasse, o mar branco de nuvens cercando a grande árvore bloqueava sua visão, o som sem dúvida vinha debaixo. — Estou… Estou aqui…!! Asuna gritou o mais alto que pode. — Estou aqui...!! Yui-chan...!!
Se Yui, a «filha» que ela encontrou no outro mundo estava aqui, então com certeza «ele» também estava. — Kirito-kun!! Ela não sabia se sua voz poderia alcança-lo. Asuna olhou em volta da gaiola. Deveria haver alguma coisa que ela poderia usar para deixá-lo ciente da existência dela além de sua voz— Um objeto, mas tudo nesta sala estava preso no lugar por sua informação posicional, nenhum deles poderia ser movido da gaiola, ela já descobriu isso. Há muito tempo, ela tentou usar uma xícara e um travesseiro para enviar uma mensagem para jogadores embaixo, mas não funcionou. Asuna segurou ansiosamente a grade da gaiola. Não— Havia. Uma única coisa. Um objeto que não existia antes nesse local. Um objeto peculiar. Asuna correu para a cama e o puxou de debaixo do travesseiro. Era um cartão prateado pequeno. Ela voltou para a grade. Segurou sua mão direita com o cartão temerosamente. Se fosse como antes, ela seria impedida por uma barreira. — …!! Sua mão direita alcançou o exterior da gaiola sem resistência. O cartão prateado brilhando intensamente com o reflexo da luz do sol. ...Kirito-kun... por favor, note isso!! Enquanto rezava, Asuna não hesitou em abrir a mão. O cartão dançou silenciosamente pelo ar, caindo reto em direção ao mar de nuvens abaixo e brilhando na luz. * * *
Arrasado pela impaciência, senti como se meu corpo fosse rasgado em milhares de pedaços e soquei a barreira com minha mão direita. Meu punho foi rebatido por uma força repulsiva que lembrava imãs fortes com polos iguais a se tocar, e uma ondulação iridescente se espalhou pelo ar. — O que é... essa coisa...! Consegui gaguejar por entre meus dentes cerrados. Finalmente— Cheguei tão longe. A prisão que segurava a alma de Asuna estava bem ali. Apesar disso, o código do programa dentro do «sistema do jogo» bloqueava meu caminho. Um tremendo impulso autodestrutivo fluiu por meu corpo todo, soltando faíscas incandescentes. Logando em ALfheim Online por dois dias, vim aqui de acordo com as regras do jogo, afastando minha impaciência, mas a irritação que se acumulava continuamente nas profundezas do meu coração explodiu de uma vez. Mostrando minhas presas caninas, segurei o punho de minha espada em minha mão direita. Nesse momento. Além das chamas brancas em minha visão, uma pequena luz branca brilhou. — ... Aquilo é...? Esquecendo minha raiva em um instante, olhei para aquela luz. Algo que brilhava intensamente estava caindo lentamente em minha direção. Como neve no céu de verão, como pétalas de dente de leão em uma longa jornada, aquilo caia em minha direção. Enquanto pairava, soltei o punho de minha espada e estendi minhas mãos para a luz. Após alguns segundos muito longos, a luz branca parou em minhas mãos lentamente. Com a sensação de um calor nostálgico, abri lentamente minhas mãos na frente de meu peito. Yui olhou de minha esquerda e Leafa de minha direita. Encarei silenciosamente o que estava em minhas mãos. — ... Um cartão...?
Leafa murmurou. Certamente era um pequeno objeto retangular que parecia um cartão. Tinha uma superfície prateada transparente sem texto ou decoração. Virando-me para olhar para Leafa, disse: — Leafa, você sabe o que é isso...? — Não… Nunca vi um item como esse. Por que não tenta clicar nele? Seguindo a sugestão de Leafa, dei um único clique na superfície do cartão com a ponta de meu dedo. Um único clique em um item de jogo deveria abrir uma janela pop-up, mas nada apareceu. Yui se inclinou para frente e tocou a borda do cartão, antes de exclamar: — Esse... esse é o código de acesso para gerenciamento do sistema!! — …!? Prendi minha respiração, olhando para o cartão em minhas mãos. —…Então, posso exercer a autoridade de GM se tiver isso? — Não... Você pode acessar o sistema, mas deve fazer isso no terminal correspondente... Nem eu posso chamar o menu do sistema... — Entendo... mas algo assim não cairia sem motivo. Isso provavelmente é... —Sim, acho que a mamãe nos notou e jogou isso para nós. — ... Apertei o cartão gentilmente. Há não muito tempo, Asuna o estava segurando. Pensei que podia entender vagamente suas intenções. Asuna também estava lutando. Para escapar deste mundo, ela resistia fortemente. Eu também tenho algo que preciso fazer. Olhei para Leafa e disse: — Leafa, me diga. Onde fica esse portão que leva para a Árvore do Mundo?
— Eh... Está no domo aos pés da árvore... Leafa disse franzindo as sobrancelhas em preocupação. — Mas, é impossível. É protegido por um exército de guardiões, até agora, não importa o tamanho do grupo, eles não conseguiram passar por eles. — Mesmo assim, eu tenho que ir. Coloquei o cartão no bolso do meu peito e peguei a mão de Leafa. Pensando sobre isso, essa Sylph me ajudou muito. Quando eu não sabia distinguir direita de esquerda neste mundo, com pressa, vim até aqui. Foi graças ao seu conhecimento e seu sorriso animado que me encorajou todo o caminho. Algum dia, explicarei a situação adequadamente e a agradecerei no mundo real... Enquanto pensava isso, abri minha boca. — Muito obrigado por tudo, Leafa. Irei sozinho daqui. — ... Kirito-kun… Apertei as mãos de Leafa, que tinha um rosto como de quem parecia prestes a chorar, com força antes de soltar. Yui foi sentar em meu ombro enquanto eu me afastava um pouco mais. Finalmente, olhando para a garota uma última vez, seu rabo de cavalo balançando com seu voo, curvei-me em agradecimento. Então, virei minhas costas para ela. Fechando minhas asas, peguei velocidade com a queda enquanto acelerava em direção à base da Árvore do Mundo. Após mergulhar vertiginosamente por vários segundos, a base Árvore do Mundo e a complexa cidade envolta dela, Aarun, apareceram. Entre as raízes e a cidade punha-se um terraço impressionantemente largo; comecei a frear preparando-me para a aterrissagem. Abri minhas asas completamente para frear enquanto procurava pelo ponto de aterrissagem. Estendi minhas pernas abaixo de mim e tentei parar quando meus pés atingiram o pavimento. Mesmo com a freada, um boom alto ecoou da explosão sônica me acompanhando. Vários jogadores no terraço para ver os arredores se viraram para mim com um olhar surpreso.
Esperando até que eles desviassem o olhar, falei com Yui, ainda sentada em meu ombro, em voz baixa. — Yui, você sabe o caminho até o domo? — Sim, é reto até aqueles degraus. Mas... Está tudo bem, papai? Segundo a informação disponível, atravessar o portão é muito difícil. — Só teremos que tentar atravessar à força. Mesmo que eu falhe, não significa que irei morrer. — Isso é verdade... mas… Estendi a mão e acariciei gentilmente a cabeça de Yui. — De qualquer forma, parece que posso ficar louco se perder até mais um segundo. Até Yui quer ver mamãe o mais rápido possível, não é? — …Sim. Yui assentiu e aconchegou-se à minha bochecha enquanto eu comecei a subir os degraus. Aproximando-me do fim da escada, quase parecia estar no topo da cidade de Aarun. As grandes raízes em forma de cone se reuniam a nossa frente naquele único lugar no tronco. O diâmetro era grande demais, tudo que podia ser visto de lá era simplesmente uma parede curvada. Próximo à parede, havia duas estátuas de cavaleiros mágicos com aproximadamente dez vezes a altura de um jogador. Entre as estátuas estava um portão de pedra esplendidamente decorado. Aquele era o ponto de partida da grande quest, e nenhum outro jogador podia ser visto nos arredores. Talvez, a história sobre ser «impossível de completar» já tenham se tornado de conhecimento popular. Mas eu tinha que passar pela porta, atravessar os guardiões e alcançar o portão. Espere por mim, Asuna. Estou indo agora mesmo… Era uma promessa gravada em meu coração.
Continuando algumas dezenas de metros adiante, fiquei em frente ao portão quando a estátua da direita se moveu e um tom grave ressoou. Olhou em volta inesperadamente por um momento e então, com uma luz pálida brilhando de seus olhos, olhou para baixo, para mim, e abriu sua boca. Uma voz enfadonha ressoou, era como um pedregulho rolante. — Você, que não conhece as alturas dos céus, deseja alcançar o castelo do rei? Nessa mesma hora, na minha frente, uma janela apareceu, me perguntando se eu aceitava o desafio final. Para confirmar a minha vontade, dois botões apareceram: [SIM] e [NÃO]. Sem hesitar, pressionei o botão de [SIM]. Desta vez, a grande estátua de pedra no lado esquerdo falou em voz alta. — Você deve receber capacidade de uso ilimitado de suas asas daqui em diante. Antes dos ecos trovejantes se dissiparem, a porta se partiu ao meio. Enquanto a terra tremia, as portas se abriam para dentro dos dois lados. Aquele rugido me lembrou inevitavelmente de lutar com os chefões dos andares em Aincrad. Esquecendo-me de respirar com a tensão que ressurgiu, um calafrio desceu por minha espinha. Aqui, morrer não significa morte real, disse para mim mesmo, mas tive que abandonar esse pensamento. Essa é uma luta pela liberdade de Asuna; de certa forma, é mais importante do que qualquer batalha em que já estive. — Estamos indo, Yui. Certifique-se de ficar bem escondida. — Papai... Boa sorte. Acariciei a cabeça de Yui enquanto ela se encolhia de volta em meu bolso, então, puxei minha espada. Quando a grossa porta de pedra finalmente se abriu, o som estrondoso parou. Estava completamente escuro lá dentro. Assim que entrei, considerei usar magia de visão noturna. Antes de sequer levantar minha mão, uma explosão de luz ofuscante aconteceu de repente. Fechei um pouco meus olhos automaticamente.
Dentro havia um grande espaço de um domo. Aquilo me lembrou da sala do chefão no 75º andar de Aincrad, onde lutei com Heathcliff, tirando que o diâmetro era várias vezes maior. Parecia com o interior de uma árvore; raízes largas se entrelaçavam para formar o chão. Trepadeiras de rosas partindo do chão cobriam as paredes, subindo e conectando-se ao topo. A cobertura era um domo hemisférico, as trepadeiras se entrelaçavam formando padrões como de vitrais, pelos quais a luz branca refletia. Perto do topo do domo, vi uma porta. Era um portão perfeitamente decorado na forma de um anel com uma cruz separando a porta em quatro pedaços. O caminho para o topo da árvore deve estar do outro lado. Segurando minha espada larga em ambas as mãos, respirei fundo. Pondo força em minhas pernas, abri minhas asas. — Vai!! Gritei para mim mesmo ferozmente e dei um forte impulso. Antes mesmo de voar por um segundo, uma anomalia apareceu na luz que passava pelo domo. Uma porção da janela ficou branca como se fervesse e borbulhasse, parecia que algo estava prestes a acontecer. Em um instante, aquela parte do domo caiu, e, enquanto caia, tomou uma forma humanoide, abrindo quatro asas brilhantes enquanto urrava. O corpo massivo do cavaleiro estava completamente envolto em uma armadura prateada e ele estava usando uma máscara de espelho, então seu rosto não podia ser visto. A mão direita segurava uma espada ainda maior que a minha. Sem dúvida, esse era o guardião sobre o qual Leafa estava falando. O cavaleiro guardião virou seu rosto para mim enquanto eu levantava rapidamente, e mergulhou com o que deveria ter sido um grito salvo pela falta de fala humana. — Saia do caminhooooo!! Gritei e ataquei com minha espada larga. A distância entre nós se aproximou a zero, a sensação de uma faísca fria acendeu em meu cérebro, é a sensação acelerada que eu sempre
tinha quando estava lutando em meus limites naquele mundo. Encarando o cavaleiro guardião, com minha figura refletida em sua máscara, trouxe minha espada abaixo sem hesitar. A espada do cavaleiro guardião colidiu-se com a minha no ar, e o espaço foi separado por efeitos de luz parecidos com relâmpagos. O cavaleiro levantou sua gigantesca espada com o recuo acima de sua cabeça para outro golpe; apenas deixei minha espada se mover como queria e enfiei-a no peito do cavaleiro. Peguei seu pescoço, que era o dobro do tamanho do meu, com minha mão esquerda, ficando próximo a ele. Quando lutava com monstros controlados por CPU, eu descobriria sua área de ataque e tentaria ficar em uma posição fora dela, mas no caso de um inimigo tão grande, pontos cegos apareceriam com frequência nos momentos mais inadequados. É claro, é muito perigoso ficar parado por tempo demais, mas havia tempo enquanto ele tentava recuperar a postura. Levando minha mão direita de volta à espada, apunhalei o pescoço desprotegido do cavaleiro. — Raaa!!
Bati minhas asas com força e usei todo meu peso para empurrar a espada. Gatsu!! Com o som de um objeto duro se quebrando, minha espada atravessou seu pescoço. — Gogaaaaaa!! Diferente do que sua aparência divina que inspirava reverência sugeria, soltou um urro bestial e então se contraiu. Pouco depois, seu grande corpo foi envolto em um End Frame branco, que se dispersou rapidamente. Posso conseguir!! Meu coração gritou de alegria. Os status do cavaleiro guardião eram menores que os de chefões dos andares de SAO. Em um mano-a-mano, eu tinha a vantagem. Apaguei a chama branca que ainda estava em mim e olhei para o portão. Vi a cena que fez o sorriso em meu rosto congelar. Todos os vitrais no grande pavilhão ainda distante estavam em um estado caótico, cavaleiros prateados apareciam de cada um. Havia dezenas— não, centenas. — Uooooo!! Bati em mim mesmo, que estava aterrorizado por um instante, e gritei. Não importa quantos viessem, eu só tinha que matar todos. Bati minhas asas e acelerei violentamente. Vários dos cavaleiros recém-nascidos desceram do domo para bloquear meu caminho. Foquei no que estava bem a minha frente e movi minha espada. Desta vez, evitei a perda de equilíbrio causada pelo choque das espadas, e concentrando a força na ponta da espada do inimigo, girei meu corpo, desviando do ataque. Sem evitá-la completamente, a espada inimiga raspou em meu ombro, causando um leve dano, mas eu ignorei isso; todos os meus sentidos estavam focados em atacar meu inimigo. Minha grande espada se moveu em uma linha reta, colidindo com a máscara, matando meu segundo oponente. Chamas brancas voaram do cavaleiro antes dele desaparecer e outro cavaleiro se mover para tomar seu lugar.
O próximo cavaleiro já tinha começado seu ataque, e rangi os dentes. Decidindo que não teria tempo o suficiente para evitá-lo, levantei minha mão esquerda e bloqueei com minha armadura. Com um golpe que impactou no osso, fora do canto esquerdo de meus olhos, vi minha barra de HP diminuir por volta de 10%. Mas o movimento da espada inimiga foi desviado por meu braço, então, a postura do cavaleiro desabou. Visando seu pescoço, a espada em minha mão direita veio abaixo. Mas minha velocidade foi reduzida dessa vez e não pude matar em um golpe. Além disso, outro cavaleiro estava vindo da direita. Girei meu corpo para a direita e chutei meu pé esquerdo na máscara do cavaleiro ferido. Ter os dados do status de espadachim Kirito carregados para este mundo foi uma sorte, incluindo os níveis de habilidades de combate que pensei serem inúteis aqui. Meu chute removeu o resto do HP do cavaleiro. O grande corpo se inclinando para trás estava envolto em chamas e soltou um grito distorcido pelo efeito. Bloqueei a espada do terceiro cavaleiro no último instante com a minha espada. — Seaaaa!! Junto com os gritos, apertei meu punho esquerdo e furei a máscara de espelho. Crack!! Junto com esse som, rachaduras irradiaram do ponto de impacto e ele soltou um grito angustiado. — Morre!! Morreeeeeee!! Gritei. Essa sensação era diferente daquela em Jötunheimr lutando com os soldados Undine, um impulso por destruição queimando me conduzia. A espada em minha mão direita serrou o pescoço do cavaleiro, soquei o cavaleiro com minha mão esquerda de novo e de novo. É isso, eu já vivi neste mundo. Vagando sozinho em um dos calabouços mais profundos, lutando na linha da morte para fortalecer minha alma, usei os cadáveres dos monstros para construir minha tumba enquanto continuava golpeando com minha espada. Meu punho finalmente atravessou a máscara do cavaleiro, e luzes apareceram. Eu ainda estava absorto naquela voz interna de destruição, e enfiei meu punho esquerdo fundo naquela luz. Enquanto minha mão atravessava sua cabeça, o corpo todo do cavaleiro se derreteu e se fez em pedaços, e a chama branca cercou meu corpo. Naquela hora, meu coração estava tão duro e seco como uma pedra. Completar o jogo ou a libertação de jogador, nada disso importava mais. Rejeitei os outros e me lancei para a próxima batalha. Mais quatro ou cinco guardiões levantaram suas espadas brilhantes e eles caíram com um som como a voz de um pássaro agourento. Um sorriso ameaçador emergiu do lado de meu rosto e disparei em direção aos cavaleiros, minhas asas partindo o ar. Cada nervo em meu corpo tremeu com uma sensação de violenta aceleração, os pulsos elétricos conectando meu corpo aqui com meu cérebro se tornaram faíscas brancas cruzando minha visão. — Uoooaaaa!! Com um grito corajoso, cortei horizontalmente com a espada que agora eu segurava com ambas as mãos. Repeli as espadas inimigas. Rodando como um redemoinho, acelerei até o limite mirando minha espada no pescoço do guardião. Chop Chopp!! Com um som pesado continuo, dois pescoços que seguravam máscaras de espelho dançaram pelo ar. A chama que aparecia com seus últimos momentos formava uma rosa branca que passava sobre meus nervos, enviando mais calor ao meu corpo. Só nas garras da morte eu poderia ver minha própria vida. Se jogar na batalha do último minuto, queimar seu espírito até o fim e então cair, pensei que essa era a única forma que podia recompensar aqueles que caíram perante meus olhos. Virei-me e, sem diminuir a velocidade de meu giro, a ponta do meu pé direito saiu, agora mais como uma broca. Meu pé atingiu o peito do cavaleiro guardião e senti dentro da dureza uma leve umidade que saia com um som desagradável enquanto meu pé penetrava o corpo do cavaleiro. Quando meu corpo parou no centro da End Frame, duas espadas se aproximaram de mim pela esquerda e pela direita, como um par de tesouras. Bloqueei a espada da direita com a minha espada e a da esquerda com meu braço e, ignorando minha barra de HP, contra ataquei. Agarrei rapidamente o pulso do cavaleiro ao meu lado direito, — Guuuuoooo!!
Com um berro, joguei o cavaleiro da direita por sobre minha cabeça, acertando o da esquerda. Segui-os e esfaqueei ambos quando estavam embolados juntos, dando o golpe fatal. Pensei que poderia continuar lutando e massacrando inimigos não importa quantos aparecessem. Naqueles dias, eu estava ardendo em uma chama homicida; poli meu coração até ele ser tornar uma pedra. Não, não era isso… Dentro daquele coração cada vez mais árido havia pessoas que despejavam água desesperadamente. Klein, Agil, Silica, Lisbeth e Asuna. Eu… Eu vou salvar Asuna, acabar de vez aquele mundo, foi pra isso que eu vim aqui... Levantei minha cabeça e me virei para o domo, vi que o portão de pedra estava surpreendentemente próximo. Enquanto lutava para voar até ele, algo perfurou minha perna direita. Era uma fria, brilhante flecha de luz. Como se estivessem esperando para que eu parasse de me mover, flechas caíram como chuva. Fui atingido por duas, três flechas consecutivas, e meu HP reduziu muito. Olhando em volta, eu não sabia desde quando, mas os cavaleiros guardiões estavam me cercando a uma boa distância, todos apontaram para mim com suas mãos esquerdas, preparando magias apressadamente em um som bastante distorcido. A segunda onda de flechas de luz voou para mim com um som agudo. — Uooooo! Balancei minha espada larga em volta de mim, bloqueando muitas fleches, mas várias ainda me atingiram, derrubando meu HP para a faixa amarela. Levantei meu rosto, olhando para o portão. Era difícil derrotar sozinho inimigos que atacam a distância. Fui adiante, tentando alcançar o portão. As flechas de luz penetravam meu corpo inteiro, mas meu objetivo estava bem ali. Suportando os ataques, estendi minha mão esquerda para tocar a porta de pedra... ... Mas.
Faltando apenas mais alguns metros, minhas costas sofreram um forte impacto. Quando me virei, um cavaleiro guardião tinha se aproximado de mim, olhando para mim com uma versão distorcida de meu sorriso, ele havia enfiado sua espada em minhas costas. Minha postura desabou e minha aceleração parou. Então, como um floco de pássaros brancos caindo em cima da pesa, dezenas de guardiões vieram de todas as direções. Com sons dotsu dotsu, meu corpo foi perfurado por espada após espada. Eu nem tive tempo para checar meu HP. Minha visão de repente foi preenchida por uma chama negra fosforescente. Levou um tempo para notar que era minha própria End Frame. Além das chamas negras, pequenas letras roxas emergiram: [Você está morto]. No momento seguinte, seguiu-se um som seco e meu corpo se dissolveu. Como um interruptor após o outro sendo desligado, os sentidos desapareceram de meu corpo. Quando fui morto no 75º andar de Aincrad, na luta final com Heathcliff, me lembro claramente de quando perdi. Fui envolto em um violento terror conforme essa memória passava por minha mente. Mas é claro, não houve interrupção da minha consciência. Seria isso estar semiconsciente? Já experimentei «morte no jogo», mas não desde a fase beta de teste em SAO. Era uma sensação estranha. Minha visão perdeu a cor enquanto caia em um roxo monocromático. No centro de minha visão havia um aviso do sistema que dizia [Tempo Restante para Reviver], com um contador regressivo à direita. No outro lado da minha vista, os guardiões prateados que me mataram pareciam satisfeitos e voltaram para os vitrais no domo. Eu não sentia minhas extremidades. Eu não podia me mover. Tudo que restava de mim neste mundo eram as pequenas brasas de minha Remain Light como todos os outros que matei neste mundo. Eu estava perdido em sentimentos inúteis, miseráveis e triviais. Sim, eu era tão miserável. Talvez em algum lugar por dentro, eu ainda sentia que isso era só um jogo, e essa era a retribuição por me sentir dessa forma. Afinal, minha força era apenas alguns poucos números nos dados dos meus status. E ainda, além das barreiras do jogo, além dos limites, pensei que poderia fazer qualquer coisa que quisesse. Eu queria encontrar Asuna. Eu queria envolvê-la em meus braços, liberar esses sentimentos e pensamentos e finalmente curá-los. Mas agora, minhas mãos não podiam mais alcançá-la. A contagem estava decaindo. Imaginei o que aconteceria quando chegasse a zero, eu não conseguia me lembrar. Não importa o que acontecesse, só tinha algo que eu podia fazer. Eu iria me arrastar de volta para esse lugar e desafiar os cavaleiros guardiões de novo. Não importa quantas vezes eu caísse, mesmo que eu entendesse que não podia vencer. Mesmo que meu espírito fosse destruído, até o momento em que eu desaparecesse completamente deste mundo... Naquele momento, uma sombra deslizou por minha visão olhando para baixo. Alguém invadiu o domo aberto e correu em minha direção com uma assombrosa aceleração. Não venha, tentei gritar, mas minha voz não saiu. Olhando para os vitrais, vi que estavam novamente impregnados com o branco dos cavaleiros guardiões estavam sendo produzidos. Gigantes brancos gritaram enquanto passavam ao meu lado em sua corrida impetuosa atrás do intruso. Da minha experiência de pouco antes, eu já sabia que aquela pessoa não conseguiria lutar com eles. Fuja logo, rezei desesperadamente, mas a sombra disparou em minha direção em uma linha reta. Os cavaleiros guardiões na fileira da frente empunharam suas espadas e atacaram em sequência. O intruso desviou dos ataques com movimentos ágeis e alertas, mas o tempo retardado de ataque fez a espada raspar no intruso. O corpo delicado deu uma grande cambalhota. Mas o intruso usou essa cambalhota para acelerar mais, passou pelas fileiras de cavaleiros e continuou subindo. Enquanto o intruso se aproximava de mim, mais cavaleiros apareciam para pará-lo; com um coro estranho, eles voavam em volta de um espaço estreito.
A mão direita da sombra segurava uma katana, mas ela só era usada para defesa. Evitando os grupos de inimigos e evadindo com movimentos deslumbrantes, se aproximava cada vez mais. Era um voo dolorosamente desesperado. Quando ela finalmente chegou a minha frente, as lágrimas da jogadora se espalhavam enquanto ela chorava: — Kirito-kun!! Era Leafa. A Sylph estendeu suas mãos e me envolveu com força em seus braços. Já estávamos muito próximos do portão, mas os cavaleiros nunca nos permitiriam subir; eles preencheram os espaços, criando uma parede viva de várias e grossas camadas. Mas, tendo me resgatado, Leafa rapidamente se virou e fugiu, desta vez indo diretamente para a saída. De trás, encantamentos de maldições levantaram-se. Imediatamente, flechas de luz vieram voando. Leafa voava de um lado para o outro, evitando ser o alvo do inimigo, mas as flechas choviam tão intensamente sobre ela que era impossível evitar todas. Uma delas a atingiu, e o choque chegou a afetar até a mim. — Ugh…!! Leafa gemeu, mas sua velocidade não diminuiu. O corpo de Leafa foi perfurado por flechas em uma rápida sucessão. Em minha visão, seu HP já fora rapidamente cortado pela metade. Flechas de luz não eram a única coisa nos perseguindo. Havia mais dois cavaleiros guardiões caçando-nos, velozes e furiosos. Eu podia ver espadas atacando de cima, pela direita e esquerda, formando uma cruz. Leafa deu um giro rápido para a direita, evitando uma das espadas, mas a outra a pegou diretamente nas costas. — Ah... Com seu grito, Leafa foi jogada como uma bola, caindo ao chão. Após quicar várias vezes, deslizamos pelo chão, parando eventualmente. Lá, vários cavaleiros desceram para dar o golpe fatal.
Leafa empurrou seu corpo com uma mão tremendo, e bateu as asas uma vez. Isso a fez rolar— uma luz forte cercou minha visão de repente. Já estávamos fora do domo. * * * Sobrevivendo aquela situação impossível, Leafa estendeu seu corpo, arrepiado com o medo, sobre as pedras do calçamento. Virando-se para o portão, tendo o tempo permitido para o evento se passado, ele estava se fechando e os gigantes brancos estavam ascendendo por detrás dele. Em suas mãos, a pequena chama negra. Kirito-kun, Leafa chorou em seu coração, mas não havia tempo para ficar imersa nesses sentimentos tristes. Ela sentou-se e, inclinando-se contra a perna da estátua de pedra, acenou sua mão direita e abriu a janela de itens. Como Leafa não havia dominado magias de atributo sagrado ou água, ela não podia usar as complexas mágicas de ressurreição. Então ela converteu «Seiva da Árvore do Mundo» em um item e pegou o pequeno pote azul que se materializou. Dispersando a janela, ela destampou o pote e despejou o líquido brilhante sobre a Remain Light de Kirito. Um círculo mágico tridimensional similar ao da magia de ressurreição abriu-se em um instante. Poucos segundos depois, a figura de um garoto vestido de preto se materializou. — …Kirito-kun… Ainda sentada, Leafa chamou seu nome, sorrindo pelas lágrimas. Kirito também se ajoelhou no pavimento de pedra com um sorriso atormentado, colocou sua mão direita na mão dela. — Obrigado, Leafa... mas, não seja tão descuidada de novo. Eu vou ficar bem... Não quero causar mais nenhum incômodo pra você. —Incômodo... Pra mim…
Não foi nenhum incômodo, ela ia dizer, mas Kirito se levantou primeiro. Ele se virou e começou a caminhar, novamente em direção à porta que levava para a Árvore do Mundo. — Ki-Kirito-kun!! Ela estava paralisada de choque. Leafa colocou força em suas trêmulas pernas e de alguma forma se levantou. — Es-espera... É impossível para uma só pessoa! — Talvez... Mas eu devo ir... Kirito sussurrou com suas costas viradas. Leafa sentia-se no limite, tentando desesperadamente encontrar as palavras certas. Mas ela não foi capaz de falar as palavras que queimavam sua garganta. Seus braços se estenderam pasmos, ela segurou o corpo de Kirito com força. Ela sentia fortemente que estava sendo atraída. Para poder desistir de Kazuto, ela se forçou a amar essa pessoa, e ao mesmo tempo, pensou que poderia ficar tudo bem. Ela sentiu que esse sentimento parecia ser verdade. — Já chega… Pare logo… Volte ao Kirito-kun de sempre… eu…. eu, Kirito-kun... Kirito segurou a mão dela gentilmente em suas mãos. Uma voz quieta e intensa fluiu em suas orelhas. — Leafa... Sinto muito... Se eu não for lá, nada vai acabar, e nada vai começar também. Eu devo vê-la novamente... — Novamente… Asuna… Leafa não entendeu o que ela tinha escutado por um momento. Sua mente ficou em branco e o eco de Kirito desapareceu lentamente. — ...Isso... isso, o que... você disse...? Kirito inclinou sua cabeça, parecendo levemente confuso e respondeu:
— Ah... Asuna, esse é o nome da pessoa que estou procurando. — Mas... Quero dizer, essa pessoa é... Suas mãos cobriram sua boca, e Leafa deu meio passo para trás. Enquanto sua mente estava congelada, imagens residuais de memórias se reviviam. Alguns dias atrás, quando ela duelou com Kazuto no dojo. Quando eles se encontraram pela primeira vez, Kirito derrotou os Salamanders na Floresta Antiga. As duas pessoas em sua memória, quando a batalha acabava, giravam a espada em sua mão direita e a colocavam rapidamente em suas costas. Exatamente o mesmo movimento. Com uma explosão de discernimento, as duas silhuetas se uniram. Os olhos de Leafa se arregalaram, e, de seus lábios trêmulos, forçou uma voz a sair. — ... Você é... onii-chan...? — Hein…? Kirito escutou essas palavras e suas sobrancelhas se levantaram em surpresa. Seus olhos negros olharam diretamente nos olhos de Leafa. A luz flutuava nas pupilas como a lua oscilando na superfície da água, então... — Sugu… Suguha…? O Spriggan vestido de preto sussurrou em um som que mal saía como voz, chamando aquele nome. O pavimento de pedra, nos arredores de Aarun, e o mundo todo com a grande Árvore do Mundo pareciam estar desmoronando. Leafa/Suguha deu alguns passos para trás. Enquanto viajava com essa pessoa nos últimos poucos dias, Leafa sentiu que o mundo virtual era mais vívido. Seu coração estava excitado só de voar lado a lado. Suguha adorava Kazuto, Leafa gostava de Kirito; se ela dissesse que não se sentia culpada, estaria mentindo. No entanto, foi Kirito que a ensinou que ALfheim não era só a extensão de um simulador de voo virtual como ela pensara por muito tempo, mas uma realidade completamente nova. É por isso que Leafa foi capaz de perceber que os sentimentos que ela possuía neste mundo não eram apenas um bando de números, mas seus verdadeiros sentimentos. Ela congelou seus sentimentos por Kazuto a força; até sua dor profundamente enterrada será eventualmente esquecida se ela ficar ao lado de Kirito, era o que ela sentia. Embora seja verdade que essa «realidade» foi moldada pelos espíritos de humanos «reais» que vem aqui, isso ainda era um resultado inesperado. — … Que cruel… Isso é demais, isso… Leafa balançou a cabeça para os lados, falando como uma pessoa delirante. Mais do que isso, ela não queria ficar nesse lugar por nem mais um segundo. Ela se virou para evitar Kirito e movimentou trêmula sua mão esquerda. Tocando a parte inferior esquerda do canto da janela, ela quase ignorou a mensagem de confirmação e clicou. Sob pálpebras completamente fechadas, o arco íris desapareceu, deixando apenas a escuridão. Acordando em sua cama, a primeira coisa que ela viu foi o vasto céu azul de ALfheim. Aquela cor que antes sempre invocava sentimentos de nostalgia e desejo, agora só trazia dor. Suguha tirou lentamente o AmuSphere de sua cabeça e o segurou na frente de seus olhos. — U... u... Soluços que ela não podia suprimir escaparam das profundezas de sua garganta. Ela colocou uma forcinha a mais em suas duas mãos segurando a delicada máquina com os dois círculos adornados. O anel se inclinou com um chiado fraco. Ela destruiria a AmuSphere e fecharia a passagem para aquele mundo para sempre, pensou. Entretanto, ela não conseguia fazer isso. A garota chamada Leafa no outro lado daqueles anéis era simplesmente deplorável demais. Jogando a máquina na cama, Suguha se sentou. Ela colocou seus pés no chão, fechou seus olhos e abaixou a cabeça. Ela não queria pensar em mais nada.
O silêncio foi quebrado por uma leve batida na porta. Então, de trás desta, veio uma voz que era diferente da de Kirito, mas que tinha o mesmo ritmo. — Sugu, posso entrar? — Para!! Não abre a porta! Ela gritou em reflexo. — Me deixe sozinha… por um tempo… — O que aconteceu, Sugu? Eu fiquei surpreso também, mas... Cheias de confusão, as palavras de Kazuto continuaram. — … Se você está brava que usei o NERvGEAR de novo, sinto muito. Mas era absolutamente necessário. — Não, não é isso.
Em um instante, sentimentos conflitantes se espalharam por todo seu corpo. Ela pulou da cama e foi até a porta. Ela virou a maçaneta e abriu a porta; lá estava a figura de Kazuto. Seus olhos estavam cheios de preocupação enquanto olhava para ela. — Eu... Eu... Seus sentimentos, assim como suas lágrimas, transbordavam. — Eu... traí meu coração. Traí meus sentimentos de amor pelo onii-chan. Ela finalmente disse “amor” cara a cara para o alvo de seus sentimentos, mas aquilo foi como uma lâmina perfurando seu peito, garganta e lábios. Sentindo a dor queimando, ela continuou em uma voz fraca. — Eu larguei mão de tudo, desisti e ia apenas amar Kirito, eu pensei. Não, eu já estava. E ainda… Mesmo assim… — O que… Por alguns segundos, Kazuto ficou sem palavras e então falou em um sussurro. — Me... amar... Mas, nós somos... — Eu sei. — ... O que...? — Eu já sei. Não posso, ela pensou. Mas ela não podia parar. Com seu olhar cheio daquela paixão, olhando para Kazuto, ela falou por lábios trêmulos a seguinte declaração. — Onii-chan e eu não somos irmãos de verdade. Eu sei disso desde dois anos atrás!! Ah não. Sua mãe queria que ela esperasse antes de contar a Kazuto que ela sabia sobre isso, não era para ela usar isso como uma arma para seus sentimentos remanescentes. O motivo pelo qual a contaram foi para que ela pudesse usar o tempo para pensar sobre isso, ela pensou.
— O motivo pelo qual onii-chan desistiu do kendo e começou a me evitar, você sabia disso há muito tempo, não é? Eu não sou sua irmã de verdade, e por isso você se afastou de mim, não é? Então, por que você está sendo tão gentil comigo agora!! Não importa o quão ruim a situação estivesse, ela não podia segurar suas palavras mais. Enquanto a voz de Suguha repercutia no ar frio do corredor, os olhos de Kazuto perdiam gradualmente a expressão. — Eu... fiquei muito feliz quando onii-chan voltou de SAO. Fiquei feliz que finalmente seriamos capazes de recuperar o relacionamento que tínhamos quando pequenos. Você finalmente olhou para mim, eu pensei. Então, ela não pode aguentar mais e as lágrimas fluíram copiosamente por seu rosto. Suguha esfregou seus olhos de forma desajeitada e, em seu limite, forçou sua voz a sair de seu peito. — ... Mas... se eu soubesse que esse seria o caso, talvez teria sido melhor se onii-chan continuasse sendo frio comigo. Nesse caso, eu não saberia que amo o onii-chan... Ou me sentiria triste por descobrir sobre Asuna-san... Então eu não teria que amar Kirito para substituir você!! Ao escutar essas palavras, os olhos de Kazuto se arregalaram um pouco, e ele parecia duro. Após poucos segundos, enquanto o tempo parecia ter parado, Kazuto balançou sua cabeça e disse com tristeza: —... Sinto muito... Desde que ele acordou há dois meses atrás, os olhos de Kazuto geralmente tinham uma luz gentil e afetiva quando olhavam para Suguha. Mas agora, aquela luz havia apagado e em troca, uma escuridão profunda era mostrada. Suguha foi preenchida por uma forte dor, como se o coração dela tivesse sido cortado com a lâmina da tristeza. —… Só… me deixe sozinha. Ela não queria ver o rosto de Kazuto mais. Enquanto era destruída por culpa e autodepreciação, Suguha fechou a porta para fugir e deu alguns passos para trás. Seu calcanhar tocando a cama, ela caiu para trás, desmaiando.
Enrolada com um cobertor envolvendo seu corpo, seus ombros tremiam enquanto soluços torturavam seu corpo. Então, as lágrimas começaram a cair, deixando marcas no cobertor de linho branco conforme eram absorvidas. * * * Com a porta fechada na minha frente, fiquei parado lá por um tempo. Logo, me virei e deslizei até o chão com minhas costas contra a porta. A acusação de Suguha de que eu havia me distanciado dela por ela não ser minha verdadeira irmãzinha estava quase correta. Eu pesquisei na internet pelo registro da minha família, mas encontrei um aviso de deleção, então perguntei a meus pais sobre isso. Eu tinha dez anos. Comecei a por uma distância entre Suguha e eu, mas sem razão específica. Naquela época, eu não entendia o significado da distância entre outras pessoas. Eu não tinha qualquer memória de meus verdadeiros pais. Kirigaya Minetaka e Midori me contaram a verdade, mas o amor deles por mim não mudou então eu não fiquei realmente magoado. No entanto, uma semente de um estranho sentimento foi plantada em mim, e na hora que começou a germinar, já estava profundamente enraizada. Isto é, para alguém que nem conhecia seus próprios pais, quem realmente é essa pessoa? Essa era minha pergunta. Passei a pensar em uma família como um conjunto de conhecidos com um longo relacionamento, pessoas que sabiam de tudo. Imaginei quem poderia realmente ser uma pessoa assim. Eu realmente conhecia alguém assim? Aquela sensação de incongruência pode ser um dos motivos que me levou a mergulhar no mundo dos jogos online. Lá, os avatares que entravam em contato pela rede eram por definição diferentes da realidade. Ninguém realmente sabia quem era o outro. Interagíamos nessa premissa, isso era para se dizer que era um mundo falso, que era algo que eu achava agradável. Na época em que eu estava no 6º ou 7º ano, já estava fissurado nos jogos online, avançando naquele mundo sem nem olhar para o lado. Finalmente, fui aprisionado por dois anos naquele mundo virtual.
O mundo de Sword Art Online teria sido algum tipo de utopia para mim, se não fosse por sua regra de morte. Um sonho falso do qual eu não podia acordar. O mundo virtual que nunca poderia acabar. Naquele mundo, eu jogava como Kirito, alguém que ninguém conhecia. No entanto, na inusitada situação de um jogo FullDive online do qual não se podia deslogar, eu fui levado a uma verdade inevitável. Quer fosse o mundo real ou o virtual, tudo era essencialmente idêntico. Isso porque humanos entendiam seu mundo recebendo informação dos cinco sentidos que eram processados pelo cérebro. A única razão para um jogo online ser considerado um mundo falso é o fato de você poder deixá-lo desligando a máquina. Um mundo que seu cérebro reconhecia através de impulsos elétricos, um mundo do qual você não pode deslogar. Estas são palavras que descrevem o próprio mundo real. Quando notei isso, finalmente percebi o vazio da pergunta que tinha me confundido desde os dez anos de idade. Preocupar-se com quem as pessoas realmente são não tinha significado. A única coisa que você é capaz de fazer é acreditar no que pode ver, e aceitar isso. A pessoa que eu reconhecia era a pessoa verdadeira. Os soluços de Suguha vieram da porta na qual eu apoiava minhas costas. Quando voltei para o mundo real, no momento em que vi o rosto dela pela primeira vez, fiquei honestamente feliz em vê-la. Eu queria diminuir a distância que construí através dos anos por causa de minha pergunta sem sentido, reconstruiríamos nossos laços, e eu me aproximaria dela porque queria isso. No entanto, talvez Suguha também tenha adquirido uma nova percepção de mim nesses últimos dois anos. Ela sabia que seu onii-chan era na verdade seu primo e provavelmente estava tentando por um fim na distância que coloquei entre nós. Eu, que pensava que ela não sabia a verdade, não pude notar seus sentimentos.
Eu mostrei meus verdadeiros sentimentos por Asuna para esta Suguha várias vezes. Chorei na frente dela pensando em Asuna. Não era difícil imaginar o quão profundamente eu tinha magoado Suguha. Não, não era só isso. Talvez o motivo pelo qual a Suguha noob para qualquer coisa relacionada a PCs tinha começado a jogar VRMMOs também era eu. Para conhecer meu mundo, Suguha mergulhou no mundo virtual, e após um longo tempo criou uma outra versão dela. A pessoa que me ajudou muitas vezes em ALfheim, Leafa, que era a real Suguha. Yui tinha suposto que o motivo que me levou a encontrá-la na primeira vez que loguei foi que alguém na minha vizinhança tinha se conectado a ALO na mesma hora que eu. Como nos logamos não da mesma vizinhança, mas da mesma casa, nosso endereço de IP global era idêntico. Então, após eu encontrar Leafa naturalmente, a única coisa em minha cabeça era Asuna e feri Leafa assim como feri Suguha. Fechei meus olhos tão apertados que quando os abri eles pareceram fazer um barulho, e me levantei com todo o poder de minhas pernas. Agora, farei o que posso por Suguha. Quando as palavras não eram o suficiente, estender suas mãos, no mundo de SAO, muitas pessoas me ensinaram isso com tudo que tinham. * * * Uma batida forte soou na porta, tirando Suguha de sua letargia. Ela se encolheu por reflexo. Não abra a porta, ela ia gritar, mas a única coisa que saiu de sua garganta foi uma voz embargada. No entanto, Kazuto começou a falar sem virar a maçaneta. — Sugu... Estarei esperando no terraço do lado norte de Aarun. Era uma voz calma, uma voz gentil. Ela sentiu que ele então se saiu da frente de sua porta. Após o som de uma porta se abrindo e fechando pelo corredor, o silêncio caiu.
Suguha fechou forte seus olhos e se encolheu de novo. As lágrimas começaram a cair de novo, fazendo um som de gotejamento. A voz de Kazuto não estava nem um pouco trêmula. Ele poderia ter simplesmente engolido aquelas palavras terríveis que ela gritou para ele? Você é tão forte, onii-chan. Não posso ser tão forte assim... Enquanto sussurrava em seu coração, ela se lembrou da noite de alguns dias atrás. Aquela noite, Kazuto estava como ela agora, encolhido em sua cama. Exatamente a mesma situação, pensando sobre a pessoa amada que ele não podia alcançar. Estava exatamente como uma criança perdida. Foi no dia seguinte que ela conheceu Kirito. Isso é, Kazuto descobriu que enquanto o corpo de Asuna estava dormindo, sua consciência estava em ALfheim, na alta Árvore do Mundo. Ele se jogou ao mundo virtual novamente. Secou suas lágrimas, com a espada na mão. Naquela hora, ela disse boa sorte para ele. Ela disse para ele não desistir. No entanto, ela mesma continuava a chorar desse jeito... Suguha abriu os olhos lentamente. Uma gloriosa e circular coroa estava colocada em frente a ela. Alcançando-a e pegando-a, ela a colocou sobre sua cabeça. A luz do sol emanava do céu parcialmente nublado e brilhava gentilmente nas ruas de estilo antigo de Aarun. Olhando ao redor do ponto onde ela havia logado, a figura de Kirito não podia ser vista. Checando o mapa, ela podia ver que ela estava na praça sul do lado de fora do domo da árvore do mundo, e o lado norte parecia ter um terraço largo para eventos. Ele provavelmente estava esperando Leafa por lá. Embora ela tivesse vindo até aqui, ela ainda estava com medo de se encontrar com ele. Ela não sabia o que deveria dizer ou o que esperar escutar. Dando vários passos desanimados, Leafa se sentou no banco no canto da praça.
Ela não podia ter certeza de quanto tempo esteve sentada com a cabeça baixa. De repente, alguém aterrissou a sua frente. Ela endureceu o corpo reflexivamente e fechou seus olhos. Entretanto, a pessoa que chamou seu nome foi uma surpresa. — Finalmente... Eu estava procurando por você, Leafa-chan! Uma voz familiar, animada, mas insegura ecoou. Ela levantou sua cabeça perplexa, lá estava a figura de um Sylph de cabelo verde amarelado. —... R-Recon!? Vendo esse rosto inesperado, Leafa se esqueceu momentaneamente da dor que sentia e perguntou a ele porque ele estava lá. Recon colocou suas mãos na cintura, estufou seu peito e disse em uma voz orgulhosa: — Bem, após Sigurd sair, minha paralisia acabou então eu matei os dois Salamanders com veneno e escapei do canal subterrâneo. Eu ia matar Sigurd com veneno também, mas ele não estava na capital Sylph, então decidi vir para Aarun também. Passei pela área da montanha, carregando monstros agressivos até pessoas pelo caminho2, e finalmente cheguei a Aarun essa manhã. Realmente, levou uma noite toda. —... Você, isso é puro MPK3... — Não se preocupe com os pequenos detalhes neste momento! Recon não ligou para as palavras acusatórias de Leafa, ele parecia animado e sentou perto dela. Vendo Leafa sozinha, ele estava confuso, enquanto olhava na área em volta, ele perguntou. — O que aconteceu com aquele Spriggan? Sua party foi desfeita? — Bem...
2 Em termos de MMO: correr por ai com monstros agressivos o perseguindo. É disso que ele fala.
3 Monster Player Killing (MPK): Reunir monstros agressivos, usando-os para matar outros jogadores.
Procurando pelas palavras certas, Leafa inquietou-se, movendo a cintura incertamente. No entanto, era como se houvesse um inchaço em seu peito de dor constante, e nenhuma engenhosa desculpa parecia vir. Quando ela notou, já estava dizendo o que estava enterrado em seu coração. —… Eu… disse coisas terríveis para aquela pessoa… Embora eu o ame, eu disse coisas que não deveria para magoá-lo... Sou... uma idiota... Lágrimas quase transbordaram novamente, mas Leafa segurou-as desesperadamente. Recon/Nagata era apenas seu colega de classe, e além disso, esse é o mundo virtual, e ela não queria mostrar emoções que iriam confundi-lo. Então ela rapidamente se virou e continuou, falando rápido. — Sinto muito ter dito coisas tão estranhas. Esqueça isso. Não vou encontrar aquela pessoa mais... Vamos para casa, para Sylvain. Mesmo que ela tentasse escapar aqui, a realidade na qual ela estava a poucos metros dele não mudaria. Mas ela ainda estava com medo de se encontrar com Kirito. Sem ir para o local marcado, ela voltaria para Sylvain, e após dar adeus a vários amigos próximos, ela colocaria «Leafa» em um sono eterno, ela pensou. Algum dia, a dor desapareceria, até esse momento. Determinada, Leafa olhou para cima e viu o rosto de Recon. Ela ficou surpresa e se inclinou para trás involuntariamente. — He... hein!? O rosto de Recon estava vermelho como um tomate, seus olhos arregalados, sua boca abria e fechava sem nada saindo dela. Por um instante, ela se esqueceu de que eles estavam em uma cidade e imaginou se foi uma magia de atributo água que havia sido usada. Nessa hora, Recon de repente se moveu a uma velocidade incrível, agarrando as mãos dela e colocando-as sobre seu peito. — O-O que foi!? — Leafa-chan!
Os jogadores por perto se viraram para eles após escutar sua voz alta. Ele estendeu seu pescoço e continuou enquanto se movia o mais perto possível de Leafa, que estava se inclinando para trás ao limite. — Le-Leafa-chan, você não deve chorar! Se você não estiver sorrindo sempre, você não é a Leafa-chan! E-Eu sempre estarei ao seu lado... seja aqui ou no mundo real, nunca vou deixá-la sozinha... E-Eu te amo, Leafa-chan... Suguha-chan! Após tagarelar como uma torneira quebrada, ele não queria esperar pela resposta de Leafa e moveu seu rosto para frente. Tinha um brilho estranho naqueles olhos geralmente tímidos, seus lábios debaixo de um nariz inchado enquanto ele perseguia Leafa. — Ah, isso, espe-... Emboscar e então partir para um ataque surpresa era a especialidade de Recon; Leafa ficou surpresa pelas palavras e ações inesperadas e seu corpo ficou duro. Como se visse o silêncio dela como um consentimento, Recon estava se inclinando como se fosse cobrir Leafa, e continuou se aproximando. — Ei... espera... Sentindo a respiração de Recon em seu rosto, Leafa finalmente se recuperou de seu estado de paralisia e fechou o punho esquerdo. — Eu disse... Espera!! Enquanto gritava, ela girou o corpo e acertou Recon na boca do estômago com um golpe curto a força total. — Guhoo!! Como isto ocorrera dentro de uma cidade, não teve dano direto, mas o efeito da inércia ainda funcionava; Recon foi levantado por volta de um metro e então caiu de volta no banco. Ele levantou sua voz em agonia enquanto segurava seu abdome com ambas as mãos. — Uguguguuuuu... Q-Que cruel, Leafa-chan!! — Qualé!! Dizer algo tão idiota do nada!
Leafa sentiu seu rosto ficar quente e se levantou. Seu rosto queimava como a respiração de um dragão com a combinação de raiva e vergonha enquanto notava que quase teve um beijo roubado. Por hora, ela levantou Recon pela gola e o socou várias vezes com seu punho direito. — Uge! Ugee! D-Desculpa, sinto muito!! Recon rolou para fora do banco e sentou no chão se segurando com sua mão direita enquanto balançava a cabeça. Leafa saiu de sua pose ofensiva e sentou de pernas cruzadas no banco, ela abaixou a cabeça. — Ah... Que estranho... Após isso, pensei que tudo que restava era se eu tinha a coragem para me confessar ou não... —… Por que você… Leafa ficou impressionada e disse honestamente em um tom apropriado. —... Você é realmente idiota. — Ugu... Olhando para o rosto ferido de Recon, que se parecia com o de um cachorrinho que tinha levado uma bronca, Leafa soltou outro riso, impressionada. Com uma mistura de suspiro e riso, Leafa sentiu que algo mais saiu com eles. Naquela hora, ela sentiu as profundezas de seu peito ficarem mais leves. Acho que eu estive engolindo tudo até agora, ela pensou. Com medo de ser magoada, ela rangeu os dentes e aguentou. Por causa disso, ela foi tomada por uma enxurrada de emoções e acabou ferindo seu amado. Ela pode estar atrasada demais. Mas no fim, pelo menos, ela queria ser honesta. Pensando isso, os ombros de Leafa relaxaram, e olhando para o céu, ela disse: — Mas, eu não odeio esse seu lado. — Eh!? Sério, isso é verdade!? Recon pulou de volta no banco e tentou segurar a mão dela, não aprendendo sua lição.
— Não se deixe levar! Puxando sua mão de volta, Leafa voou para o céu. — De vez em quando, vou tentar aprender com você. Espere aqui um pouco. Se me seguir, desta vez será ainda mais do que aquilo! Leafa enviou seu punho direito com um pow na direção do rosto de Recon, então o abriu e acenou, e depois reverteu sua direção. Ela bateu as asas com força, voando com animação para a Árvore do Mundo. Voando em volta da grande Árvore do Mundo por poucos minutos, um terraço vasto entrou na parte inferior de sua vista. Parecia que o espaço era usado para um mercado de pulgas e, ocasionalmente, eventos de guildas, mas estava deserto hoje. A zona norte de Aarun não possuía prédios com arquitetura marcante, então não havia qualquer turista à vista. A sombra negra de uma pessoa se destacava na calçada no centro do terraço. Com asas cinza afiadas e uma grande espada presa em suas costas. Leafa respirou fundo e aterrissou na frente dele com uma determinação inflexível. —... Oi. Kirito a viu e então com o sorriso de sempre, mas um pouquinho tenso, cumprimentou-a brevemente. — Desculpe fazê-lo esperar. Leafa também respondeu com um sorriso. O silêncio durou por um tempo. Só o som do vento passava pelos dois. — Sugu... Kirito finalmente abriu sua boca. Um olhar sério nos olhos. Mas Leafa levantou sua mão gentilmente e o interrompeu. Ela bateu as asas uma vez, dando um passo para trás. — Onii-chan, vamos ter uma partida. Continuação do outro dia. Leafa alcançou sua katana enquanto falava; Kirito olhou, olhos levemente arregalados. Sua boca se moveu, como se fosse dizer algo, mas então parou.
Kirito apenas ficou olhando para ela com os olhos pretos que eram os mesmos que os na realidade, então vários segundos depois, confirmou com a cabeça. Ele também começou a bater suas asas, colocando alguma distância entre eles. — Certo. Sem handicap dessa vez. Kirito respondeu com um sorriso, movendo sua mão para a espada em suas costas. Eles puxaram suas espadas ao mesmo tempo. O som metálico das duas espadas sendo puxadas se sobrepondo. Leafa segurou sua katana em sua pose favorita, chudan no kamae4, olhando direto para Kirito. Kirito se agachou, em uma pose baixa com sua espada quase tocando o chão. A mesma postura do outro dia. — Você não precisa parar pouco antes de acertar. Vamos!! Ao terminar de dizer isso, se lançou ao ar. Enquanto no instante em que suas distâncias diminuíam, eu vi, Leafa pensou. Aquele dia, quando lutamos, ela pensou que a pose de Kazuto era irresponsável, mas era na verdade algo cultivado no mundo virtual. Kazuto ganhou toda sua experiência nos dois anos de luta com espadas com risco real de perder sua vida. Ela seriamente sentia pela primeira vez que queria entender aquilo que ele viveu. Naquele mundo odiado, com o jogo da morte, o que ele viu, o que ele pensou e como ele agiu, ela queria saber. Leafa segurou sua espada alto, cortando para diretamente baixo. Em Sylvain, era dito que o ataque de Leafa era inevitável, mas Kirito parecia se mover como o ar e só se moveu levemente, desviando. Pouco após, a espada larga avançou imediatamente em um giro. Ela puxou sua katana de volta e a bloqueou, mas ambos os braços ficaram atordoados pelo forte impacto. Os dois usaram o tranco da arma como impulso, batendo suas asas. Eles voaram para cima rapidamente em uma hélice dupla, suas espadas batendo quando se encontravam. Efeitos de luz e som rugiram pelo ar como explosões, fazendo o mundo tremer.
4 Chudan no kamae: a “postura de meio termo” no kendo. Nos dojos de prática, é a postura mais básica. Providencia equilíbrio entre técnicas de ataque e defesa.
Enquanto estava em sincronia com o ritmo dele, e continuando a atacar com sua espada, Leafa sentiu que ela estava acima dos limites que já experimentara. Pensando novamente em todos os duelos de que participara neste mundo, ela nunca sentiu esse tipo de satisfação. Leafa perdeu lutas antes, mas todas de ataques extras de armas e magias, ela nunca perdeu em um puro embate de espadas nem uma única vez. A esgrimista entediada estava finalmente apreciando lutar com a pessoa que amava mais do que qualquer outro. Ela pensou que mesmo se seus corações não se cruzassem de novo, aquele momento seria o suficiente. Leafa não percebeu as lágrimas se formando no canto de seus olhos. Como várias vezes durante a luta intensa quando suas espadas se cruzaram, Leafa foi empurrada para trás, mas desta vez ela adicionou o bater de suas asas a isso e colocou uma grande distância entre eles. Asas estendidas, pairando, a espada erguida o mais alto que ela podia. Esse deve ser o golpe final, Leafa expressou esse sentimento a Kirito. Ele ficou em posição, segurando sua espada bem atrás de seu corpo. Por um momento, o silêncio era como a calma superfície d’água. Lágrimas caíram pelo rosto de Leafa, caíram em gotas, espalhando ondulações em silêncio. Os dois se moveram ao mesmo tempo. Seu voo queimou o ar enquanto Leafa se movia. Sua katana desenhou um arco de luz ofuscante. À sua frente, ela viu Kirito se aproximando da mesma forma. Enquanto a luz brilhava de sua espada conforme ele rasgava o céu. Com sua katana segurada acima da cabeça, ela abriu as mãos. A espada que perdeu seu mestre se tornou uma flecha de luz e voou alto no céu. Leafa ignorou isso e abriu os braços, pronta para receber a espada de Kirito. Fazer só isso não iria satisfazer Kirito/Kazuto. No entanto, graças a suas palavras idiotas, Leafa/Suguha pensou que não tinha outra forma de se desculpar. Ao menos, eu ofereceria este corpo que era meu outro eu para a espada dele, Leafa pensou.
Braços completamente estendidos, Leafa esperou por aquele momento. No entanto — a luz branca gradualmente tomando sua vista — Kirito veio voando, mas suas mãos também não seguravam uma espada. —...!? Leafa abriu os olhos surpresa. No canto de sua visão, ela viu a espada larga de Kirito cair girando, bem como a sua espada. Ao mesmo tempo em que Leafa soltou sua espada, Kirito também havia jogado a sua própria. Por quê...? Ela nem teve tempo para pensar enquanto eles se encontraram no meio do ar. Ele estava estendendo seus braços similarmente, eles colidiram rosto a rosto e o choque a fez parar sua respiração enquanto ela se segurava nele inconscientemente. O choque não gastou toda a energia inercial deles, e enquanto os dois se tornavam um, eles giraram no ar. O céu azul e as grande árvore cruzou a vista deles enquanto giravam e giravam. — Por quê...? Leafa conseguiu dizer apenas isso. Estando tão próximo, Kirito olhou para ela enquanto falava ao mesmo tempo. — Por quê...? Silêncio, olhos ainda em contato visual, os dois continuaram devido a inercia no ar de ALfheim. Após um tempo, Kirito abriu suas asas, parando o giro deles e controlando suas posturas e então abriu sua boca. — Eu... queria me desculpar com a Sugu... Mas... eu não pude encontrar as palavras... Pensei em ao menos aceitar sua espada... De repente, Leafa sentiu os braços de Kirito que a seguravam aumentarem o aperto. — Desculpe... Sugu. Após eu finalmente ter voltado… eu… realmente não olhei para você. Eu estava obcecado com meus problemas... não pude escutar o que você tinha a dizer. Desculpe... As lágrimas de Leafa caíram enquanto essas palavras entravam por seus ouvidos.
— E... Eu estou mais... Mais do que isso não se tornariam palavras. Enterrando seu rosto no peito de Kirito, ela chorou alto. Parecia levar uma eternidade para os dois aterrissarem lentamente na grama. Leafa soluçou o tempo todo, Kirito acariciou sua cabeça lentamente, e alguns minutos depois, começou a falar em uma voz gentil. — Eu... na verdade, ainda não voltei daquele mundo. Ainda não terminei. Minha realidade não pode começar até que ela abra seus olhos... Então, por hora, ainda não tenho certeza de como agir com a Sugu... —… Ok. Leafa assentiu gentilmente e sussurrou. — Eu... estarei esperando. Pelo momento em que onii-chan realmente voltar... Então, vou ajudar. Me explique, sobre essa pessoa... Por que… você veio para este mundo…

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