segunda-feira, 20 de maio de 2013

Sword Art Online - V.04 / Cap.04


Capítulo 8 [Download]
Após recuperar com dificuldade as duas espadas que saíram voando, Kirito e Leafa aterrissaram na frente das duas estátuas que guardavam o portão. Recon, que inesperadamente parecia ter ficado esperando silenciosamente, correu até eles. Vendo o Spriggan vestido de preto ao lado dela, a expressão dele mudou e ele se virou para ela enquanto esfregava seu pescoço. — Então... C-Como terminou? Leafa respondeu enquanto sorria gentilmente: — Vamos atacar a Árvore do Mundo. Você, eu e esse ele; nós três. — E-Entendo... Ei... O que!? Leafa colocou uma mão no ombro de Recon, enquanto seu rosto ficava pálido e ele recuava, dizendo “Vamos dar duro”, então, se virou para olhar para a grande porta de pedra. Leafa notou que parecia radiar um ar frio entre as duas estátuas, como que proibindo a entrada daqueles que a desejassem. Eles falaram sobre atacá-la, mas para ser franco, após ver alguém com o poder de Kirito ser tão terrivelmente derrotado pelos cavaleiros guardiões, um aumento de apenas duas pessoas não mudaria muito o resultado. Ela deu uma olhada rápida em Kirito ao seu lado— Ele tinha uma expressão rígida, seus lábios fechados. Kirito olhou para cima, parecendo ter pensado em algo. — Yui, você está ai? Antes de terminar suas palavras, partículas de luz começaram a se construir no ar e a conhecida pequena e fofa pixie apareceu. Com as mãos na cintura, ela fez uma cara feia em indignação — Ah, demorou muito! Se papai não me chamar, não posso sair! — Erro meu, erro meu. Eu estava um pouco ocupado.

Com um sorriso amargo, Kirito estendeu sua mão esquerda e a pixie se sentou nela recatadamente. Recon estendeu seu pescoço em uma velocidade impressionante para ver a pixie, como se quisesse devorá-la. — Wow, i-isso é uma private pixie!? Essa é a primeira vez que vejo uma !! Ah, incrível, que fofa!! Escutando isso, os olhos de Yui se arregalaram e ela recuou. — Q-Quem é esse?! — Ei, você está assustando ela. Leafa agarrou a orelha de Recon e o afastou de Yui. — Não ligue pra ele. —... A-ah. Kirito ficou confuso pela cena a sua frente. Ele piscou duas ou três vezes e então olhou para Yui de novo. — Bem, você aprendeu alguma coisa daquela batalha? — Sim. Yui colocou uma expressão séria em seu belo rosto enquanto confirmava com a cabeça. — Esses monstros guardiões, apesar de a vida e força deles não ser tão alta, a taxa em que eles são gerados era anormal. A velocidade de produção aumenta proporcionalmente com a proximidade do portão interno, e quando você realmente alcança o portão, eles seriam produzidos a uma velocidade de doze por segundo. Ou seja... A quest foi colocada em um nível de dificuldade que é impossível derrotar... — Hmm. Kirito franziu as sobrancelhas e assentiu em acordo. — Eu não notei porque os guardiões individuais não eram tão fortes, mas se você vê todos como uma entidade, eles são um chefão absolutamente invencível. Foi feito para atiçar a chama do desafiador, para manter o interesse dele até o último momento e então tirar a chance dele completamente. Muito esperto... — Mas, se parar pra pensar nisso, a habilidade extraordinária do papai é o mesmo. Com aquele poder incrível, uma ruptura momentânea pode ser possível. —... Kirito ficou pensando em silêncio por um momento, então levantou sua cabeça e olhou para Leafa. —... Sinto muito. Novamente, poderia me ajudar com meu pedido egoísta? Embora eu entenda que possa parecer impossível, eu gostaria de encontrar mais pessoas ou procurar por outra forma. Mas... meu instinto me diz que algo desagradável vai acontecer logo. Estou ficando sem tempo... Leafa escutou isso e pensou por um instante em enviar uma mensagem para a mansão da lady Sylph na capital, Sylvain, perguntando se Sakuya poderia enviar jogadores de nível alto para ajudá-los. Mas rapidamente, Leafa mordeu seu lábio e desistiu dessa ideia. Sua mente se voltou para essa manhã, em Jötunheimr. Lembrar-se do incidente com o time de undines a trouxe de volta a razão. Eles deram prioridade a eficiência e segurança, e atacaram o inofensivo evil-god sem consideração ao apelo de Leafa. É claro, Sakuya era uma amiga e não pensaria da mesma forma que os Undines. Mas Sakuya era uma líder que assumia uma séria responsabilidade. Em certas situações, ela deveria deixar manter as decisões de senso comum envolvendo a raça toda acima de seus sentimentos pessoais. Embora ela fosse desafiar a Árvore do Mundo um dia, seria apenas depois de levar o tempo necessário para fazer preparações completas. Se Sakuya escutasse o pedido pessoal de Leafa por ajuda, ela provavelmente não viria sabendo que significaria aniquilação total de suas tropas. Após um curto período de silêncio, Leafa levantou a cabeça com um tom alegre e disse: — OK. Vamos fazer o nosso melhor. Farei qualquer coisa dentro de meu poder... e esse cara aqui também.
— Ah, o que… Ao ouvir isso, Leafa acotovelou Recon, cuja testa normalmente confusa estava franzida ao limite. Então dizendo: — Leafa-chan e eu somos o mesmo, em corpo e mente — e mais outras coisas, finalmente concordou com a cabeça. O portão de pedra se abriu com um ruído grave que pareceu vir do fundo do abismo, e uma atmosfera profunda e sinistra saiu vinda do outro lado, o que fez Leafa agitar levemente suas asas. Mais cedo, quando ela voou para ajudar Kirito, ela não notou a atmosfera opressora, mas encarando os portões de pedra agora, ela sentia uma forte pressão psicológica. No entanto, seu coração estava estranhamente calmo. Agora, parecia que ela estava em uma tempestade. Quer fosse mundo real ou virtual, tudo mudava com um som de fluxo e de rachadura. Ela não sabia onde estava indo nessa correnteza; tudo que podia fazer era almejar pela luz na distância. Seguindo Kirito, Leafa e Recon puxaram suas espadas. Incluindo Yui, todos os quatro pares de olhos se encontraram e levantaram suas asas juntos. —... Aqui vamos nós! Com o grito de Kirito, eles alçaram voo, lançando-se para dentro do domo. Como decidido antes, Kirito foi à frente se dirigindo ao portão e já estava no centro do domo acelerando intensamente. Leafa e Recon continuaram perto do chão e começaram a lançar magias de cura. Da emissão de luz no domo, gigantes brancos se formavam do líquido viscoso que pingava. Eles voaram até Kirito com um rugido estranho e corajoso. Quando cavaleiro guardião mais avançado e o comparativamente pequeno Kirito se encontraram, um flash de luz e uma explosão ecoaram pelo domo. Vários gigantes foram destruídos com um corte e foram espalhados por todas as direções. Vendo tal cenário, Recon sussurrou ao lado dela. —... Incrível.
Realmente era um nível assustador de poder com a espada. No entanto, testemunhar a cena de Kirito lutando contra um número massivo de monstros dava calafrios na espinha. Havia inimigos demais. O grande número de cavaleiros guardiões descendo do domo parecido com uma rede era uma situação que quebrava o equilíbrio do jogo. Até na pior área subterrânea, Jötunheimr, a taxa de criação de monstros era muito mais moderada do que isso. Os guardiões se agruparam firmemente, enviando bandos ondulantes de ataques à Kirito. Uma série de flashes ocorria ocasionalmente, o corpo de um cavaleiro espalhava uma luz dançante como neve. Entretanto, toda vez que um era destruído, três ou mais tomariam seu lugar. No momento em que Kirito estava a meio caminho da porta, seu HP havia caído para apenas dez por cento. Leafa e Recon liberaram a magia de cura que tinham preparado e posto em espera. O corpo de Kirito foi envolto por uma luz azul e seu HP foi restaurado. Porém. Algo terrível aconteceu ao mesmo tempo. Um grupo de cavaleiros guardiões voando baixo se virou para a direção de Leafa e Recon com um grito esquisito. — Ua… Recon soltou um som ansioso. Leafa sentiu que por trás daquelas máscaras de espelho, os cavaleiros guardiões estavam fitando eles. Ela rangeu os dentes com força inconscientemente. Para evitar serem atacados, Leafa e Recon usariam magia apenas para curar Kirito. Geralmente, monstros só atacariam jogadores que entrassem em sua área de detecção. Ou seja, eles não atacam jogadores de longa distância se estes não usassem arcos ou magias de ataque. No entanto, parecia que os guardiões eram diferentes dos monstros no mundo exterior; eles usam algoritmos com más intenções também. Se eles reagem à magia de apoio à distância, então usar uma formação padrão com jogadores que dão dano na dianteira e jogadores que curam atrás é inútil.
Que esse grupo de cinco ou seis cavaleiros se afaste! O desejo de Leafa foi em vão; eles começaram a bater suas quatro asas e mergulharam. Cada um deles segurava uma espada maior que Leafa em sua mão direita. Suas espadas pareciam brilhar com uma luz voraz. Leafa gritou para Recon: — Vou distraí-los, continue a curar como está fazendo! — Leafa voou para cima sem esperar por uma resposta. No entanto, embora Recon só tivesse escutado as ordens de Leafa durante as batalhas até este momento, dessa vez ele disse — Espere! — e então segurou a mão dela. Surpresa, Leafa se virou para olha-lo e ficou paralisada por sua expressão de incomum seriedade, embora sua voz estivesse tensa. — Leafa-chan… mesmo que eu não entenda completamente, esta é uma batalha importante, certo? — Sim. Nesse momento provavelmente não é mais apenas um jogo. —... Embora não tenha como eu me igualar àquele spriggan... Farei algo sobre os guardiões... Assim que terminou, Recon disparou para cima com o controlador de voo em sua mão. Enquanto Leafa estava parada, surpresa, ele voou ainda mais adiante, diretamente para o grupo de cavaleiros guardiões. — I-Idiota… Ele não era um oponente capaz, Leafa pensou, mas ela sabia que não poderia alcançá-lo mais. Olhando para o lado, o HP cheio de Kirito começou a cair novamente. Leafa foi forçada a começar a carregar uma magia de cura. Mesmo enquanto carregava a magia apressadamente, Leafa continuou a assistir Recon por detrás, inquieta. Recon soltou uma magia de grande área de alcance do atributo vento que ele preparou durante seu voo para atacar os cavaleiros guardiões. Muitas lâminas verdes se espalharam em forma de leque e acertaram os cavaleiros, cortando-os. O HP dos cavaleiros não foi muito reduzido, mas em vez disso, todos passaram a focar em Recon. Os gigantes brancos soltaram um urro distorcido enquanto confrontavam o pequeno jovem vestido em verde. Recon voou em volta das espadas dos gigantes, movendo-se como uma folha a mercê do vento, e apareceu atrás deles. Os cavaleiros rapidamente se viraram, seguindo-o. Leafa completou seu encantamento e a luz de uma magia de cura envolveu Kirito. Vários cavaleiros guardiões reagiram e começaram a descer. Esses cavaleiros se juntaram ao grupo perseguindo Recon, duplicando seu tamanho. Apesar de não ser bom em combate aéreo, Recon estava desviando das espadas que tentavam atingi-lo com uma concentração incrível. Ele recebia um ataque ocasionalmente e seu HP decaia gradualmente, mas não havia ferimentos fatais. —... Recon... Recon parecia voar de forma desesperada, e Leafa não pode evitar de se sentir tocada, mas ela sabia que Recon não poderia continuar aquilo para sempre. Toda vez que ela lançava uma magia de cura em Kirito, um novo grupo de cavaleiros descia, aumentando o número reunido em volta de Recon. Finalmente, os cavaleiros perseguindo Recon se dividiram em dois times. Eles pareciam estar tentando cercá-lo. Uma das muitas pontas de espadas se lançando sobre ele como chuva pegou Recon nas costas, fazendo-o recuar um pouco. — Recon, já chega! Fuja para fora!! Leafa não podia assistir mais aquilo e gritou. Assim que um jogador evacuasse a área, ele não poderia mais passar pela porta novamente enquanto ainda houvesse uma batalha se desenrolando lá dentro. Ela decidiu que aguentaria até o limite e então voaria enquanto lançava magias de cura. Mas antes disso, Recon se virou e olhou para ela. O rosto de Recon tinha um sorriso de determinação. Vendo isso, Leafa parou de abrir suas asas. Recon começou a carregar uma nova magia enquanto recebia ataques de múltiplas espadas. Seu corpo rapidamente foi envolto por um efeito de luz roxo escuro. —…!? Percebendo que era uma magia de atributo escuridão, Leafa arfou. Um complexo círculo mágico apareceu instantaneamente. Julgando pelo seu tamanho, era um
encantamento consideravelmente difícil. Como era raro ver magia negra no território Sylph, Leafa não sabia que tipo de efeito ela tinha. O círculo mágico ficou gigantesco em um instante, virando seu eixo enquanto envolvia os cavaleiros que se aglomeravam em volta dele. O complexo padrão de luz condensou-se em um instante; então tudo foi atingido por um intenso flash de luz. — Ah…!! Leafa ficou cega pelo flash e virou o rosto instintivamente. Uma explosão que parecia rasgar os céus e a terra aconteceu, fazendo tremer violentamente o domo todo. Levou um segundo para se recuperar daquela cena ofuscante branca. Leafa olhou desesperadamente na direção do centro da explosão enquanto apertava suas mãos. Ela estava tão surpresa que não sabia o que falar. Os cavaleiros guardiões que tinham se agrupado em volta de Recon foram aniquilados. O único traço deles era um fraco brilho roxo suspenso no ar. Aquele poder foi assustador. Não havia nenhum encantamento de área tão poderoso dos atributos de Vento ou Fogo. Quando aquele Recon aprendeu uma habilidade secreta tão útil? Leafa estava chorando de alegria e surpresa. Se um ataque desses fosse usado várias vezes, então seria possível chegar até o portão. Leafa ia mover sua mão para curar Recon naquele momento, mas ela congelou no lugar mais uma vez. A pequena figura de Recon não estava no lugar onde ocorrera a explosão. Em vez disso, uma única Remain Light flutuava no ar. — Magia de Autodestruição…? Leafa sussurrou em pavor. Era isso; ela se lembrou de escutar sobre esse tipo de magia negra há muito tempo. No entanto, havia uma penalidade pela morte que era várias vezes pior do que a de uma morte normal, portanto este poderia ser chamado de um encantamento proibido. Leafa fechou os olhos com força, sem palavras por alguns segundos. Apesar de ser um simples jogo, a experiência, tempo, e esforço que Recon colocou naquele encantamento fez daquilo um verdadeiro sacrifício. Dali em diante, desistir não era uma opção. Ela abriu seus olhos com determinação, olhando para cima. Então... Quando viu a cena à sua frente, sentiu a força deixar suas pernas.
O topo do domo estava tão preenchido de branco que ela nem conseguia mais vê-lo. Kirito era o pequeno ponto escuro no centro. Com cada agitar de sua espada, corpos caiam. Era como cutucar uma grande duna de areia com uma agulha. Os buracos na parede viva de cavaleiros guardiões que Kirito fazia eram preenchidos instantaneamente, bloqueando-o completamente. — Uooooo!! Kirito lutava como um demônio e urrava como se estivesse tossindo sangue, seus gritos de provocação alcançando levemente os ouvidos de Leafa. —… É impossível, onii-chan… algo desse tipo… Honestamente, a ideia da alma de alguém estar presa neste mundo, mesmo que Kirito a tenha dito, era algo que ela ainda não podia acreditar completamente. Isso era um jogo, um mundo virtual para ser apreciado. Ela não podia evitar sentir alguma resistência à história que unia este mundo ao apavorante «Mundo de SAO». De repente, um som baixo e distorcido de vozes amaldiçoando repercutiu pelo domo. Uma parte dos cavaleiros guardiões parou de se mover, suas mãos esquerdas estendidas para frente enquanto lançavam magias. Era a magia que selou os movimentos de Kirito da primeira vez que ele veio aqui. Quando acertava, paralisava temporariamente, deixando a vítima vulnerável a ataques de espadas. Esperando ver a cena de Kirito sendo espetado por incontáveis lâminas, Leafa congelou. Foi naquele momento… De repente, veio de trás uma onda, não, um tsunami de sons que atingiu as asas murchas de Leafa. — O Q…!? Leafa se virou rapidamente para ver. Em uma formação compacta, eles vieram pela porta aberta, vestidos em armaduras verdes novas em folha. Eram os soldados sylph.
Um olhar mostrava que o equipamento deles era da classe de armaduras patriarcais. O grande grupo de jogadores, todos usando novíssimas vestimentas, passou em disparada por Leafa como o vento de primavera e voou em direção ao domo. Havia pelo menos 50 deles. Atemorizada, Leafa focou sua atenção neles, os cursores com nomes apareceram um após o outro. Ela não podia ver seus rostos por causa dos visores, mas os nomes mostrados eram de jogadores de elite do território Sylph. Os cavaleiros guardiões escutaram o bramir heroico da multidão, suspenderam suas magias que miravam Kirito, e começaram a se mover. Um arrepio de medo e alegria passou pelas costas de Leafa. No entanto, eles não eram o único grupo se juntando a conquista do domo. Muitos segundos depois, após o último membro da força elite de Sylvain passar pelo portão, outro rugido de batalha ressoou. Eles se sobrepuseram, misturando-se em gritos monstruosos, como um trovão distante. — Dragões voadores...! Leafa gritou surpresa. Da cabeça à cauda, eles eram muito mais largos do que um jogador e cobertos em escamas cinza escuro. Como prova de que eles não eram monstros selvagens, a testa, peito e as pontas saindo de suas longas asas estavam equipados com armaduras de metal brilhante. Rédeas feitas de correntes de prata se estendiam de ambos os lados da testeira dos dragões, seguradas firmemente pelos jogadores montados em suas costas. Os cavaleiros também estavam fortificados com armaduras novas em folha, orelhas triangulares espichando para fora dos dois lados da cabeça, do fundo de suas armaduras traseiras, uma cauda que não podia ser omitida. Eles eram sem dúvida a arma final dos Cait Sith, os Dragon Knights. Eles eram usados como último recurso. Os legendários guerreiros, mantidos em sigilo total, nunca vistos antes nem em screenshots, agora, estavam lutando na frente dos olhos de Leafa. Pega na euforia, com seu sangue fervendo, Leafa se levantou com as asas esticadas. De repente, ela escutou alguém falar atrás dela: — Desculpe, estamos atrasadas.
Ela se virou rapidamente, e lá estava a figura da Lady Sylph, Sakuya, usando tamancos de salto alto e roupas casuais. Ao lado dela estava Alicia Rue, Lady dos Cait Siths, que disse enquanto mexia as orelhas: — Desculpa, os ferreiros leprechaun tiveram que forjar o número necessário de armaduras de dragão, então ficou tudo pronto há pouco tempo. Mesmo com o dinheiro que o spriggan nos deu, nossos recursos e o dos sylphs também se acabaram completamente! — Resumindo, as duas raças vão à falência se fomos aniquilados aqui. Sakuya riu friamente com braços cruzados. Elas vieram. As duas, apesar do risco de perder seu status como chefes de uma raça, vieram rapidamente. As forças combinadas dessas duas raças, superando a luta por recursos que era a essência de MMORPGs, jogando todos os cálculos de risco aos ventos, certamente seriam efetivas contra as expectativas dos GMs. —... Obrigada... Muito obrigada, vocês duas. Leafa só pôde dizer isso com sua voz vacilante. Com toda certeza, havia coisas mais importantes do que regras, práticas e senso comum neste mundo; isso preencheu seu coração e ela não foi capaz de falar mais nada. Embora as duas ladies respondessem com vozes diferentes, elas tinham o mesmo tom enquanto diziam “Estamos quites agora”, então olharam para o domo com uma expressão séria. Sakuya puxou seu leque na mão direita. — Então... Vamos nessa! Vendo a parede de cavaleiros guardiões brancos enviar grupos para atacar a frente de jogadores sylph, Leafa assentiu, e então as três ergueram voo. Kirito estava envolvido em uma batalha feroz no centro do domo, mas ele pareceu ter notado a chegada dos reforços e parou de tentar atravessar sozinho, deixando algum espaço entre ele e a parede de cavaleiros. Elevando-se graciosamente em direção à parte central do domo, Alicia Rue estendeu sua mão direita e gritou em uma voz adorável e atenciosa: — Esquadrão de Dragões! Preparem o ataque!
Os dez membros da cavalaria dos Dragon Knights pairaram em um grande círculo em volta das três, incluindo Leafa. Com suas asas estendidas e seus pescoços inclinados na forma de um S, ela podia ver uma luz laranja por detrás de seus dentes. Em seguida, Sakuya levantou e fechou o leque vermelho rapidamente. — Equipe Sylph, prepare-se para o ataque especial! Organizados em um quadrado compacto, as forças Sylph estenderam suas espadas com suas mãos direitas, acima da cabeça. Relâmpagos de luz verde esmeralda envolveram suas espadas como uma filigrana. Os cavaleiros guardiões se pareciam com um enxame de abelhas brancas devido à quantidade reunida, soltando urros esquisitos e desafinados enquanto se aproximavam. Alicia Rue mordeu seus lábios com sua longa presa, então, esperando até os cavaleiros guardiões se aproximarem do limite, acenou com a mão direita e gritou em voz alta. — Sopro de fogo, atacar! Então, todo o fôlego acumulado dos dez dragões foi liberado em uma conflagração de fogo. Labaredas carmesim voaram de suas bocas, deixando um rastro no ar. Dez pilares de fogo prenderam os cavaleiros que cercavam Kirito e os soldados Sylph. Uma luz ofuscante acendeu em todo o domo. Momentos depois, bolas de fogo contínuas explodiram, criando uma grande parede de fogo. Um som explosivo terrível sacudiu o mundo. Os restos dos cavaleiros guardiões foram explodidos para todas as direções, deixando chamas brancas a queimar. Mas parecia haver um número infinito de guardiões; novos grupos saiam das paredes vivas, atravessando à força a parede de fogo ardente. Primeiro, como se quisessem engolir Kirito, que estava na frente, abriam a boca ao máximo, parecendo um líquido que saia dela. Quando a massa branca estava prestes a transbordar, Sakuya balançou seu leque para baixo bruscamente, gritando: — Tempestade de Fenrir, liberar!!
A força Sylph fez uma sequência de estocadas com suas longas espadas em uma ordem perfeita. Um disparo de relâmpago verde saiu de cada uma das cinquenta espadas e cortou o ar num curso em ziguezague, penetrando profundamente o grupo de cavaleiros guardiões. Novamente, o mundo foi pintado de branco pelo grande flash de luz. Não houve nenhuma explosão desta vez; ao invés disso, um poderoso relâmpago correu livremente, cavaleiros guardiões pegos no caminho sendo explodidos em pequenos pedaços. Após a destruição do segundo grande grupo, a porção central da parede de cavaleiros guardiões se esvaziou. No entanto, como a superfície de um líquido, o buraco feito na parede de cavaleiros foi rapidamente preenchido pelos lados. Leafa estava convencida de que era um “agora ou nunca”. Ela desembainhou sua katana rapidamente e deu um impulso no ar para frente. As ladies pareciam ter tomado a mesma decisão. A voz de Sakuya ressoou pelo ar como um chicote. — Todas as tropas, atacar! Foi certamente a maior batalha que já aconteceu naquele mundo. A liberação periódica de Sopro de Fogo veio por detrás, cavaleiros guardiões sendo queimados até a morte e continuando a cair um por um. A formação ogiva usava pelos sylphs cortou o aglomerado de gigantes brancos com suas ponderosas espadas, abrindo um grande buraco na parede de carne. O pequeno spriggan negro estava na ponta da ogiva. O nível de seu equipamento era muito mais baixo do que o dos guerreiros Sylph, mas com sua espada se movendo em uma velocidade mais do que divina, qualquer coisa que sua espada tocasse era cortada e destruída instantaneamente. Leafa voou por uma brecha que os guerreiros Sylph abriram, chegando por detrás de Kirito rapidamente. Após bloquear a espada de um cavaleiro guardião que ia atacar as costas de Kirito, Leafa enterrou sua katana em sua máscara de espelho. Segurando sua katana enquanto girava, o pescoço do cavaleiro guardião voou de seu corpo, e o corpo queimou com uma chama branca. Kirito se virou para Leafa e disse enquanto só movia seus lábios. — Sugu, deixo minhas costas por sua conta.
— Conte comigo!! Ela encontrou seu olhar, respondeu sem uma palavra e então colocou suas costas contra as dele. Os dois se viravam em turnos, cortando os cavaleiros guardiões que apareciam a sua frente continuamente. No um a um, os cavaleiros gigantes não deveriam ser assim tão fáceis para ela matá-los. No entanto, quando se apoiou em suas costas e equiparou-se à sua velocidade, Leafa sentiu que os cavaleiros ficaram mais lentos. Não... Talvez o sistema nervoso dela tenha acelerado? Isso já aconteceu nas partidas de kendo; Leafa fora envolvida pela sensação de que podia agarrar qualquer coisa se movendo em volta dela. Parecia que ela e Kirito tinham se tornado um ser. Com seus sistemas nervosos diretamente conectados, os pulsos eletrônicos fluíam de um para o outro. Sem olhar, ela sabia como Kirito se movia atrás dela. Enquanto sua espada atravessava o pescoço do cavaleiro guardião, quando se virou, Leafa acertou alto no pescoço deste mesmo cavaleiro e terminou com ele. Na máscara de outro cavaleiro que Leafa danificou, Kirito acertara no mesmo ponto em que Leafa acabara de atingir, cortando profundamente. Kirito, Leafa, os guerreiros Sylph e a brigada dragão se moviam como uma única entidade incandescente, continuando a tocar e derreter a parede de cavaleiros guardiões sem limite, adentrando mais e mais. O número de cavaleiros era ilimitado, mas a quantidade de espaço no domo era fixa. Contanto que continuassem a prosseguir, eles eventualmente conseguiriam. — Sehaaaa!! Com um grito agitado, Leafa cortou um cavaleiro guardião ao meio, que caiu e desapareceu. Ela viu, mesmo que só por um instante, o cume do domo atrás dos últimos poucos cavaleiros. — Ooooh! Com um grito, Kirito se moveu de trás de Leafa, como um flash negro de luz correndo em direção à brecha na parede de carne. O último grupo de cavaleiros guardiões se aproximou
dele por todas as direções enquanto liberavam rugidos de ressentimento para impedir o intruso. O número deles era quase trinta. — Kirito-kun!! Leafa levantou sua katana instintivamente e a jogou para a mão esquerda de Kirito com toda sua força. A lâmina verde girou pelo ar e se encaixou na mão dele como se tivesse sido sugada para lá.
— U… oooo—!! Com um grito que fez tremer o domo todo, Kirito segurou a espada larga em sua mão direita e a katana em sua esquerda. Elas atacaram duplamente com uma velocidade assustadora. Cortando do canto superior direito. Cortando do inferior esquerdo. Duas espadas brilhantes mudavam de ângulos levemente e desenhavam um círculo branco que se parecia com o contorno de um eclipse solar. Os corpos dos cavaleiros que foram pegos nesse ataque ultra veloz eram cortados em pequenos pedaços como se fossem de papel, espalhando-se pelos arredores. Desta vez estava claramente visível, além da End Frame no anel de chama branca. Emaranhado, como uma rede de galhos de árvore no centro do teto do domo, estava um portão circular divido em partes por uma cruz. Abrangendo a parte inferior da Árvore do Mundo, o portão final levando a ALfheim, o castelo no topo da Árvore. A pequena figura em preto continuou voando em direção ao portão, deixando um rastro de luz para trás de si. Ele chegou. Enfim. Na frente dos olhos de Leafa, cavaleiros guardiões foram empilhados rápida e repetidamente, e preencheram o espaço aberto em um instante. Sakuya, que notara Kirito atravessando a linha defensiva, gritou de um canto: — Afastem-se todos, recuar! Revuando junto com a equipe Sylph enquanto mergulhava com o suporte dos ataques de Sopro de Fogo, Leafa, por um instante, olhou para trás, na direção do domo; ela foi incapaz de ver a figura de Kirito por causa da parede de guardiões, mas refletido nos olhos do coração de Leafa, levantou-se um vulto que tinha como alvo o local que ninguém jamais chegara, elevando-se cada vez mais alto. Voe... Vá... Vá para qualquer lugar! Através da árvore gigante, eleve-se ao céu, para o coração do mundo!
* * * Pensei que meus nervos fossem queimar, considerando a velocidade com que percorri a distância final. À minha frente estava um grande portão circular feito de quatro partes fortemente presas delineadas pela gravura em forma de cruz. Atrás disso, ela, Asuna, esperava. Deixada para trás neste mundo, junto com a outra metade de minha alma. Atrás de mim, os gritos dos cavaleiros guardiões ressoavam cheios de raiva. Eles se viraram e parecia que estavam prestes a me perseguir. Então os cavaleiros reapareceram do teto em volta do portão sem nem um flash de luz e correram em minha direção conforme perceberam minha presença. No entanto, fui mais rápido. O portão já estava a um braço de distância. Mas... Mas. —… Não abre…!? Gritei inconscientemente perante essa situação inesperada. O portão não abria. Antes, pensei que se apenas chegasse perto, aquela irritante porta gigante se abriria, mas estava completamente fechada, bloqueando meu caminho, suas partes que formavam uma cruz imóveis. Dali em diante, não havia tempo para desacelerar. Estava pairando com minha espada na mão direita à altura da cintura, e esperando partir o portão em um golpe, voei em sua direção, tornando-me um com minha espada. Logo em seguida atingi o portão com um choque terrível. A ponta de minha espada atingiu o bloco de pedra, soltando faíscas intensas violentamente. Mas... a superfície não tinha nem um arranhão. — Yui, o que está acontecendo!?
Perguntei em minha confusão. Sem chance, aquilo não foi o suficiente? Não só temos que passar pelos cavaleiros guardiões, mas precisamos de algum tipo de item ou uma flag também? Prestes a seguir o impulso de mover minha espada novamente, Yui voou de meu bolso com um tilintar de sino. Ela colocou sua mão gentilmente no portão de pedra. — Papai. Ela virou a cabeça e disse rapidamente: — A porta não está trancada por causa de uma flag ou outra coisa! É simplesmente por causa do administrador de sistema. — Eh...? O que você quer dizer!? — Resumindo... a porta é algo que um jogador nunca seria capaz de abrir! — Mas o q... Eu não tinha palavras. Isso significava que a grande quest, que a raça que escalasse a Árvore do Mundo e alcançasse a Cidade no Céu renasceria como verdadeiras fadas, era como uma cenoura presa na frente do nariz de um coelho sendo que ele nunca seria capaz de alcançá-la? Além do fato de exceder os limites em termos de dificuldade, tem ainda um cadeado que nunca poderia ser aberto sem a chave chamada autoridade do sistema...? Senti meu corpo perder toda a força. Atrás de mim, os rugidos dos cavaleiros guardiões se aproximavam rapidamente como um tsunami. No entanto, a força de vontade que me permitiria agarrar minha espada novamente não viria mais. Asuna, eu vim tão longe... só mais um pouco até eu alcançá-la... Aquele cartão com seu calor... Seria esse nosso último contato...? Não. Espera. Aquilo é... Com certeza aquilo é… Meus olhos se arregalaram. Com minha mão esquerda, vasculhei no fundo de meu bolso. Lá. Um cartão pequeno. O que Yui tinha dito, que era o código de acesso ao sistema...
— Yui, use isso! Segurei o cartão prateado na frente dos olhos de Yui. Ela arregalou os olhos por um instante, então confirmou com a cabeça acentuadamente. Sua pequena mão esfregou contra a superfície do cartão. Vários traços de luz fluíram do cartão para Yui. — Copiando código! Ela gritou, então bateu com as duas palmas na superfície do portão. Fiquei cego pela luz brilhante e espremi meus olhos. Onde suas mãos tocaram, linhas azuis brilhantes irradiaram, e após isso, o próprio portão começou a brilhar. — Seremos transferidos! Papai, segure na minha mão! Yui estendeu a mão direita e segurou firmemente a ponta de um dedo de minha mão esquerda. A linha de luz envolvendo seu corpo fluiu também pelo meu. De repente, os urros estranhos dos cavaleiros guardiões ecoaram logo atrás de nós. Embora eu tenha me preparado, dezenas de espadas largas se lançaram em minha direção. No entanto, essas espadas passaram por mim como se elas tivessem perdido totalmente sua substância. Não, eu estava começando a ficar transparente. Meu corpo desaparecera e se transformara em luz. —...!! De repente, fui puxado para frente. Yui e eu nos transformamos em uma torrente de dados e fomos sugados pelo portão, que tinha se transformado em uma tela branca brilhante. Meu lapso de consciência acabou-se em um instante. Balancei minha cabeça algumas vezes tentando espantar a sensação perdurante de transferência enquanto piscava os olhos. Aquilo era parecido com o sistema de cristais de teletransporte em Aincrad, mas em vez da aparição do portão quadrado familiar, eu estava cercado por um completo silêncio.
Levantei-me lentamente da postura na qual me encontrava com um joelho apoiado no chão. A minha frente estava Yui, parecendo preocupada. Ela não estava mais na forma de uma pequena pixie, mas na original, com a aparência de uma garota de mais ou menos dez anos. — Você está bem, papai? — Sim… Aqui é…? Olhei meus arredores enquanto assentia. Não importa como se colocasse: era um local muito estranho. Totalmente diferente da sensação do “jogo” novo excessivamente elaborado das ruas decoradas de Sylvain e Aarun. Tudo que eu enxergava dava uma sensação vazia; havia apenas paredes brancas sem qualquer textura ou detalhe. Eu estava em num lugar no meio de algum tipo de passagem. Ao invés de algo retilíneo, era gentilmente curvada para a direita. Olhando para trás, era similarmente curvada. Parecia ser uma curva muito longa, ou talvez uma passagem circular. —... Não entendo, não parece haver dados de mapa para navegação neste lugar... Yui disse com um olhar confuso. — Você sabe onde Asuna está? Quando perguntei, Yui fechou os olhos por um instante, então assentiu. — Sim, está muito, muito próxima. Para cima... por aqui. Pegando impulso do chão com seus pés descalços se estendendo de seu vestido branco, ela se virou e começou a correr sem fazer barulho. Devolvi a espada que ainda segurava em minha mão direita para minhas costas e então a segui apressado. A katana que deveria estar em minha mão esquerda havia desaparecido. Talvez ela tivesse retornado para Leafa, que era a dona dos dados originais dela, quando fui transferido. Se ela não tivesse jogado aquela espada para mim, eu definitivamente não teria sido capaz de atravessar a última parede. Fechei meus olhos por um momento e orei palavras de gratidão para a sensação que continuava em minha mão esquerda.
Após seguir Yui por alguns segundos, uma porta quadrada entrou em minha vista na parede externa da curva, à esquerda. Ela também não possuía nenhuma decoração. — Parece impossível alcançar o topo daqui. Concordei com a cabeça com suas palavras enquanto ela parou e olhou em volta da porta. Minha postura ficou rígida imediatamente. Havia dois botões triangulares alinhados, um apontando para cima, o outro para baixo. Era algo que eu nunca vi neste mundo, mas que apesar disso, era muito familiar no mundo real. Eu só pude pensar que seriam botões de um elevador. Estranha e repentinamente, com meu corpo envolto em uma roupa de combate e uma espada presa às costas, franzi as sobrancelhas sentindo-me no lugar errado. Não, é esse lugar que é estranho. Se esses botões eram o que eu suspeitava, então isso não poderia ser mais visto como parte do mundo do jogo. Então... O que é esse lugar? Mas esse questionamento passou por minha mente por apenas um instante. Tanto faz. Contanto que Asuna esteja aqui. Toquei o botão que apontava para cima sem hesitar. Logo, as portas se abriram com um efeito sonoro pong, expondo uma pequena sala quadrada além delas. Entrando na sala com Yui, me virei e com toda certeza tinha um painel de botões alinhados próximo a porta. O botão representando o andar atual estava aceso e parecia haver mais dois andares acima deste. Após hesitar um pouco, pressionei o botão do topo. O efeito sonoro soou novamente. A porta se fechou e fui envolto por uma sensação de subida inconfundível. O elevador parou logo. Além da porta estava uma passagem curva parecida com aquela que acabamos de deixar. Encarando Yui, que segurava minha mão direita com força, disse: — Esse é o andar certo? — Sim. Já, só... só virar ali. Enquanto dizia isso, Yui puxou minha mão e começou a correr.
Tentei suprimir a batida frenética do meu coração por mais alguns segundos enquanto corria pela passagem. Nos aproximamos das poucas portas na circunferência interna, mas Yui continuou sem nem olhar para elas. Eventualmente, Yui parou em um espaço vazio. —… O que foi? — No outro lado disso… uma passagem... Yui tocava a lisa parede na circunferência externa enquanto murmurava. A mão dela parou subitamente, e assim como aconteceu com o portão, linhas azuis ziguezaguearam em ângulos retos enquanto corriam pela superfície da parede. De repente, as linhas grossas separaram um quadrado da parede, então a parte interna foi aniquilada com um som de estrondo. Dentro, a passagem simples e desinteressante se estendia reto afinal. Quando Yui colocou os pés na passagem silenciosamente, ela começou a correr em uma velocidade crescente. Vendo o olhar gentil em seu rosto, incapaz de aguentar a ideia de ter que esperar nem um segundo mais, fiquei convencido de que Asuna estava por perto. Rápido, rápido. Eu sinceramente rezei do fundo de meu coração enquanto avançava continuamente. Pouco depois a passagem acabou mais à frente e uma porta retangular bloqueou o caminho. Yui, sem nem se incomodar em parar, estendeu sua mão esquerda e empurrou a porta com força, abrindo-a. —...!! Podíamos ver o grande sol se pondo à nossa frente. O infinito céu de pôr-do-sol envolvia o mundo. Notei que havia uma sensação levemente desconfortável sobre a vista deste lugar. Esse lugar foi posto em uma altitude extremamente grande; era possível ver a curva gentilmente desenhada do horizonte. O vento batia com força. Inevitavelmente, me lembrei daquele momento.
Asuna e eu sentamos lado a lado, assistindo o castelo voador que desaparecia, dissolvendo-se no pôr-do-sol eterno. Ela levantou sua voz, suas palavras flutuaram em meus ouvidos. — Vamos ficar juntos para sempre. — Ah... Sim. Eu voltei. Após murmurar isso, me virei para olhar meus pés. Onde antes havia um chão de cristal, agora havia um galho de árvore incrivelmente largo. Minha visão, que se comprimia pelo pôr-do-sol rubro, novamente se estendeu. Suspenso, o galho de árvore se ramificava em todas as direções, estendendo uma folhagem extensa para todos os lados, como um pilar que apoiava os céus. Abaixo, galhos incontáveis se estendiam em minha visão. Bem abaixo no chão, além do grande oceano de nuvens, eu podia ver um rio fluindo sinuosamente em campos verdes. Lá era o topo da Árvore do Mundo. O lugar que Leafa... Suguha sonhava constantemente em ver, o topo do mundo. No entanto... Olhei em volta lentamente. Lá, o tronco da Árvore do Mundo se levantava como uma parede se estendendo infinitamente enquanto se ramificava. — Não há nenhuma… Cidade no Céu… Sussurrei perplexo. Só havia algumas passagens simples. Algo assim não poderia ser a legendária Cidade no Céu. Para começar, era necessário gerar algum tipo de evento para marcar o fim de uma grande quest. Após atravessar o portão do domo, não pude escutar nenhum toque de trombetas. Resumindo, era tudo uma caixa de presente vazia. Decorada em um papel bonito e adornada com laços que designados para esconder a mentira vazia. E por falar nisso, o que devo dizer para Leafa, que sonhou em renascer como uma fada de rank elevado? —... Isso é imperdoável...
Falei sem pensar. Contra a pessoa ou grupo que administrava este mundo. De repente, senti um puxão gentil em minha mão direita. Yui olhou para mim preocupada. — Ah, isso mesmo. Vamos. Tudo isso foi para resgatar Asuna. Vim aqui apenas para isso. Na frente de meus olhos, um grande galho de árvore se estendia em direção ao sol poente. No centro do galho estava um caminho artificial. A estrada em frente, além das copas da árvore ao sol, estava refletindo luz dourada. Focando nessa luz, Yui e eu começamos a correr. Suprimi desesperadamente minha irritação e um desejo que parecia que iria pegar fogo a qualquer segundo, e avancei no caminho da árvore. Minha percepção acelerou, fazendo um instante se alongar infinitamente; então, o que, para mim, parecia ser um instante poderia ser muitos segundos ou até minutos. Passando por uma área de densas folhas em formato estranho, o caminho continuou. Sempre que o galho se interceptava com outro, haveria escadas para cima e baixo para passar por ele. Eu simplesmente batia minhas asas uma vez e pulava. A natureza da dourada luz brilhante em questão ficou mais aparente com o tempo. Era uma combinação de barras de metal horizontais e verticais formando uma jaula de metal. Não, era uma gaiola. Acima do grande galho em que estávamos correndo, outro galho estava paralelo a ele, e naquele galho estava suspensa uma gaiola comum. No entanto, era extremamente grande. Não seria capaz de trancar uma ave de rapina, muito menos pássaros menores. Isso mesmo... parecia ter outro propósito. Lembrei-me da conversa na loja de Agil, uma memória que parecia tão distante que poderia também ser dos tempos muito antigos. Os cinco jogadores que montaram cavalinho para passar a altura limite e tirar screenshots. As fotos que eles tiraram mostravam uma misteriosa garota presa em uma gaiola. Sim, definitivamente. Era Asuna. Asuna estaria lá. Havia uma forte convicção na pequena mão segurando fortemente minha mão direita, me puxando para frente. Nos movemos tão rápido que praticamente deslizamos pelo ar, então pulamos sob a escada final.
O caminho entalhado no galho de repente se estreitou enquanto corria para baixo da gaiola e então acabou. Eu já podia ver claramente o interior da gaiola dourada. Uma grande planta e várias flores espalhadas pelo chão de azulejos brancos. No centro estava uma cama grande com um dossel luxuoso. Perto dela tinha uma mesa redonda com uma cadeira alta. Uma garota sentada na cadeira com suas mãos juntas na mesa e sua cabeça abaixada com a aura de alguém que rezava. Cabelo longo, flutuante e liso pendia sobre suas costas. Ela usava o mesmo tipo de vestido que Yui, só que mais diáfano. Asas finas se estendiam elegantemente de suas costas. Tudo estava iluminado pela brilhante luz vermelha do pôr-do-sol. Eu não podia ver seu rosto. No entanto, eu sabia. Não tinha como eu não saber. Como uma força magnética, minha alma era puxada até ela com um luz quase visível que brilhava entre nós dois. Naquele momento, a garota, Asuna, levantou o rosto rapidamente. Talvez fosse por causa de meu profundo anseio, mas aquela linda forma já parecia ter sido elevada a um conceito mais iluminado de familiaridade. Algumas vezes, era uma beleza elegante, como uma espada afiada. Outras vezes, uma vivacidade amável e sapeca. O rosto dela, que esteve sempre ao meu lado durante aqueles curtos, mas nostálgicos, dias. Primeiro, ele foi preenchido com uma pura surpresa. Então suas duas mãos se levantaram para cobrir a boca enquanto umidade reunia-se naqueles grandes olhos castanhos, transbordando na forma de lágrimas. Dando os últimos passos com um pulo ajudado por minhas asas, sussurrei em uma voz que não se tornou som. —... Asuna. Yui também gritou ao mesmo tempo. — Mamãe... Mamãe! No fim do caminho que levava à gaiola havia uma porta quadrada feita de uma densa grade de metal com uma pequena chapa de metal que parecia ser um mecanismo de bloqueio. Embora a porta estivesse próxima, Yui não diminuía enquanto me puxava. Em vez disso, ela
estendeu sua mão direita e a elevou acima de seu lado esquerdo. Sua mão foi envolvida em um brilho azul. Então ela agitou sua mão para a direita. Ao mesmo tempo, a porta foi explodida como se fosse apenas uma placa de metal. A porta logo se transformou em partículas de luz que se dispersaram, desaparecendo rapidamente. Yui soltou minha mão e com os dois braços estendidos, chamou novamente. — Mamãe! Ela entrou correndo direto pela entrada da gaiola. Derrubando a cadeira, Asuna se levantou. Ela removeu suas mãos da boca, e de seus lábios, uma voz trêmula, mas clara saiu: — Yui-chan! Então, Yui deu um impulso, pulando direto no peito de Asuna. Cabelo preto misturado com cabelo castanho dançando no céu, parecendo marrom no pôr-do-sol. Yui e Asuna se abraçaram com força, aconchegando-se nas bochechas uma da outra e chamando mais uma vez para terem certeza. — Mamãe... — Yui... -chan… As lágrimas das duas corriam por seus rostos e desapareciam na luz do pôr do sol, brilhando como chamas. Relaxei a força que estava me induzindo a continuar adiante e caminhei silenciosamente até Asuna, parando poucos passos a frente dela. Asuna levantou seu rosto, e piscando para afastar as lágrimas, olhou para mim, face a face. Como naquela vez, não pude me mover. Se eu me aproximasse mais e a tocasse, tudo poderia desaparecer... De qualquer forma, minha aparência atual é muito diferente daquela época. A pele mais escura de spriggan e meu cabelo espetado não tinha nada em comum com o Kirito daquela época. Segurando minhas lágrimas, não pude fazer nada além de olhar para ela.
Mas, como naquela vez, os lábios de Asuna se moveram e chamaram meu nome. — Kirito-kun. Após um momento de silêncio, minha boca se moveu e chamou seu nome.
—…Asuna. Dei os últimos dois passos à frente, braços abertos. Envolvi seu delicado corpo com o meu, segurando-a com força em meu peito com Yui aninhada entre nós. A fragrância familiar fluiu à minha volta e seu calor nostálgico inundou meu corpo. —... Desculpe por levar tanto tempo — murmurei em uma voz trêmula. Asuna olhou para meus olhos a uma distância mínima e respondeu: — Não, eu tive fé em você. Eu estava certa... de que você viria me salvar... Mais palavras já eram desnecessárias. Asuna e eu fechamos nossos olhos e enterramos nossos rostos nos pescoços um do outro. As duas mãos de Asuna estavam atrás de minhas costas, me segurando firme. Um suspiro contente de Yui pareceu vazar entre nós. Isso é bom o bastante, pensei. Se este fosse meu último momento, eu não teria arrependimentos, mesmo que minha vida acabasse. A vida que deveria ter acabado com aquele mundo finalmente se concluiu aqui, apenas por este momento... Não, não era isso. Finalmente, tudo começa aqui. Aqui, aquele mundo de espadas e batalhas acabaria e finalmente acordaríamos para o novo mundo chamado realidade, juntos. Olhei para cima e disse: — Vamos para casa. Para o mundo real. Após o abraço, agarrei a mão de Asuna com força, e Yui segurou na outra mão de Asuna. Olhei para o rosto de Yui e questionei: — Yui, é possível deslogar Asuna daqui? Yui franziu as sobrancelhas por um momento, então balançou a cabeça. — O status da Mamãe está preso a um código complexo. Um terminal do sistema é necessário para destrancá-lo. — Terminal...
Asuna disse em uma voz nervosa, inclinando a cabeça. — Acho que vi um no nível mais baixo do laboratório... Ah, o laboratório está... — Você fala naquele corredor vazio? — É... Vocês vieram por lá? — Sim. Assenti com a cabeça; Asuna franziu as sobrancelhas enquanto olhava para mim, parecendo incomodada. — Você viu alguma coisa... estranha? — Não, não encontrei ninguém por todo o caminho... —... É possível que um subordinado de Sugou esteja por aí... Apenas corte eles com sua espada! — Eh... Sugou!? Quando Asuna mencionou esse nome, fiquei surpreso, mas ao mesmo tempo convencido. — Isso é obra daquele cara... Sugou? Aprisionar Asuna aqui. — Sim. Não só isso, Sugou está fazendo coisas terríveis aqui... Asuna começou a falar, praticamente radiando ressentimento, mas balançou a cabeça imediatamente. — Vamos continuar essa conversa após voltarmos ao mundo real. Sugou não está na companhia agora. Podemos usar essa chance para acessar o servidor e libertar todos... Vamos! Embora tivesse muitas coisas que eu gostaria de perguntar, minha prioridade máxima era devolver Asuna ao mundo real. Concordei e me virei. Puxando Asuna, que segurava a mão de Yui, comecei a correr em direção à porta destruída na entrada. Dando dois passos, três passos, bem quando estávamos prestes a alcançar a borda da gaiola, naquele momento...
Alguém estava nos assistindo. De repente, tive uma sensação desagradável arrepiando minha nuca. Era a mesma exata sensação que tinha em SAO quando era alvo de um player killer laranja em vez de um monstro escondido nas sombras. Soltei a mão de Asuna rapidamente e agarrei o punho de minha espada. Pronto pra puxar minha espada, movi levemente minha mão. Naquele momento... Repentinamente, a gaiola foi preenchida com água. Parecia que estávamos envoltos em um líquido escuro altamente viscoso. Não, não era isso. Era possível respirar, mas o ar parecia estar anormalmente pesado. Embora eu pudesse mover meu corpo, como se estivéssemos em um muco pegajoso, senti uma tremenda resistência. Meu corpo estava pesado. Era doloroso se levantar. Ao mesmo tempo, a luz desapareceu do mundo. O pôr-do-sol na gaiola foi apagado pela escuridão. — O que é isso!? Asuna gritou. Sua voz estava distorcida, como se viesse de bem fundo embaixo d’água. Tentei continuar segurando Asuna e Yui e puxá-las para mais perto, apesar da sensação extraordinariamente desagradável que sentia, mas... Eu não conseguia mover meu corpo. O ar estava viscoso, movendo-se conscientemente, como se videiras estivessem me prendendo. Finalmente, o mundo foi coberto por uma completa escuridão. Não, era um pouco diferente. Eu podia ver Asuna e Yui em seus vestidos claramente. Mas a vista do plano de fundo parecia ter sido pintada de um preto absoluto. Rangi meus dentes e movi minha mão direita. Eu deveria estar perto das grades da gaiola. Estendi minha mão, pensando em puxar meu corpo daquele espaço... mas minha mão não tocou em nada. Não era apenas aparência. Fomos jogados em um mundo de escuridão; não tinha como dizer onde era. — Yui...
Qual a situação, eu estava prestes a perguntar. Mas dos braços de Asuna, Yui de repente arqueou suas costas e gritou. — Eek! Papai... Mamãe… Cuidado! Tem algo realmente ruim aqui… Antes de até mesmo terminar essas palavras, um relâmpago roxo começou a brilhar do corpo de Yui, com um flash ofuscante... Os braços de Asuna ficaram vazios. — Yui!? — Yui-chan—!? Asuna e eu gritamos em coro. Mas não teve resposta. Só eu e Asuna restávamos na espessa e pegajosa escuridão. Estendi minha mão desesperadamente, tentando me aproximar de Asuna. Com os olhos arregalados, Asuna estendeu a mão ansiosamente. No entanto, pouco antes de nossos dedos se tocarem, fomos atingidos por uma gravidade extraordinária. Era como se estivéssemos nas profundezas de um pântano de muco. Eu não conseguia suportar, a pressão oprimia meu corpo todo e me apoiei em um joelho. Asuna caiu ao mesmo tempo, apoiando suas duas mãos no chão invisível. Asuna olhou para mim, sua boca se movendo levemente. — Kirito... -kun... Está tudo bem, protegerei você, não importa o que aconteça, era o que eu ia responder. Naquele momento, uma risada aguda ecoou pela escuridão. — Ei, o que você acha dessa magia? Está programada para ser introduzida na próxima atualização, mas talvez os efeitos sejam fortes demais? A voz, carregada de tanta zombaria que não se podia controlar, era familiar. O homem que me ridicularizou na frente da adormecida Asuna, me chamando de herói. — Sugou! Gritei enquanto lutava para me levantar.
— Não, não. Neste mundo, por favor, evite me chamar por este nome. Nem ao mesmo usou um honorifico quando chamou o nome de seu rei... Você pode me chamar de Rei das Fadas, Sua Majestade, Oberon! Suas últimas palavras pularam algumas oitavas, se fazendo em uma exclamação. Ao mesmo tempo algo golpeou minha cabeça. Virando minha cabeça um pouco, um homem estava parado perto de mim. Tudo que pude ver eram os pés, envoltos em botas cobrindo meias bordadas em cores berrantes, que se moviam para a esquerda e direita em cima de minha cabeça. Quando levantei meus olhos, pude ver que ele usava longas roupas em uma cor verde veneno, e acima delas estava um rosto que parecia ser feito com perfeição. Não, era na verdade um rosto artificial. Feito a partir do zero com a modelação de polígonos, era um rosto bonito distorcido por sua expressão contorcida, ficando algo verdadeiramente feio. Seus lábios vermelhos estavam altamente distorcidos, fazendo parecer que ele estava sorrindo. Mesmo se sua aparência fosse diferente, eu sabia que este cara era Sugou. O homem que confinou a alma de Asuna nesse lugar, um homem para o qual odiá-lo simplesmente não era o bastante. — Oberon... não, Sugou! Asuna estava quase deitada no chão, mas ela levantou seu rosto, gritando corajosamente. — As coisas que você fez, eu as vi com meus próprios olhos! Aqueles horríveis experimentos... Você nunca vai escapar impune disso! — Oh? Quem vai me parar? Você, ou talvez ele? Ou talvez Deus? Infelizmente, não há Deus neste mundo. Além de mim, hehe! Sugou disse com sua voz misturada com uma risada irritante enquanto pisou forte em minha cabeça. Incapaz de aguentar a pressão da gravidade, fui empurrado para o chão. — Pare isso, seu covarde!!
Asuna gritou, mas Sugou não deu ouvido aos gritos dela. Em vez disso, se inclinando para mim, ele pegou minha espada da bainha em minhas costas. Levantando, ele a segurou com a ponta de seus dedos, então a girou. — Então, Kirigaya-kun, não… Devo chamá-lo de Kirito. Não achei que você realmente viria aqui. Isso é coragem ou estupidez? Já que você está nessa situação, acho que é o último, hehe. Soube que meu passarinho escapou de sua gaiola. Pensando que desta vez ela deveria ser punida, voltei rápido, mas que surpresa! Parece que uma barata se perdeu na gaiola! Pensando nisso, também tinha um programa estranho... — Sugou pausou, e acenando com a mão esquerda, rapidamente chamou sua janela de menu. Seus lábios curvaram-se enquanto olhava para a tela azul luminescente por um instante, zunindo com um som nasal, ele fechou a janela. —...Escapou? O que era aquilo afinal? Pra começar, como você subiu até aqui? Sabendo que ao menos Yui não foi deletada, me senti levemente aliviado e disse: — Voei aqui, com esse par de asas. — Tá bom. Vou entender se perguntar diretamente para o conteúdo de sua cabeça. —... Hein? — Você não acha que eu criaria um lugar como esse movido por um delírio alcoólico, acha? Enquanto balançava minha espada com seu dedo, Sugou colocou um sorriso que gotejava veneno. — Com a cooperação devota de antigos jogadores de SAO, minha pesquisa nas operações fundamentais de pensamento e memória já está 80% completa. Um pouco mais e serei capaz de controlar a alma, o que ninguém jamais conseguiu. Isso sempre foi chamado de trabalho de Deus! Além disso, felizmente obtive um novo corpo de experimentos hoje. Isso me deixa tão feliz. Ver suas memórias, reescrever suas emoções! Só de imaginar me faz tremer! — Sem chance... você não pode fazer isso... Sussurrei enquanto tentava dominar minha incredulidade após aquele discurso absurdamente insano. Sugou colocou o pé na minha cabeça de novo, batendo seus dedos.
— Você não aprendeu nada e conectou usando o NERvGEAR, certo? Então isso o coloca na mesma posição que minhas outras cobaias. Afinal, crianças são idiotas. Até um cachorro se lembra do que não deve fazer uma vez que é chutado. — Esse... Esse tipo de coisa não será perdoado, Sugou!! Asuna gritou com um rosto pálido. — Se você encostar um dedo em Kirito, nunca o perdoarei! — Passarinho, o dia em que serei capaz de transformar seu ódio em obediência absoluta com um virar de um interruptor está próximo. Após Sugou dizer isso com uma expressão intoxicada, ele segurou minha espada e afagou a lâmina com a ponta dos dedos de sua mão esquerda. — Então, vamos ter uma festinha antes que eu possa manipular sua alma! Sim... finalmente, estive esperando muito tempo por esse momento. Já que o melhor convidado apareceu, valeu a pena esperar até o limite de minha paciência! Sugou se virou, abrindo seus braços extensamente. — Agora, estou gravando todos os logs desse espaço! Me mostre uma cara bonita! —... Asuna mordeu seu lábio e, olhando em meus olhos, sussurrou rápido. —... Kirito-kun, deslogue agora mesmo. No mundo real, você pode expor o plano de Sugou. Eu vou ficar bem. — Asuna...! Senti-me partido em duas direções diferentes por um momento. Mas assenti imediatamente e acenei minha mão esquerda. Tendo essa quantidade de informação, eu provavelmente conseguiria um time de resgate sem evidência física. Enquanto pudéssemos controlar o servidor de ALO da RECTO Progress, tudo caminharia para a solução. ... Mas... A janela não apareceu. — Ahahahahahahaha!
Sugou se inclinou, segurando seu estômago enquanto se contorcia de riso. — Eu te disse, este é o meu mundo! Ninguém pode escapar daqui! Sugou dançou alegremente, levantando sua mão esquerda de repente. Após seus dedos manipularem o menu, duas correntes pareceram cair do céu em uma escuridão sem fim com um som estridente. Houve um som metálico estridente enquanto elas batiam no chão. Largos anéis de metal estavam no fim das correntes; Sugou pegou um dos anéis e colocou em volta do pulso direito de Asuna com um barulhento kaching. Então, a corrente estendendo-se na escuridão foi puxada levemente. — Kya! A corrente subiu de repente e a mão direita de Asuna foi levantada alto. Seus pés mal tocavam o chão quando as correntes pararam. — Seu maldito… o que você...! Eu gritei, mas Sugou nem poupou um olhar para mim enquanto zumbia uma música e segurava a outra argola-algema. — Eu tinha uma variedade de brinquedos preparados. Bem, vou começar por aqui. Enquanto dizia isso, a argola foi presa ao pulso esquerdo de Asuna, e a corrente foi retraída. Com o outro lado levantado, Asuna foi suspensa no ar como se estivesse sendo puxada pelas duas mãos. Aparentemente ainda sob a influência da gravidade intensa, a curvatura de suas elegantes sobrancelhas foi distorcida. Enquanto Sugou estava perante Asuna com seus braços cruzados, ele soltou um assobio vulgar. — Que adorável; um rosto assim não pode ser feito para uma NPC, no fim das contas. —...! Asuna encarou Sugou e fechou seus cílios apertados com sua cabeça abaixada. Sugou riu, um kuku emergiu do fundo de sua garganta, enquanto ele se virava e caminhava lentamente atrás de Asuna. Ele pegou uma mecha de seu longo cabelo em uma mão e aspirou, respirando profundamente o cheiro dele. — Mmm, que fragrância boa. Foi uma luta reproduzir o cheiro da Asuna-kun do mundo real. Eu queria que você apreciasse o esforço de trazer o analisador para a sala do hospital. — Pare... Sugou! Uma raiva insuportável perfurou meu corpo todo. Chamas vermelhas correram por meus nervos; em um instante, a pressão segurando meu corpo desapareceu. — Gu... oh... Apoiei-me com minha mão direita e tirei meu corpo do chão. Sobre um joelho, levantei-me gradualmente usando todo o poder em meu corpo. Sugou fez um gesto teatral em sua cintura com sua mão esquerda enquanto balançava sua cabeça de lado a lado. Ele caminhou a minha frente, contorcendo sua boca. — Minha nossa, a audiência deveria se comportar... e continuar aí rastejando! Ficando bem do meu lado, ele chutou minhas duas pernas subitamente. Perdi meu apoio e bati no chão. — Stop... Sugou!! — Guhah! Meus pulmões foram esvaziados pelo impacto, fazendo-me gemer involuntariamente. Com minhas mãos novamente apoiadas no chão, olhei para cima. Sugou possuía um sorriso venenoso entre os lábios; enquanto segurava minha espada com sua mão direita, ele me apunhalou nas costas sem remorso. — Gah...! As chamas correndo por meus nervos se extinguiram pela sensação do metal perfurando meu corpo. O centro de meu peito foi perfurado pela espada, que parecia estar profundamente fixada no chão. Embora não houvesse dor, eu estava sendo atacado por um intenso desconforto.
— Ki... Kirito-kun!! Escutando os gritos de Asuna, fiz contato visual com ela tentado dizer Estou bem. No entanto, mais rápido do que minha voz pôde sair, Sugou falou com uma voz explosiva vinda da escuridão acima. — Comando de sistema! Absorção de dor, mudar para nível 8. Nesse momento, um cone de pura dor se espalhou por minhas costas, como se eu tivesse sido esfaqueado. — G... Guh... Quando um gemido vazou de minha boca, Sugou berrou numa gargalhada. — Kukuku, ainda tem mais duas atrações pra você. A dor vai ficar mais forte gradualmente, então aguarde ansiosamente por isso. Quando chegar abaixo do nível 3, temo que você provavelmente vai continuar sentindo os efeitos do choque mesmo após deslogar. Com um bater de suas mãos, como se ele estivesse dizendo Agora, então..., ele voltou para trás de Asuna. — L-... Liberte Kirito-kun agora mesmo, Sugou! Asuna gritou, mas é claro, Sugou não mostrou sinal algum de tê-la escutado. — Sabe, eu odeio crianças como essa mais do que tudo. Embora ele não tenha nem a habilidade nem o conhecimento, um inseto barulhento... Kuku, como insetos em uma caixa de espécimes, eles devem ser aprisionados e parados. Além disso, você não se encontra em condição de se preocupar com ele, não é, passarinho? De atrás de Asuna, Sugou estendeu sua mão direita e cutucou a bochecha dela com seu dedo indicador. Asuna virou seu pescoço tentando evitar, mas não aconteceu como ela queria devido à gravidade pesada. O dedo dele deslizou por seu rosto e logo se moveu para seu pescoço. O rosto de Asuna se distorceu em desgosto. — Pare... Sugou!
Eu gritei enquanto tentava levantar meu corpo desesperadamente. Asuna soltou um sorriso decidido e com uma voz trêmula, disse: — Não se preocupe, Kirito-kun. Não serei ferida por algo assim. Nesse momento, uma risada estridente com um kiki veio de Sugou. — Tem que ser assim, afinal. Quanto tempo acha que seu orgulho vai sustentá-la? Trinta minutos? Uma hora? Talvez um dia todo? Prolongue o máximo possível, esse prazer! Enquanto gritava, ele agarrou o laço vermelho na gola do vestido de Asuna com sua mão direita. Enquanto puxava, o laço esticou e se desfez. A fina fita vermelho sangue flutuou pelo ar silenciosamente e aterrissou no chão perante meus olhos. Do vestido desmantelado, a pele branca de seu peito foi bastante exposta. O rosto de Asuna ficou distorcido em humilhação e seus olhos se fecharam com muita força. Sugou se inclinou para trás, rindo com um sorriso estúpido enquanto estendia sua mão direita para tocar a pele nua de Asuna. Seus lábios se abriram na forma de uma lua crescente e ele colocou sua língua vermelho vivo para fora. Enquanto fazia som de saliva caindo, ele lambeu abaixo da bochecha de Asuna, subindo. — Ku, ku, devo te dizer no que estou pensando? Sugou falou em uma voz tingida com uma loucura fervilhante enquanto sua língua ainda estava para fora perto da orelha de Asuna. — Assim que eu aproveitar completamente este lugar, irei até seu quarto no hospital. Se eu trancar a porta e desligar a câmera, aquele quarto se torna uma sala secreta. Você e eu, só nós dois. Vou arrumar um grande monitor e rodar a gravação de hoje para me divertir com a outra você! Vou levar todo tempo do mundo e ir cuidadosamente. Afinal, é seu corpo real. Após tirar a pureza de seu coração aqui, vou tirar a pureza de seu corpo lá! Tão divertido, uma experiência verdadeiramente única! A risada estridente de Sugou revirava minhas entranhas de dentro para fora enquanto ecoava na escuridão. Asuna arregalou seus olhos por um momento, seus lábios se fecharam corajosamente.
No entanto, o medo que ela não podia controlar se reuniu no canto de seus olhos. Enquanto as lágrimas caiam por seus longos cílios, a língua de Sugou as lambia. — Ah... doce, tão doce! Vamos, chore mais pra mim! Uma raiva incandescente que podia incinerar tudo perfurou diretamente minha cabeça, soltando faíscas violentas pela minha visão. — Sugou... seu maldito... SEU DESGRAÇADO! Gritei, movendo minha perna enquanto tentava levantar. Mas a espada me atravessando nem se moveu. Senti lágrimas transbordando dos meus dois olhos. Rastejando como um inseto desengonçado e lutando, urrei: — Desgraçado... Vou matar você! MATAR! DEFINITIVAMENTE VOU TE MATAR! Gritei, mas tudo foi afundado pela risada louca de Sugou. Nesse instante, se eu pudesse pegar poder emprestado... Meus dedos arranharam o chão, rezando para mover até um milímetro para frente. Nesse instante, se eu conseguisse o poder para levantar, qualquer preço valeria. Leve minha vida, minha alma, tudo, eu não ligaria. Que fosse pela ajuda de um demônio, não importava enquanto aquele homem fosse cortado e destruído. Enquanto Asuna fosse devolvida para o lugar que pertencia. Sugou rastejou pelo braço e perna de Asuna com as duas mãos, acariciando-os. Cada movimento de sua mão causava uma forte pulsação de estimulação sensorial nela. Aquentando a humilhação, Asuna mordeu seu lábio com tanta força que começou a sangrar. Com essa imagem em minha visão, senti meus pensamentos ficando brancos, cortados por uma sensação de queimadura intensa. As chamas da minha raiva e desespero me consumiam. Meus processos de pensamento remanescentes viraram cinzas. Se minha alma se tornou como a cor de uma massa de ossos secos, eu não teria que pensar. Não seria preciso pensar.
Se eu tivesse uma espada, pensei, poderia fazer qualquer coisa. Porque eu era o herói que se levantava do topo de 10.000 espadachins. Derrotei o rei demônio, o herói que salvou o mundo. O mundo virtual era meramente formado com base nas ideias de marketing de companhias, simplesmente um jogo. Ser pego pensando que era outra realidade... Eu fui iludido em pensar que a força que ganhei naquele mundo era uma força real. Estando livre do mundo de SAO, ou expulso, após voltar ao mundo real... Eu não estava desapontado com meu corpo magro? Em algum lugar em meu coração, eu não havia ansiado voltar àquele mundo, o mundo onde eu era o herói mais forte? E é por isso que você, após descobrir sobre a mente de Asuna estar presa em outro mundo virtual, pensou que poderia fazer algo para resolver isso com seu próprio poder e veio descuidadamente. Quando a coisa que você realmente deveria ter feito era deixar isso com os adultos com poder de verdade no mundo real. Após recuperar o poder ilusório, superando outros jogadores, não foi para se agradar satisfazendo seu próprio orgulho feio? Então esse resultado... foi o que mereci. Isso mesmo, você só estava usando o poder dado por outra pessoa, ficando excitado como uma criança ingênua. Ter meramente um ID não poderia superar algo chamado privilégios de administração do sistema. Só uma coisa era certa, arrependimento. Se eu não gostasse disso, eu teria que abandonar a ideia. 『Fugindo?』 — Não, eu reconheci a realidade. 『Você se rende? Para o poder do sistema que você derrotou antes?』 — Não tem jeito. Sou um jogador e aquele cara é um game master.
『Essas são palavras que desonram aquela batalha. Onde tive que reconhecer que o poder de um homem pode superar o sistema, compreender as possibilidades do futuro, nossa batalha.』 — Batalha? Isso é idiota. “Batalha” não é algo que simplesmente aumentaria ou diminuiria números? 『Você deveria saber que não é. Agora levante-se. Levante-se e segure a espada. 』 『LEVANTE-SE, KIRITO-KUN!』 Aquela voz foi como um rugido trovejante; ela atravessou minha consciência como um relâmpago. Os sentidos que estavam desparecendo pareceram se reconectar em um instante. Meus olhos se abriram se arregalando. — Wu... oh… — saiu de minha garganta em uma voz rouca. — O... Oooh... Rangi meus dentes e coloquei minha mão direita no chão, me esforçando para ficar sobre meus cotovelos com uma voz que parecia o rugido de uma fera prestes a morrer. Quando tentei levantar meu corpo, a espada que perfurava o meio de minha espinha me impediu com uma pressão assustadora. Não posso ficar rastejando miseravelmente sob algo assim. Esse ataque desalmado... me render a isso era imperdoável. Cada lâmina naquele mundo era mais pesada. Mais dolorosa. — Wu… Gu, ooh!
Junto com o curto urro, usei todo o poder de meu corpo e alma para me levantar. Com um som shuit fraco, a espada desprendeu-se do chão, saiu das minhas costas e caiu. Sugou olhou com uma expressão perplexa enquanto eu ficava de pé. Logo, ele fez uma cara de incômodo e tirou suas mãos do corpo de Asuna, encolhendo os ombros de modo teatral. — Nossa, pensei que tinha fixado as coordenadas do objeto, me pergunto se ainda tem um bug estranho. Quando se trata da incompetência do nosso time de gerenciamento... Ele murmurou enquanto caminhava em minha direção. Levantando seu punho direito, ele dirigiu um soco para o meu rosto. Estendi minha mão esquerda, segurando seu punho no meio do ar. — Oh...? Olhei para os olhos surpresos de Sugou, abrindo minha boca. Um grupo de palavras ecoou no fundo de minha mente, e eu as repeti. — Login no Sistema. ID «Heathcliff». Senha… A gravidade que envolvia meu corpo desapareceu assim que terminei de recitar a complexa série de caracteres alfanuméricos. — O... O quê!? O que é essa ID!? Quando Sugou arreganhou seus dentes e gritou em surpresa, ele soltou sua mão da minha e recuou um passo para trás. Acenou sua mão esquerda para baixo e um menu azul de sistema apareceu. Antes de aquele cara poder mover um dedo, um comando de voz saiu de minha boca. — Comando do sistema. Mudança de Autoridade de Supervisor. ID «Oberon» para nível 1. Em um segundo, a janela desapareceu da mão de Sugou. Ele encarou com seus olhos, indo e voltando várias vezes entre meu rosto e o espaço vazio onde a janela estava, tentando, frustrado, abrir o menu com sua mão esquerda novamente.
No entanto, nada acontecia. O pergaminho mágico que dava a Sugou o poder de Rei das Fadas não emergia. — Um... Um ID de rank mais alto que o meu...? Inacreditável... Isso não deveria ser possível... Eu sou o governante... O criador... O Imperador deste mundo… Deus… Sugou continuava falando em uma voz aguda que parecia uma amostra de áudio tocando ao contrário em alta velocidade. Falei enquanto olhava para o rosto bonito desabando em feiura. — Isso não é verdade, não é? Você roubou. Aquele mundo. Os residentes de lá. Um rei ladrão que dança sozinho em seu trono roubado. — E… esse pirralho… eu… realmente ousa dizer isso pra mim… Vou fazer você se arrepender... Vou tirar sua cabeça e transformá-la em enfeite... Sugou apontou um dedo indicador curvado como um anzol para mim e gritou em uma voz estridente. — Comando do Sistema! ID do objeto «Excaliber». Gerar! No entanto, o sistema não respondia mais a voz de Sugou. — Comando do Sistema! Me escute seu pedaço de lixo! Deus... Deus está te ordenando! — Ao ouvir esses gritos, tirei meus olhos de Sugou. Olhei para Asuna que ainda estava suspensa sobre o chão. Seu vestido radiante foi rasgado e apenas trapos cobriam seu corpo, seu cabelo estava desgrenhado e havia faixas brilhantes por onde lágrimas correram em seu rosto. Mas seus olhos não tinham perdido a luz. Aquele forte açoite não quebrou seu espírito obstinado. — Vai acabar logo. Espere só mais um pouco. Sussurrei na minha mente, olhando para os olhos castanhos de Asuna. Foi um movimento pequeno, mas Asuna balançou a cabeça em acordo. Uma nova chama de raiva cresceu em mim quando vi a figura oprimida de Asuna. Olhei para cima e disse: — Comando do Sistema. ID do objeto «Excaliber», gerar.
O espaço à minha frente começou a se distorcer quando eu disse isso. Números minúsculos fluíram velozmente para formar uma única espada. A cor e textura foram geradas gradualmente da ponta para baixo. Com uma lâmina soltando um brilho dourado, era uma espada longa encravada com lindas decorações. Não havia dúvida de que era a mesma arma que estava selada no final do calabouço em Jötunheimr. A espada mais forte que era o sonho de muitos jogadores apareceu com apenas um comando; não era uma sensação particularmente agradável. Agarrei o cabo da espada e a joguei para Sugou, cujos olhos estavam arregalados em confusão. Após vê-lo pegá-la de um modo perigoso, levantei meu pé direito gentilmente. Minha espada voou na escuridão de onde tinha caído antes quando pisei com força em seu punho. Girando no ar, caiu em direção à minha mão direita com um brilho de seu metal escurecido. Com um som pesado, a espada caiu em minha mão. Quando eu apontei minha espada larga de aço negro para Sugou, eu disse: — É hora de acertar isso. O rei ladrão contra a imitação de herói... Comando do Sistema. Absorção de dor para o nível 0.
— Eh… O quê…? Escutando o comando para aumentar o nível de dor virtual sem restrição, a cor sumiu do rosto do Rei das Fadas segurando a espada dourada. Ele recuou um passo, dois passos. — Não tente escapar. Aquele homem não hesitou não importando a situação que fosse. Aquele... Kayaba Akihiko. — Ka… Kaya… Escutando esse nome, o rosto de Sugou ficou extremamente deformado. — Kayaba... Heathcliff... então é você… Você está entrando no meu caminho novamente! Balançando a espada em sua mão direita acima de sua cabeça, ele gritou em uma voz que rasgaria metal. — Você morreu! Você bateu as botas! Por que você me impediria até na morte! Você sempre foi assim... Sempre, sempre! Sempre fazendo aquela cara de quem entendia tudo… pegando tudo que eu queria pelas bordas! Sugou gritou, subitamente apontando sua espada para mim antes de continuar. — Um pirralho como você... O que você poderia entender! O que é estar abaixo dele... O que significa competir com ele, como você poderia de alguma forma entender isso!? — Eu entendo. Me tornei um servo após ser derrotado por aquele homem também. Mas eu nunca pensei em me tornar como ele. Diferente de você. — Pirralho... Esse pirralho… ESSE PIRRAALHO! Sugou avançou com um grito que veio do fundo da garganta e brandiu sua espada. Assim que observei uma abertura, penetrei-a com minha espada na mão direita e a ponta de minha espada cortou a tenra bochecha do Rei das Fadas. — Aaah! Sugou gritou enquanto segurava sua bochecha com a mão esquerda e pulava para trás. — Isso… DÓÓII…!
O grito da figura de olhos arregalados só serviu para inflamar minha raiva. A ideia de que Asuna esteve sob a opressão deste homem por dois meses era insuportável. Dando um grande passo para frente, levei minha espada abaixo. Sugou levantou sua mão direita para bloqueá-la instintivamente e minha espada decepou seu pulso. A mão e a espada dourada sendo segurada por ela desapareceram na escuridão. O som dela caindo em algum lugar distante ecoou claramente. — AAAAAAAaaah! Mão... Minha mãããooo! Era um sinal pseudo-elétrico, mas era por isso que Sugou sentiria pura dor. É claro, não era o bastante. De forma alguma aquilo poderia ser o bastante. Ataquei Sugou forte com minha espada, atingindo os robes verdes envolvendo seu tronco, enquanto ele segurava no toco de sua mão decepada e gemia. — Gyuboaaaa! O estômago do alto e belo corpo foi partido em duas metades iguais, caindo no chão com um barulho alto. A parte inferior foi engolida imediatamente por chamas brancas e caiu após ser queimada. Segurando o longo cabelo loiro ondulante de Sugou em minha mão esquerda, o levantei. Ele continuou a gritar em uma voz metálica saindo de uma boca agitada que abria e fechava, enquanto lágrimas escoavam de olhos que estavam abertos ao limite. Sua figura só podia invocar nojo em mim. Balancei minha mão esquerda, jogando seu tronco superior diretamente para baixo. Segurando minha longa espada com ambas as mãos, fiz uma pose acima dele. Assistindo a espada cair, ele liberou um grito áspero... —… Uoooo! Abaixei a espada com toda minha força. Com um barulho Gatsutsu, a lâmina atravessou o olho direito de Sugou e saiu pela nuca. — Gyaaaaaaaa!
O grito desagradável ecoando pela escuridão era como várias engrenagens quebradas rangendo uma contra a outra enquanto se viram. O olho direito foi dividido em dois em cada lado de minha espada. Chamas brancas pegajosas estouraram, espalhando-se rapidamente da cabeça para o resto da metade superior do corpo. Ele se tornou algo parecido com um fantasma e continuou se dissolvendo, e pelos muitos segundos antes de desaparecer completamente, Sugou continuou gritando sem parar. O grito extinguiu-se lentamente, e, não muito depois, o vulto desapareceu. Silêncio voltou ao mundo; agitei minha espada, espalhando as brasas brancas. Com um balançar gentil de minha espada, as duas correntes prendendo Asuna quebraram e desapareceram. Soltei minha espada, serviço completo. Segurei Asuna enquanto ela deslizava até o chão, seu corpo completamente solto, sem forças. A energia apoiando meu corpo também acabou e deslizei até me apoiar somente em um joelho no chão. Olhei para Asuna em minhas mãos. —… Ugh… A torrente de sentimentos inevitáveis mudou de forma e começou a fluir de meus olhos como lágrimas. Segurando firme o corpo delicado de Asuna, meu rosto enterrado em seu cabelo, eu chorei. Eu não podia dizer nada, apenas continuei chorando. —... Eu acreditei. A voz clara de Asuna abalou meus ouvidos. —... Sim, eu acreditei... Até agora e daqui em diante. Você é meu herói... Você sempre virá me salvar... Mãos gentis acariciaram meu cabelo. Não é isso. Eu… Eu não tinha poder algum na verdade... No entanto, eu respirei profundamente, e disse em uma voz trêmula. —... Darei o melhor de mim para ser realmente assim. Agora, vamos voltar...
Agitando minha mão esquerda, uma complexa janela do sistema emergiu, era realmente diferente das normais. Mergulhei intuitivamente na janela hierárquica, parando quando meu dedo aterrissou no menu relacionado à transferência. Olhando para os olhos de Asuna, eu disse: — Provavelmente já é noite no mundo real. Mas irei até o seu quarto do hospital imediatamente. — Sim, vou esperar. Será bom ver Kirito-kun primeiro. Asuna sorriu vivamente. Ela olhou para algum lugar distante, com olhos claros como cristal, e sussurrou: — Ah... finalmente, acabou. Vou voltar... para aquele mundo. — Isso mesmo... Ele mudou de várias formas, você vai ficar surpresa. — Fufu. Vamos para vários lugares e fazer muitas coisas. — Sim. Com certeza. Assenti segurando firmemente Asuna e movi minha mão direita. Toquei o botão de log out, com a ponta do meu dedo brilhando azul esperando por um alvo, limpei gentilmente as lágrimas caindo pelas bochechas de Asuna. Então, a luz azul envolveu o corpo pálido de Asuna. Pouco a pouco, Asuna ficou mais transparente, como um cristal. Partículas de luz vieram de seus dedos e pés, dançando pelo ar antes de desaparecer. Até Asuna desaparecer completamente, eu estava segurando seu corpo apertado. Finalmente, o peso em meus braços desapareceu e fui deixado sozinho naquela escuridão. Por um momento, continuei agachado. Junto ao sentimento de que tudo acabou, havia também a sensação de um grande progresso. Mesmo que este incidente tenha sido causado pela fantasia de Kayaba e a ambição de Sugou... É esse o tão falado final? Ou é só outro grande ponto de virada?
Forcei-me a me levantar de alguma forma, com um corpo que estava ficando sem energia. Olhei para cima, na escuridão deslumbrante se estendendo para as profundezas do mundo, e sussurrei sozinho. — Você está aí, não está, Heathcliff? Após um momento de silêncio, uma voz rouca ecoou em minha consciência, a mesma de mais cedo. 『Já faz um bom tempo, Kirito-kun. Contudo para mim... os eventos daquele dia parecem ter sido ontem..』 Era diferente desta vez, pois a voz parecia me alcançar de algum lugar distante. — Você está vivo? 『Você pode dizer que estou, e pode dizer que não estou. Em um sentido, sou um eco da consciência de Kayaba Akihiko — uma pós-imagem. 』 — Como sempre, você é uma pessoa que fala de um jeito confuso. Vou expressar minha gratidão por enquanto... De qualquer forma, teria sido melhor se você tivesse vindo e nos ajudado mais cedo. 『...』 A presença de um sorriso de esguelha foi revelada. 『Isso foi um infortúnio, sinto muito. O momento em que o sistema de preservação descentralizado conectou e acordou o meu programa foi há pouco tempo... quando escutei sua voz. Não há necessidade de agradecer. 』 —... Por quê? 『Você e eu não estamos em termos amigáveis o bastante para aceitar favores grátis. Eu preciso de uma compensação, naturalmente.』 Agora, foi minha vez de soltar um sorriso de esguelha. — Então me diga o que precisa ser feito.
Então, daquela escuridão distante, algum tipo de... objeto prateado brilhante caiu. Alcancei-o e ele aterrissou em minhas mãos com um som fraco. Era um pequeno cristal em forma de ovo. Uma luz fraca oscilava dentro do cristal. — Isso é? 『É uma semente de mundo.』 — Uma o quê? 『Quando ela nascer, você entenderá. Confio a você a decisão do que fazer com ela após isso. Não tem problema deletá-la ou esquecê-la… No entanto, se você tem qualquer sentimento além de ódio por aquele mundo...』 A voz parou aqui. Seguindo um curto silêncio, apenas um rápido adeus veio. 『Então, estou indo. Que nos encontremos de novo qualquer dia, Kirito-kun.』 Então, de repente, a presença desapareceu. — Yui, você está aqui? Você está bem!? Assim que gritei, o mundo de trevas se abriu em uma linha reta. Luz laranja rapidamente brilhou por ele, cortando a cortina negra. O vento soprou no mesmo tempo, carregando as trevas. Era tão lindo e deslumbrante que tive que fechar meus olhos momentaneamente. Abri-os cuidadosamente e me vi de volta à gaiola. À minha frente, o grande pôr-do-sol enviava sua última luz antes de cair abaixo do horizonte. Não havia figuras humanas, apenas o som do vento. — Yui? Chamando-a novamente, a luz se condensou na frente de meus olhos, e uma garotinha de cabelo preto apareceu com um pop de estalo. — Papai! Com um grito ressonante, Yui pulou em meu peito, abraçando meu pescoço com força. — Você está bem. Graças a Deus…
— Sim... Quando pareceu que meu endereço seria trancado do nada, recuei para a memória local do NERvGEAR. Consegui me conectar de novo, mas mamãe e papai sumiram... Eu fiquei preocupada... E a mamãe…? — Ah, ela voltou… para o mundo real. — Entendo... isso é ótimo... realmente... Yui fechou os olhos e colocou suas bochechas em meu peito. Senti uma fraca sombra de solidão nela e acariciei seu longo cabelo gentilmente. — Logo, viremos ver você de novo. Mas... me pergunto o que vai acontecer com este mundo... Após eu murmurar, Yui sorriu e falou: — O núcleo do meu programa não é parte deste lugar, mas está na verdade armazenado no NERvGEAR do papai. Estaremos sempre juntos. —Oh, mas é estranho… — O que foi? — Um arquivo um tanto quanto grande foi transferido para o armazenamento do seu NERvGEAR... embora não pareça estar ativo... — Hmm… Inclinei minha cabeça, mas pus de lado a pergunta por hora. Em vez disso, tinha mais uma coisa que eu precisava fazer, acima de tudo. — Então, estou indo. Encontrar sua mamãe. — Sim. Papai... Eu te amo. Soltando algumas lágrimas, abracei Yui forte enquanto acariciava a cabeça dela e agitava minha mão direita. Pouco antes de pressionar o botão, parei e olhei o mundo pintado nas cores do pôr-do-sol. Este mundo que era governado por um falso rei, o que aconteceria com este mundo agora que ele se fora? Meu coração doeu quando pensei em Leafa e nos outros jogadores que amavam este mundo tão profundamente.
Beijei gentilmente o rosto de Yui e movi meu dedo largamente. Luz radial se espalhou por minha visão, envolvendo minha consciência e me carregando para mais e mais alto. Senti uma profunda exaustão quando abri meus olhos. A frente de meus olhos estava o rosto de Suguha e ela olhava para o meu com uma expressão preocupada. Quando nossos olhos se encontraram, ela se levantou apressadamente. — D-Desculpa, entrei no seu quarto sem permissão. Quando você não voltou por um tempão, fiquei preocupada... Suguha disse, com suas bochechas levemente vermelhas, sentada na ponta da minha cama. Após um pequeno atraso, meus membros recobraram sua conexão e empurrei minha metade superior forçadamente para cima. — Desculpe estar atrasado. —... acabou? —... Sim… acabou… tudo... Olhei para o vazio por um momento enquanto respondia. Em uma situação perigosa no mundo virtual após ser capturado, mas desta vez, aprisionado sem ser capaz de libertar-me... Não era algo que eu podia contar a Suguha. Eventualmente, eu a contaria tudo, mas nesse instante, eu não queria preocupá-la mais. Essa minha única irmãzinha que já tinha me salvado mais vezes do que eu podia contar. Aquela vez tarde da noite na floresta, encontrei uma garota de cabelo loiro e minha nova aventura começou... durante toda a longa jornada, ela sempre esteve comigo. Ela me mostrou o caminho, me ensinou sobre o cenário e me protegeu com sua espada. Se ela não tivesse me introduzido às duas ladies e proporcionado minha amizade com elas, eu definitivamente não teria sido capaz de atravessar a parede de cavaleiros guardiões. Olhando para trás, eu também recebi a ajuda de um grande número de pessoas. Mas, é claro, a maior parte da ajuda veio da garota na frente de meus olhos. Quando eu era Kirito e ela era Leafa, e quando eu era Kazuto e ela Suguha, ela me ajudou e me apoiou, mas ao mesmo tempo, seus pequenos ombros carregaram uma profunda angústia.
Olhei para o rosto de Suguha novamente, ele tinha a animação viva de um garoto e um novo esvanecimento de folha verde. Estendi uma mão e acariciei sua cabeça gentilmente; Suguha soltou um pequeno sorriso de embaraço. — Sério... Sério, muito obrigado mesmo, Sugu. Se você não estivesse lá, eu não conseguiria ter feito nada. O rosto de Suguha ficou mais e mais vermelho e ela abaixou a cabeça. Ela ficou um pouco inquieta, então se decidiu e descansou sua bochecha contra o meu peito. — É... fiquei feliz. No mundo do onii-chan, fui capaz de ajudar o onii-chan. Suguha sussurrou com seus olhos fechados. Com minha mão direita, segurei-a gentilmente e dei um rápido abraço. Após soltá-la, Suguha me olhou e disse. — Então... você a trouxe de volta, né? Aquela pessoa... Asuna-san… — É. Finalmente... Ela está de volta enfim… Sugu, eu… — Sim. Vá, ela com certeza está esperando pelo onii-chan. — Desculpa. Te conto os detalhes quando voltar. Coloquei uma mão na cabeça de Suguha e me levantei. Me vesti em tempo recorde, mas parei na varanda em minha jaqueta casual. Estava completamente escuro lá fora. Os ponteiros do relógio antigo na parede que estava pendurado na sala de estar apontavam para um pouco antes das 21:00. Horas de visitas já tinham acabado há muito tempo, mas a situação era essa. Se eu contasse as circunstâncias às enfermeiras, poderia conseguir entrar. Suguha correu até mim imediatamente — Fiz isso — e me passou um sanduíche grosso. Aceitei agradecido e o mordi, então abri a porta da varanda e caminhei até o jardim. — F-frio... Eu encolhi minha cabeça quando senti que o frio estava adentrando em minha jaqueta. Suguha olhou para o céu escuro da noite e disse:
— Ah... neve. — Oh… Realmente, havia dois ou três grandes flocos de neve que flutuavam para baixo. Hesitei um momento sobre chamar um táxi ou não. Se eu fizesse isso, teria que esperar, então caminhar para a estrada principal para ser pego, portanto seria mais rápido simplesmente usar minha bicicleta. — Tome cuidado... Diga olá para Asuna por mim. — Tá. Dá próxima vez, vou apresentar você apropriadamente. Acenei um tchau para Suguha e montei em minha bicicleta, começando a pedalar. Deixei minha bicicleta correr a velocidade total, e a velocidade insana tirou meus pensamentos da mente enquanto voei pelo sul de Saitama. A neve começou a cair mais forte gradualmente, mas não acumulou, e a reduzida densidade do tráfego ajudou. Eu queria alcançar Asuna no hospital o mais rápido possível... Mas ao mesmo tempo, estava parcialmente assustado com o que poderia encontrar. Pelos últimos dois meses, eu visitei aquele quarto de vez em quando, sempre provando um amargo desapontamento. Imaginando se ela se tornaria uma estátua fria daquele jeito, peguei a mão dela enquanto ela estava silenciosamente aprisionada no sono. Continuei chamando seu nome, mesmo que nunca fosse alcançá-la. Desta forma, enquanto descia essa estrada, me lembrei até mesmo das brechas... encontrá-la no reino das fadas, derrotar o rei falso, e libertá-la das correntes pode ser apenas minha fantasia. Se eu a visitasse no quarto de hospital poucos minutos depois e Asuna não tivesse acordasse. A alma dela não estava mais em ALfheim, mas ela ainda não voltou para a realidade... Novamente, ela pode ter desaparecido para algum lugar desconhecido.
Não era só a neve atingindo meu rosto na escuridão que fazia os terríveis calafrios correrem por minhas costas. Não, não podia haver algo assim. O sistema que governa o mundo chamado realidade não poderia ser tão cruel. Enquanto meus pensamentos desordenados se entrelaçavam, continuei a pedalar. Virei à direita na rodovia, nas colinas. Meus pneus deixando um rastro profundo agiam como uma pá que afundava e espalhava a fina neve no asfalto, acelerando minha bicicleta. Não demorou muito para a sombra de um grande prédio aparecer à minha frente. A maior parte das luzes estava acesa, mas uma luz azul piscava do heliporto no telhado como uma ilusão tentando atrair vítimas para o castelo de escuridão. Uma grande cerca de ferro apareceu quando terminei de escalar a colina. Contornei-a por mais dezenas de segundos. Finalmente alcancei o portão frontal, protegido por mourões especialmente altos. Como era uma instalação médica altamente especializada, casos de emergência não eram aceitos. Os portões já estavam firmemente fechados e a guarita sem ninguém. Passei da entrada para o estacionamento principal e entrei pela pequena entrada dos empregados do hospital. Estacionei minha bicicleta no fim do estacionamento. Era irritante demais trancá-la, então continuei correndo. Na luz laranja jogada pelos holofotes de sódio pude ver que o estacionamento estava completamente deserto. O silêncio foi quebrado apenas pela neve caindo do céu, pintando o mundo de branco. Continuei pedalando enquanto exalava nuvens de vapor de minha respiração pesada. Meio caminho através do vasto estacionamento, quando eu estava prestes a passar entre uma van escura e um sedã branco, naquele momento... Quase colidi com a sobra de uma pessoa saindo detrás da van. — Ah... Com licença, eu ia dizer enquanto tentava desviar; algo entrou em minha visão... Flash, um vívido brilho de metal lançou-se em minha direção. —...!?
Logo após isso, meu braço direito começou a esquentar, pouco abaixo do cotovelo. Ao mesmo tempo, um monte de branco se espalhou. Não eram flocos de neve. Eram finos como penas. O isolamento térmico da minha jaqueta. Cambaleei para trás, colidindo de alguma forma com a traseira do sedã branco e consegui parar. Eu não podia entender a situação atual. Enquanto estava atordoado, olhei para a sombra a cerca de dois metros distante de mim. Era um homem. Ele usava uma roupa que era quase preta. Estava segurando algo longo, fino e branco em sua mão direita. Brilhava cegamente na luz laranja. Uma faca. Uma grande faca de sobrevivência. Mas, por quê... Meu rosto congelou quando senti o olhar do homem na sombra da van. Ele estava movendo os lábios, mas o que saiu foi um sussurro rouco. — Você está atrasado, Kirito-kun. E se me fizesse pegar um resfriado? Aquela voz. Era uma voz estridente e pegajosa. — Su... Sugou... Fiquei paralisado, ao mesmo tempo em que chamei seu nome, o homem deu um passo para frente. As lâmpadas de sódio iluminaram seu rosto. Comparado com poucos dias atrás, seu macio cabelo penteado estava severamente desarrumado e tinha uma barba de vários dias por fazer cobrindo seu maxilar. Sua gravata estava quase completamente desfeita e estava pendurada frouxamente em volta de seu pescoço. E também... Estranhos olhos me espiavam por detrás dos óculos de aro metálico. O motivo era aparente de cara. Embora seus olhos estivessem abertos ao máximo possível, seu olho esquerdo tinha dilatado se adaptando à escuridão da noite enquanto seu olho direito estava pequeno e se contraindo. Era onde eu o perfurei com minha espada na Árvore do Mundo. — Você fez algo cruel, Kirito-kun.
Sugou disse em uma voz áspera. — A sensação de dor ainda não desapareceu. Bem, existem vários remédios muito bons, então isso não importa. Ele enfiou sua mão direita no bolso do terno, agarrou algumas capsulas e as jogou na boca. Com um som Kacha Kacha ele começou a mastigar e deu outro passo em minha direção. Recuperando-me finalmente do choque, consegui mover meus lábios secos. — Sugou, você já está quase acabado. Você foi longe demais para cobrir as coisas. Receba seu julgamento obedientemente. — Acabado? O quê? Nada acabou ainda. Bem, RECTO é inútil agora. Eu vou para a América. Tem um bando de companhias que querem meu conhecimento. Agora, acumulei uma grande quantidade de dados experimentais. Se eu usar isso para completar meus estudos, me tornarei o verdadeiro rei... o verdadeiro Deus... o Deus deste mundo real. Ele estava louco. Não, talvez ele estivesse quebrado há muito tempo. — Antes disso, tem alguns assuntos que tenho que cuidar. Primeiro, vou matar você, Kirito-kun. Após terminar de falar em uma voz reprimida sem mudar de expressão, Sugou se aproximou animadamente de mim. A faca em sua mão direita se moveu casualmente na direção de meus olhos. —...! Dei um impulso contra o asfalto com meu pé direito, tentando evitá-la. No entanto, por causa da neve debaixo do meu calçado, escorreguei e perdi o equilíbrio, desabando no estacionamento. Aterrissei duro em meu lado esquerdo, o fôlego deixando meu corpo. Sugou me olhou por cima com pupilas que não pareciam poder se focar. — Ei, levante-se. Após isso, ele me chutou na coxa com a ponta de seu sapato caro. Duas vezes. Três. Uma dor quente correu por minha coluna, ecoando no fundo de minha cabeça. Também repercutiu por meu braço direito, criando uma dor aguda. Finalmente notei que havia um corte não só em minha jaqueta, mas também em meu braço. Eu não podia me mover. Não podia fazer um som. A faca de sobrevivência que Sugou segurava, uma lâmina com mais de 20 centímetros... a pressão pesada daquele item assassino me fez congelar. Matar? Eu? Com aquela faca? Meus pensamentos fragmentados fluíram e desapareceram. Aquela lâmina grossa, penetrando meu corpo silenciosamente, mortalmente... Enquanto as palavras apareciam, tirando minha vida com um ferimento fatal... imaginei aquele instante de novo e de novo. Além disso, não havia nada que eu pudesse fazer. A dor em meu braço direito se tornou um calor entorpecido. Várias gotas de um líquido escuro caíram da fenda entre o corte de minha jaqueta de inverno e a luva. Comecei a imaginar o sangue fluindo sem parar de meu corpo. Uma imagem clara e real de «morte» que não era um valor numérico em uma barra de HP. — Ei, levante-se. Apenas levante-se. Sugou chutava mecanicamente e pisou em meus pés de novo e de novo. — Você... o que disse para mim lá. Não fuja? Não hesite? Vamos acertar isso? Você disse essas coisas arrogantes. Escutei-o sussurrar, a voz de Sugou estava preenchida pelas mesmas cores de insanidade que escutei na escuridão daquele lado. — Entendeu agora? Um pedacinho de merda como você sem habilidade fora de jogos não possui poder de verdade. É isso que chamam de lixo inferior. Mesmo assim, você se opôs a mim, este eu... A punição para seus pecados é a morte, naturalmente. É impossível ser qualquer outra coisa além de morte. Após falar em um tom sem inflexão, Sugou colocou seu pé esquerdo no meu abdômen, e mudou seu centro de gravidade. Perdi meu fôlego graças à pressão física e mental enquanto ele liberava sua loucura.
Olhei para o rosto de Sugou enquanto ele se aproximava, respirando rasa, irregular e rapidamente. Enquanto se inclinava Sugou segurou a arma em sua mão direita bem acima de sua cabeça. Sem piscar, ele a abaixou. — gh Um som duro escapou do fundo de minha garganta... Junto com o surdo som metálico, a ponta da faca raspou em minha bochecha e afundou no asfalto ao mesmo tempo. — Ah... a visão do meu olho direito está borrada, minha mira foi ruim. Sugou murmurou enquanto levantava a faca no alto de novo. A borda da faca estava brilhando na luz das lâmpadas de sódio, e desenhou uma luz laranja na escuridão. Talvez fosse porque ele atingira a rua com ela, mas a ponta da faca estava levemente fragmentada. Essa falha deu para a faca uma presença física mais realista como uma arma. Em vez de uma arma poligonal, era feita de moléculas de metal condensado, pesado e frio, e uma lâmina genuinamente letal. Tudo pareceu ficar lento. A neve que caía do céu. A massa de ar saindo da boca de Sugou. A faca que descia em minha direção. O oscilar da luz laranja refletida nos dentes entalhados na lâmina. Isso me lembrava, havia uma arma dentada assim... Um pedaço inútil de memória fluiu para a superfície de meus pensamentos parados. O que era aquilo? Era um item do tipo adaga vendido nas camadas médias de Aincrad. Acho que era chamado de «Quebrador de Espada». Se você aparar a arma inimiga na parte serrada detrás da lâmina, havia um pequeno bônus que aumentava a chance de destruir a arma dele. Como parecia interessante, coloquei a habilidade de adaga no espaço de habilidade e a usei por um tempo, mas não foi satisfatória por causa de sua baixa capacidade ofensiva.
A arma que Sugou segurava agora era ainda menor do que aquilo. Não poderia nem ser chamado de adaga. Não... Algo assim não poderia nem ser categorizado como arma. Era um item para trabalho diário. Não era algo que um espadachim usaria para lutar. Nas profundezas de meus ouvidos, escutei as palavras de Sugou de poucos segundos atrás. Não possui nenhum poder de verdade... Sim… isso mesmo, nem precisava ser dito. Mas quem você é para dizer que vai me matar, Sugou? Um mestre das habilidades com facas? Expert em artes marciais? Olhei atrás dos óculos de Sugou, seus pequenos olhos pareciam estar pintados na cor de sangue. Excitação. Loucura. Mas eles também tinham algo mais. Aqueles eram olhos de alguém tentando fugir. Eram os mesmos olhos de alguém que estava cercado por hordas de monstros em um calabouço, caindo em uma situação desesperadora e mortal, os olhos de alguém que golpeava com sua espada em frenesi, tentando interceptar a realidade. Esse cara é o mesmo que eu era. Continuando a buscar poder, mas incapaz de obtê-lo, apenas dando passos feios. —... Morra, pirralho! Os gritos de Sugou trouxeram minha consciência de volta do mundo se movendo lentamente. Levantei minha mão esquerda como um imã e peguei o punho direito de Sugou enquanto ele a abaixava. Estendi meu braço direito ao mesmo tempo e empurrei meu polegar no vazio de sua garganta além da gravata solta. — Guu!! Com um grunhido, Sugou se inclinou para trás. Torci meu corpo, agarrando a mão direita de Sugou com minhas duas mãos e batendo sua mão no asfalto congelado com toda minha força. Sua mão se soltou com um grito e a faca rolou pela rua. Guinchando como um apito, Sugou pulou em direção à faca. Dobrei minha perna direita, deixando-a voar, a sola do meu pé acertando seu maxilar. Tirei a faca e usei o tranco para levantar.
— Sugou... Uma voz tão horrivelmente rachada veio de minha garganta que nem pude acreditar ser minha própria. Pela luz em minha mão direita, senti a presença da fria, dura faca. Era uma arma pobre. Leve demais, sem alcance. — Mas é o suficiente para matá-lo. Após sussurrar, me virei para Sugou que olhava para mim com uma expressão vazia sentado no asfalto, então corri até ele ferozmente. Agarrei seu cabelo e cabeça em minha mão esquerda e bati na porta da van. Com um som fraco, o corpo de alumínio do carro se amassou, e seus óculos voaram. A boca de Sugou se abriu imensamente. Mirando em sua garganta, movi minha mão direita com a faca sem hesitar... — Guu… Uuu…! Parei meu braço aí, rangendo os dentes. — Iii! Hiii! Iiiiii! Sugou fazia o mesmo som que tinha naquele mundo há cerca de dez minutos ou mais, com aquele grito estridente. Era natural que esse homem morresse. Era natural que ele fosse julgado. Estaria tudo acabado se eu abaixasse minha mão direita com a faca. Era o fim das contas. O vencedor e perdedor seriam decididos. No entanto... Não sou mais um espadachim. Aquele mundo onde tudo era determinado pela habilidade de alguém com a espada já foi deixado há muito tempo no passado. — Hiiiii... De repente, os olhos de Sugou giraram para cima, expondo a parte branca. Seu grito parou, e todo seu corpo perdeu a força como uma máquina perdendo sua eletricidade.
A força também deixou minha mão. Deslizando de minha mão, a faca rolou sobre o estômago de Sugou. Também retirei minha mão esquerda e me levantei. Pensei que se tivesse que ver aquele homem por só mais um segundo, o impulso de matá-lo iria ferver e eu não seria capaz de resistir novamente. Arranquei a gravata dele e o rolei, e amarrei suas duas mãos atrás das costas. Coloquei a faca no teto da van. Virei meu corpo rapidamente, de volta em meu curso original. Então cambaleei, passo a passo, arrastando minhas pernas enquanto começava a correr pelo estacionamento. Levou por volta de cinco minutos para subir os largos degraus da entrada. Parei e respirei fundo. Olhei para meu corpo, que tinha conseguido controlar. Eu estava em um estado terrível, sujo de neve e areia. Os cortes em minha bochecha esquerda e braço direito pararam de sangrar aparentemente, mas ainda doíam. Parei na frente das portas automáticas. No entanto, não havia sinal delas se abrirem. Espiei pelo vidro, o saguão principal estava vagamente aceso, mas uma luz normal estava além do balcão de recepção. Olhei de lado a lado. Encontrei uma pequena porta giratória distante à esquerda, e felizmente ela se abriu quando eu a empurrei. Silêncio preenchia o prédio. Cruzei ordenadamente as fileiras de bancos que se alinhavam no vasto saguão. Ninguém estava do outro lado do balcão, mas do interior do posto de enfermagem adjacente, escutei uma conversa agradável. Rezando por uma voz decente, abri a boca. — Uhm... Com licença! Poucos segundos após minha voz ecoar, a porta se abriu e duas enfermeiras em uniformes verde claro apareceram. Ambas tinham expressões de suspeita em seus rostos que mudaram para choque quando deram uma boa olhada em mim. — O que aconteceu com você!?
A jovem enfermeira alta, com seu cabelo empilhado na cabeça, exclamou. Aparentemente, parecia ter mais sangue em meu rosto do que pensei. Apontei na direção da entrada e disse: “Fui atacado por um homem com uma faca no estacionamento. O deixei inconsciente no outro lado de um sedã branco.” Tensão passou pelo rosto das duas mulheres. A enfermeira mais velha operou uma máquina atrás do balcão, segurando um pequeno microfone perto do rosto. — Guardas, por favor, venham para o posto no primeiro andar imediatamente. Parecia ter um guarda no meio da patrulha por perto, e um homem em um uniforme azul escuro apareceu logo com seus passos apressados. A expressão do homem se agravou após escutar a explicação das enfermeiras. Falando em um walkie-talkie, o guarda passou pela entrada. A enfermeira mais jovem o seguiu. Após olhar a ferida em minha bochecha por um minuto, a enfermeira que ficou disse: — Você... pertence à família de Yuuki-san no vigésimo andar, certo? Esse é seu único ferimento? Parecia haver um pequeno mal entendido, mas assenti sem a força de vontade para corrigi-lo. — Entendo. Vou chamar o doutor neste instante, por favor, espere por mim aqui. Ela correu com um “tamborilar” assim que disse isso. Respirei fundo e olhei em volta. Confirmando que ninguém estava por perto, inclinei-me contra o balcão e agarrei um dos cartões de visitantes do dentro. Virei-me para a direção oposta da qual a enfermeira veio, para a ala hospitalar na qual passei muitas vezes antes, e fiz meus pés trêmulos correrem. O elevador tinha parado no primeiro andar. Quando pressionei o botão, a porta se abriu com um toque fraco. Inclinei-me contra a parede interna e pressionei o botão para o último andar. Embora a velocidade fosse lenta para um hospital, meu joelho quase se sentiu quebrado do pequeno peso extra. Mantive meu corpo em pé desesperadamente.
Após vários segundos de dor, o elevador parou e a porta se abriu. Sai do elevador para o corredor. O quarto de Asuna estava a apenas algumas dezenas de metros, mas a distância parecia interminável. Apoiei meu corpo, que estava prestes a desmaiar, na parede e avancei. Após virar à esquerda na passagem em forma de L, vi uma porta branca à minha frente. Caminhei, passo a passo. O mesmo que aquela vez... Quando voltei ao mundo real após o fim daquele mundo virtual cercado pelo pôr do sol, acordei em outro hospital, lutando para caminhar com pernas enfraquecidas. Em minha busca por Asuna, não havia nada além de caminhadas. Aquele corredor estava conectado a este lugar. Finalmente poderia encontrá-la. O momento chegou. Conforme a distância diminuía, os vários sentimentos em meu coração cresceram em ritmo alarmante. Minha respiração acelerou. As bordas de minha visão estavam borradas de branco. No entanto, eu não sucumbi à vontade de desmaiar ali. Caminhei. Movendo minhas pernas para frente atentamente. Não ciente de onde estava até pouco antes de alcançar a porta, parei de mover meus pés antes de colidir com ela. Asuna está logo adiante. Era a única coisa que eu podia pensar nesse ponto. Levantando minha trêmula mão direita, o cartão deslizou por minha mão por causa do suor. Peguei-o de volta e o inseri na ranhura na placa de metal desta vez. Segurando minha respiração, deslizei-o para baixo rapidamente. A luz da cor indicadora mudou e a porta se abriu com um som de motor. O cheiro de flores foi saiu levemente. A luz interna tinha sido diminuída. Uma fraca luz branca vinha da janela, refletida da neve do lado de fora.
O centro do quarto de hospital estava coberto por uma grande cortina. Havia uma cama de gel no outro lado. Eu não podia me mover. Não podia continuar. Não podia fazer um piu. De repente, uma voz inesperada sussurrou em minha orelha. Ei... ela está esperando por você. Senti uma mão empurrar meu ombro gentilmente. Yui? Suguha? Era a voz de alguém que me ajudou nos três mundos. Dei um passo com meu pé direito. Então outro passo, e então outro. Fiquei em frente às cortinas. Estendi a mão, agarrando as pontas. E então puxei. Com um som fraco, como o vento cruzando a campina, o véu branco balançou e flutuou. —... Ah. Um pequeno som saiu de minha garganta. Uma garota em leves roupas de exame médico que se pareciam com um leve vestido da cor da neve, sentada na cama com suas costas para mim, olhando pela janela escura do outro lado. Seu longo cabelo lustroso tremulando na luz da neve dançante. Suas duas mãos postas em frente ao corpo, segurando algo azul profundo em formato oval. NERvGEAR. A coroa de espinhos que prendia a garota terminou seus serviços e silenciou-se. — Asuna. Sussurrei em uma voz que mal fazia barulho. O corpo da garota se contraiu, movendo o cheio de flor no ar, e se virou. Ainda acordando de um grande sono, seus olhos castanhos estavam cheios de uma luz sonhadora enquanto ela olhava diretamente para mim.
Quantas vezes sonhei com isso? Quantas vezes rezei por isso? Um sorriso gentil emergiu de seus lábios úmidos e fracamente coloridos. — Kirito-kun. Esta era a primeira vez que escutei aquela voz. Era diferente da voz que eu escutava todo dia naquele mundo. No entanto, aquela voz que alcançou minha consciência, fazendo o ar tremer, fazendo minha audição tremer, era muito mais, várias vezes mais maravilhosa. Asuna removeu sua mão esquerda do NERvGEAR e o soltou. Só isso precisou de uma força considerável, e ela tremeu. Como se tocasse uma estátua de neve, eu, muito gentilmente, segurei aquela mão. Era dolorosamente pequena e fina. No entanto, era quente. Como se tentasse curar toda ferida, o calor infiltrou-se pelo contato. Perdi a força de minhas pernas inesperadamente, e confiei meu corpo à borda da cama. Asuna estendeu sua mão direita, tocando minha bochecha ferida gentilmente, ela inclinou sua cabeça, confusa. — Ah… a última batalha, realmente última, terminou há pouco tempo atrás. Acabou... Enquanto dizia isso, lágrimas transbordavam de meus dois olhos finalmente. Gotas caíram por minha bochecha, fluindo para o dedo de Asuna, e brilhando na luz da janela. —... Desculpe, não posso escutar direito ainda. Mas… Entendi, as palavras de Kirito-kun. Asuna acariciou minha bochecha com cuidado e sussurrou. Minha alma tremia enquanto escutava aquela voz. — Acabou... finalmente... finalmente... encontrei você. Lágrimas de brilho prateado desceram as bochechas de Asuna. Olhos aguados, olhando para os meus como se ela estivesse transmitindo seus sentimentos, e disse: — Prazer em conhecê-lo, sou Yuuki Asuna... Estou de volta, Kirito-kun. Respondi, parando o choro em minha garganta.
— Sou Kirigaya Kazuto... Bem vinda de volta, Asuna. Nossos rostos se juntaram e nossos lábios fizeram contato. Levemente. Então novamente. Com força. Coloquei meus braços em volta de seu delicado corpo e a abracei. A alma saiu em uma jornada. De um mundo para outro. Desta vida para a próxima. E ansiando por alguém. Chamando um ao outro fortemente. No passado, no grande castelo flutuando no céu, um jovem sonhando em ser um espadachim encontrou uma garota que cozinhava uma comida maravilhosa, e se apaixonou. Embora eles não existissem mais, seus corações, após uma jornada interminável, novamente se encontraram por fim. Enquanto eu acariciava as costas de Asuna, ela chorava, olhei com olhos cobertos de lágrimas pela janela. Na esvoaçante neve que aumentava, pensei ter visto duas sombras lado a lado. Uma, com duas espadas em suas costas e vestindo um sobretudo preto. A outra, vestida como uma cavaleira branca e vermelha, com uma rapieira pendurada na cintura. Eles sorriam, segurando suas mãos enquanto se viravam e desapareciam ao longe lentamente.

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